sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Brasil: O carro mais caro do mundo


Chevrolet Camaro SS: custa R$ 185 mil no Brasil, mas chilenos pagam o equivalente a R$ 89 mil, e americanos, R$ 54 mil


Quando pensamos sobre os altíssimos preços dos carros no Brasil, o principal culpado que vem em mente são os tributos. Todo mundo sabe que a carga tributária brasileira é muito elevada. Serão arrecadados em 2011, de acordo com o site Impostômetro, um total de 1,5 trilhões de reais, provenientes de impostos municipais, estaduais e federais pelo país. Isto, sem dúvida alguma, compromete o preço dos automóveis, que tem de pagar 30% em tributos. Entretanto existem alguns indícios sugerindo que a culpa por esse valor ser tão alto está, também, por trás do lucro das montadoras no Brasil. Em nenhum lugar do mundo (que possua uma economia forte e um PIB relevante) as montadoras lucram tanto quanto em nosso país.

Comparações**

Algumas comparações para ilustrar o quanto o brasileiro sofre mais que em outros países na hora de comprar um carro:

• Volkswagen Jetta: Importado do México, sedã é vendido no Brasil com preço inicial de R$ 65.700; na origem, carro custa o equivalente a R$ 32.500
• Honda Civic LXS: No Brasil, sedã básico é vendido por R$ 66.660; na Argentina, R$ 42.680; nos EUA, nova geração do carro começa em R$ 24.900
• Novo Ford Fiesta: Importado do México, sedã começa em R$ 50.700 por aqui; mexicanos pagam R$ 28 mil e argentinos, R$ 32.460
• Volkswagen Gol I-Motion: Fabricado no Brasil, hatch automatizado custa R$ 46 mil por aqui; no Chile, sai por apenas R$ 29 mil
• Toyota Corolla: custo do sedã mais básico começa em R$ 59.400 no Brasil; na Argentina, cai para R$ 34.176; nos EUA, é de apenas R$ 24.380

Por quê? Os principais argumentos das montadoras para justificar o alto preço do automóvel vendido no Brasil são a alta carga tributária e a baixa escala de produção. Outro vilão seria o “alto valor da mão de obra”, mas os fabricantes não revelam quanto os salários – e os benefícios sociais – representam no preço final do carro. Muito menos os custos de produção, um segredo protegido por lei.
A indústria automobilística culpa também o que chama de Terceira Folha pelo aumento do custo de produção, isto é: gastos com funcionários, que deveriam ser papel do estado, mas que as empresas acabam tendo que assumir, como condução, assistência médica e outros benefícios trabalhistas.

Alta carga tributária?!

De 1997 até agora, o carro popular teve um acréscimo de apenas 0,9 ponto percentual na carga tributária, enquanto nas demais categorias de carros o imposto não cresceu, diminuiu: o carro médio a gasolina, por exemplo, paga 4,4 pontos percentuais a menos do que em 1997. O imposto da versão álcool/flex caiu de 32,5% para 29,2%. No segmento de luxo, a taxação também é menor em 0,5 ponto no carro e gasolina (de 36.9% para 36,4%) e 1 ponto percentual no álcool/flex.
Enquanto isso, a carga tributária total do País, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, cresceu de 30,03% no ano 2000 para 35,04% em 2010. Quer dizer, o imposto sobre veículos não acompanhou esse aumento. Não é um motivo para argumentar que o imposto brasileiro sobre carros continua astronômico. Assim como no futebol, é difícil bater o Brasil quando o quesito é imposto.
Isso sem contar as ações do governo, que baixaram o IPI (no caso dos carros 1.0, o IPI foi totalmente retirado) durante a crise econômica. A política de incentivos durou de dezembro de 2008 a abril de 2010, reduzindo o preço do carro em mais de 5% sem que esse benefício fosse realmente repassado para o consumidor.


Mesmo sem imposto, carros continuariam caros

Mas mesmo se descontássemos as pilhas de impostos que incidem sobre o preço dos veículos no Brasil, correspondente a 30,4% do valor (nos EUA a “mordida” é de 6,1%), nosso carros ainda seriam mais caros.É o que indica uma matéria do jornal Estado de São Paulo os dados das empresas automobilísticas e da Anfavea, a associação dos fabricantes de veículos instalados no País.
O Chevrolet Malibu, por exemplo, custa a partir de R$ 89.900 no Brasil. Tirando IPI, ICMS e PIS/Cofins, o valor poderia cair para R$ 57.176. Mesmo assim, estaria mais caro do que nos Estados Unidos, onde carro sai por R$ 42.300, já com os impostos, para o consumidor de Nova York.
O Ford Focus Sedan está em situação semelhante. Sem impostos, o preço poderia cair de R$ 56.830 para R$ 39.554 no Brasil. Porém, em nova York esse veículo custa R$ 30.743 (já com a tributação).


Novo Ford Fiesta: Importado do México, sedã básico começa R$ 50.700 por aqui; mexicanos pagam R$ 28 mil e argentinos, R$ 32.460


Baixa escala de produção?!

Com um mercado interno de um milhão de unidades em 1978, as fábricas argumentavam que seria impossível produzir um carro barato. Era preciso aumentar a escala de produção para, assim, baratear os custos dos fornecedores e chegar a um preço final no nível dos demais países produtores.
Pois bem: o Brasil fechou 2010 como o quinto maior produtor de veículos do mundo e como o quarto maior mercado consumidor, com 3,5 milhões de unidades vendidas no mercado interno e uma produção de 3,638 milhões de unidades.
Pergunta pertinente: Três milhões e meio de carros não seria um volume suficiente para baratear o produto? Quanto será preciso produzir para que o consumidor brasileiro possa comprar um carro com preço equivalente ao dos demais países?
Segundo Cledorvino Belini, presidente da Anfavea, “é verdade que a produção aumentou, mas agora ela está distribuída em mais de 20 empresas, de modo que a escala continua baixa”. Ele elegeu um novo patamar para que o volume possa propiciar uma redução do preço final: cinco milhões de carros.


Montadoras e as grandes margem de lucro

As montadoras têm uma margem de lucro muito maior no Brasil do que em outros países. Uma pesquisa feita pelo banco de investimento Morgan Stanley, da Inglaterra, mostrou que algumas montadoras instaladas no Brasil são responsáveis por boa parte do lucro mundial das suas matrizes, e que grande parte desse lucro vem da venda dos carros com aparência “Off Road”.
Derivados de carros de passeio comuns, esses carros ganham uma maquiagem e um estilo aventureiro. Alguns têm suspensão elevada, pneus de uso misto, estribos laterais. Outros têm faróis de milha e, alguns, o estepe na traseira, o que confere uma aparência mais esportiva.
Estes carros são altamente lucrativos para as montadoras: a Morgan Stanley estima que o custo de produção desses carros, como o CrossFox, da Volks, e o Palio Adventure, da Fiat, fica entre 5 a 7% acima do custo de produção dos modelos dos quais derivam: Fox e Palio Weekend. Mas são vendidos entre 10% a 15% mais caros.
O analista Adam Jonas, responsável pela pesquisa, concluiu que, no geral, a margem de lucro das montadoras no Brasil chega a ser três vezes maior que a de outros países.


O exemplo do Honda City

O Honda City é um bom exemplo do que ocorre com o preço do carro no Brasil, e do lucro acumulado pelas montadores. Ele foi analisado em matéria feita pelo jornalista Joel Leite, do site Auto Informe. Fabricado em Sumaré, no interior de São Paulo, ele é vendido no México por R$ 25,8 mil (versão LX, versão básica).
Neste já preço está incluído o frete até o país, correspondendo a R$ 3,5 mil, e a margem de lucro da revenda, em torno de R$ 2 mil. Restam, portanto R$ 20,3 mil.
No Brasil, indica Joel Leite, adicionam-se os custos de impostos e distribuição aos R$ 20,3 mil, que equivalem a R$ 16.413,32 de carga tributária (de 29,2%) e R$ 3.979,66 de margem de lucro das concessionárias (neste caso de 10%). A soma resulta em R$ 40.692,00.
Considerando que nos R$ 20,3 mil contabilizados com a venda do carro ao México a montadora já teve sua margem de lucro, o “Lucro Brasil” (ou adicional) abocanhado pela montadora é de R$ 15.518,00 correspondente aos R$ 56.210,00 (preço que o carro é vendido no Brasil) menos R$ 40.692,00.
Isso sem considerar que o carro “básico” que vai para o México tem muito mais equipamentos de série que o “básico” brasileiro: freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, airbag duplo, ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos. O motor é uma das poucas semelhanças que equipa a versão vendida no Brasil.



Volkswagen Gol I-Motion: Fabricado no Brasil, hatch automatizado custa R$ 46 mil por aqui; no Chile, sai por apenas R$ 29 mil


“O que vale é o preço que o mercado paga”

Mesmo lembrando que Brasil e México possuem um acordo comercial que isenta a cobrança de impostos de importação, fica a pergunta: Como é possível um carro fabricado no Brasil ser vendido, com lucro, por menos da metade do preço em outro país? Na Argentina, nossos vizinhos, a situação se repete. A versão básica do Honda City (LX), com câmbio manual, airbag duplo e rodas de liga leve de 15 polegadas, custa a partir de US$ 20.100 (R$ 35.600)
E será possível que a montadora tenha um lucro adicional de R$ 15,5 mil num carro que é brasileiro, e ninguém fale nada? Ouvido pelo site AutoInforme (do UOL), o presidente mundial da Honda, Takanobu Ito, confessou que, retirando os impostos, o preço do carro no Brasil é mais caro que em outros países. Isso ocorreria porque “no Brasil se pratica um preço mais próximo da realidade. Lá fora é mais sacrificado vender automóveis”.
Ito disse que o fator câmbio pesa na composição do preço do carro no Brasil, mas lembrou que o que conta é o valor percebido. “O que vale é o preço que o mercado paga”. Ou seja, ainda que o preço seja alto, há quem pague, e pague bem.
E porque será que o consumidor brasileiro paga mais do que os outros? O presidente da Honda não sabe. “Eu também queria entender , a verdade é que o Brasil tem um custo de vida muito alto. Até os sanduíches do McDonalds aqui são os mais caros do mundo”.


Concluindo...

Independente do preço final , 30% é uma tributação muito alta para um carro, isto é inegável. Ainda que nos últimos tempos o governo e os bancos tenham criado certos incentivos para teoricamente tornar mais fácil a compra de veículos, esses incentivos são tão pequenos comparados com a realidade brasileira que parecem uma piada. Fora o fato de, pelo carro ser astronomicamente caro, a pessoa que pensa em comprar um carro em nosso país tem que pensar também nas dezenas de prestações com juros altíssimos a pagar, que fazem com que o valor final do carro torne-se quase o dobro do preço original. Ou seja: um americano compra um Honda Civic a vista por R$25 mil, enquanto no Brasil o mesmo carro (que por aqui custa R$ 66 mil) sairá por mais de R$ 100 mil depois de 36 parcelas com juros.
E por isso que outro grande culpado pelo alto preço dos automóveis (além dos altos impostos, juros e da ganância das montadoras) é o próprio povo brasilieiro. Há muito tempo que os preços não são definidos pelo custo do produto. É mercado consumidor quem define o preço. Por que as montadoras baixariam os preços dos carros se continuamos pagando uma fortuna por eles? E ainda tem muita gente que quase sente tesão em pagar mais de R$ 100 mil por um carro: não só pelo conforto, estilo e segurança que esses carros trazem, mas sim para mostrar seu poder as demais pessoas.
É claro que, para os que tem condições, é difícil deixar de comprar para baixar esses preços, pois muita gente precisa de um carro. Nosso sistema de transporte público é precário e andar de moto ou bicicleta torna-se cada dia mais perigoso. Mas é possível passar um ou dois anos a mais com seu automóvel antes de trocá-lo. Ou até, quando for comprar outro veículo, opte por um semi-novo. Além de ajudar seu bolso, ainda pressionará as montadoras a baixar os preços dos carros novos.



*Com informações dos sites Auto Informe (UOL), Estadão, BBC Brasil e Wikipedia
**Valores baseados em junho de 2011

sábado, 24 de dezembro de 2011

A história do Papai Noel


Papai Noel só começou a beber Coca-Cola em 1931; antes, preferia suco de amoras

*publicado no jornal A FOLHA(Torres, 23/12/11)

Dia 25 de dezembro é dia de Natal, celebração do nascimento de Jesus Cristo, tempo de renovação e esperança. Ainda por cima é uma data próxima ao ano novo, recheada de expectativas, e as pessoas tornam-se contagiantemente mais afetuosas umas com as outras, multiplicam-se desejos de paz, saúde, felicidade e amor. E em meio a toda esta bela história, surge um velhinho gorducho e em roupas vermelhas fumando, tomando Coca-Cola e incitando o desejo de consumir no coração das pessoas.

A difusão do cristianismo e do Natal

O Natal é uma data em que comemoramos o nascimento de Jesus Cristo. Foi no século IV que o 25 de dezembro foi estabelecido como data oficial de comemoração. Começou com o imperador Constantino que acabou, entrando na história como primeiro imperador romano a professar o cristianismo, na seqüência de uma vitória militar decorrente da inspiração divina de Jesus Cristo. Segundo a tradição, na noite anterior à batalha, ele sonhou com uma cruz, e nela estava escrito em latim: In hoc signo vinces”— "Sob este símbolo vencerás".
De manhã, um pouco antes da batalha, Constantino teria mandado que pintassem uma cruz nos escudos dos soldados e, com a graça de Cristo, conseguiu uma vitória esmagadora sobre o inimigo. A partir deste fato, Constantino legalizou e apoiou fortemente a cristandade, mas também não tornou o ilegal o paganismo (religião politeísta vigente na época) ou fez do cristianismo a religião estatal única. O cristianismo tornaria-se religião oficial do império romano em 380 d.C., a partir de decreto do Imperador Teodósio I, popularizando-se então pela Europa e Ásia. A partir dai, também ficava oficialmente estabelecido o 25 de dezembro como data de nascimento de Jesus
Na Roma Antiga (bem como em diferentes locais no Hemisfério Norte) o 25 de dezembro era a data em que se comemorava também o início do inverno. Portanto, acredita-se que haja uma relação estrita deste fato com a oficialização da comemoração do Natal.
As antigas comemorações de Natal costumavam durar até 12 dias, pois este foi o tempo que levou para os três reis Magos chegarem até a cidade de Belém e entregarem os presentes (ouro, mirra e incenso) ao menino Jesus. Atualmente, as pessoas costumam montar as árvores e outras decorações natalinas no começo de dezembro e desmontá-las até 12 dias após o Natal.
Enfim, a verdade é que, passados milênios desde as primeiras comemorações pagãs primitivas, o nascimento de Jesus e a difusão do Cristianismo pelo Império Romano, hoje existe um personagem que é mais popular que mitos e lendas religiosos no Natal. Ele surgiu também a partir da religião católica, mas se propagou como um dos mitos mais adorados do mundo por meio da publicidade de um refrigerante
Trata-se dele mesmo, o bom velhinho: Papai Noel

São Nicolau: a inspiração

A lenda do Papai Noel pode ter se baseado a partir de contos diversos pelo mundo, sobre a figura histórica de São Nicolau. Uma história quase idêntica é atribuída, no folclore grego e bizantino, a Basílio de Cesareia (fato pelo qual gregos e cristão ortodoxos costumam celebrar a traça de presentes no dia 1º de janeiro, dia de São Basílio).
Mas pelo que foi popularmente difundido até os dias de hoje, o personagem foi inspirado em São Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira (na Turquia), que viveu durante o século IV. Nicolau costumava ajudar, anonimamente, quem estivesse em dificuldades financeiras. Colocava o saco com moedas de ouro na chaminé das casas dos necessitados. Também era muito bondoso com as crianças carentes, e costumava distribuir presentes no final de ano para aquelas que se comportassem bem.
Foi declarado santo depois que muitos milagres lhe foram atribuídos. De São Nicolau, temos um grande número de relatos e histórias, mas é difícil distinguir as autênticas das abundantes lendas que germinaram sobre este santo muito popular. Sua transformação em símbolo natalino aconteceu na Alemanha, e daí correu o mundo inteiro: mitificou-se o Papai Noel, um velhinho corado de barba branca, trazendo nas costas um saco cheio de presentes.


Caricatura de Thomas Nast que popularizou o Papai Noel gordo, em vermelho e fumante


O trenó de renas e a chaminé

Uma das pessoas que ajudaram a dar força à lenda do Papai Noel como conhecemos hoje foi Clemente Clark Moore, um professor de literatura grega de Nova Iorque. Ele lançou o poema intitulado “Uma visita de São Nicolau”, em 1822, escrito para seus seis filhos. Nesse poema, Moore divulgava a versão de que São Nicolau viajava num trenó puxado por renas. Moore descrevia São Nicolau como “um elfo gordo e alegre”. Ele também ajudou a popularizar outras características do bom velhinho, como o fato (português brasileiro) dele entrar pela chaminé.
O caso da chaminé, inclusive, é um dos mais curiosos na lenda de Papai Noel. Alguns estudiosos defendem que isso se deve ao fato de que várias pessoas tinham o costume de limpar as chaminés no Ano Novo para permitir que a boa sorte entrasse na casa durante o resto do ano.
Mas, estudando o poema de Moore, várias tradições foram buscadas por diversas fontes, e a verdadeira explicação da chaminé teria vindo da Lapônia, na Finlândia (onde seria a casa do Papai Noel). Os antigos lapões viviam em pequenas tendas, semelhantes a iglus, que eram cobertas com pele de rena. A entrada para essa casa era um buraco no telhado, e daí veio a idéia do Papai Noel entrando pela chaminé.

Coca Cola e a popularização do Papai Noel

É amplamente divulgado pela internet e por outros meios que a Coca-Cola seria a responsável por criar o atual visual do Papai Noel (roupas vermelhas com detalhes em branco e cinto preto), mas é historicamente comprovado que o responsável por sua roupagem vermelha foi o cartunista alemão Thomas Nast, em 1886 na revista Harper’s Weeklys, em edição especial de Natal.
Papai Noel até então era representado com roupas de inverno, porém na cor verde (com detalhes prateados ou brancos). Em 1931, a Coca-Cola realizou uma grande campanha publicitária vestindo Papai Noel ao mesmo modo de Nast, com as cores vermelha e branca, o que foi bastante conveniente, já que estas são as cores de seu rótulo. Tal campanha, destinada a promover o consumo de Coca-Cola no inverno (período em que as vendas da bebida eram baixas, na época), fez um enorme sucesso e a nova imagem de Papai Noel espalhou-se rapidamente pelo mundo. Portanto, a Coca-Cola contribuiu para difundir e padronizar a imagem atual, mas não é responsável por tê-la criado.

A popular lenda do Bom Velhinho

Conforme a lenda, Papai Noel mora no Extremo Norte, numa terra de neve eterna. Na versão americana, ele mora em sua casa no Polo Norte, enquanto na versão britânica frequentemente se diz que ele reside nas montanhas de Korvatunturi na Lapônia, Finlândia. Papai Noel vive com sua esposa Mamãe Noel, incontáveis elfos mágicos e oito ou nove renas voadoras.
Outra lenda popular diz que ele faz uma lista de crianças ao redor do mundo, classificando-as de acordo com seu comportamento, e que entrega presentes, como brinquedos ou doces, a todos os garotos e garotas bem-comportados no mundo, e às vezes carvão às crianças mal-comportadas, na noite da véspera de Natal. Papai Noel consegue esse feito anual com o auxílio de elfos, que fazem os brinquedos na oficina, e das renas voadoras que puxam o trenó.


O bom velhinho fumava Lucky Strike, mas também apreciava os cigarros Pall Mall

A casa do Papai Noel e sua residência de verão no Brasil

Nos países do Norte da Europa, diz à tradição que o Papai Noel não vive propriamente no Pólo Norte, mas sim na Lapônia, mais propriamente na cidade de Rovaniemi. Nesta cidade,realmente existe o "escritório do Papai Noel", bem como o parque conhecido como "Santa Park", que se tornou uma atração turística do local. Criou-se inclusive um endereço oficial como a residência do Papai Noel, abaixo subscrito:

Santa Claus
FIN-96930 Arctic Circle
Rovaniemi - Finlândia
http://www.santaclausoffice.fi

Em função disso, a região de Penedo, distrito de Itatiaia, no Rio de Janeiro, que é uma colônia finlandesa, se auto-declarou como a "residência de verão" do Papai Noel. Há ainda, na cidade de Gramado-RS, a Aldeia do Papai Noel.

sábado, 26 de novembro de 2011

Gengis Khan: O bárbaro estrategista



Temudjin, mais conhecido como Gengis Khan, o bárbaro mongol, viveu de 1162 a 1227 Ele nasceu cercado de lendas xamânicas sobre a vinda de um lobo cinzento que devoraria toda a Terra, e constituiu o maior império da história que a história já viu. Um dos grande gênio militares da história, valeu-se da inteligência, estratégia e disciplina para se tornar uma imagem de inspiração, um mito dos antigos cavaleiros guerreiros.

De Temudjin a Gengis Khan

Ainda que tivesse descendência nobre, na época do nascimento de Temudjin os mongóis estavam divididos em diversas tribos e clãs, cada uma governada por um cã, ou "Senhor", que impunha-se mais pela força do que pela descendência nobre. Como quase todos os mongóis, Temudjin provavelmente tinha sido treinado como arqueiro montado desde muito jovem. A habilidade na montaria, comandada apenas com os joelhos, e a destreza no arco e flecha, aliada a uma vida dura nas estepes, tornavam os guerreiros mongóis muito temidos e respeitados.
Ainda jovem, Temudjin enfrentou a rejeição de sua família por seu próprio clã, do qual teve de fugir após a morte do pai. Mas anos depois ele voltaria para conquistar sua liderança, e baseado nas tradições, genialidade militar e numa presença divina (diz o mito que era iluminado pelo Deus do Trovão, Tengri) Temudjin derrotou todos os seus rivais de clãs distintos, inspirou respeito e disciplina ao seu exército cada vez mais crescente, e unificou os povos mongóis sob seu comando para, assim, tornar-se o Gengis Khan, o “Comandante dos Comandantes”. Criou-se uma hierarquia administrativa e militar, e um exército foi treinado e organizado.


O temido e respeitado exército de Gengis Khan


Gengis Khan criou táticas de guerra revolucionárias para as batalhas nas estepes. Seu exército era disciplinado, temido e impiedoso. A arma tradicional dos mongóis era o arco e flecha curvo, que tinha um alcance de 500 metros, com isso tornou obrigatório o treinamento dessa arma. Os cavaleiros eram treinados para atirar a flecha com o cavalo em movimento.
Um detalhe era que, para maior precisão, a flecha era disparada no momento em que o cavalo estivesse em pleno galope. Esses cavaleiros, os chamados mangudais, eram uma arma poderosa contra infantaria inimiga, já que juntavam três princípios: arco e flecha, excelente pontaria e cavalaria, ou seja, um mangudai poderia ser rápido e preciso para atingir os inimigos mesmo estando longe. O arco curvo mongol era a mais devastadora arma

Tradição, disciplina e eficiência



O exército mongol funcionava com precisão e eficiência admiráveis. Organizava-se em dezenas, formados por dez homens que atuavam juntos em combate, saque ou obtenção de suprimentos. A cada dez dezenas havia um chefe. A cada cem dezenas de homens, havia um Kan, um líder. E cada 10 mil guerreiros formavam uma “horda” que era dirigida por um general submisso ao "Grande Khan".
Aprendiam a montar e a utilizar as armas ainda quando crianças, em especial o arco composto. Todos os homens não incapacitados deviam, até os 60 anos, participar da caça e da guerra. Dessa maneira, o exército mongol de Gengis Khan reunia, literalmente, a totalidade da população masculina adulta.
Os mongóis combatiam sob um restrito código de disciplina. O abandono de um companheiro na batalha era castigado com a morte. Genghis Khan organizou seu exército de uma forma espetacular, seguindo um sistema decimal, (10 / 100 / 1000 / 10.000). A unidade de 10.000 homens era a maior unidade combatente, como uma divisão moderna, capaz de manter por si só uma prolongada luta, poderosos por sua disciplina, quase invencíveis... e cruéis.

Crueldade bárbara

Os guerreiros mongóis eram especialistas em emboscadas e ataques de surpresa. Os chefes de seu exército faziam grande uso de patrulhas de reconhecimento e de movimentos sincronizados para atacar o inimigo em desvantagem. Os povos conquistados, como os tártaros e os Merkits, eram desagregados e divididos em unidades de 100 guerreiros. Assim, eles não teriam forças para constituir uma ameaça organizada para a família reinante.
Os mongóis fizeram uso exaustivo do terror. Se a população de uma cidade era massacrada depois de sua captura, era mais provável que a próxima cidade se rendesse sem luta. Iam se rendendo, cidade após cidade, ante a chegada do exército mongol. Genghis Khan, não construiu o maior império da história apenas com força bruta e matanças. Também era um grande estrategista, brilhante e bárbaro governante, e um terrível vingador.

Meio mundo sobre o controle mongol

Os mongóis formam um grupo étnico que habita as estepes da Ásia Central. Sua existência é documentada desde o século VIII. Os mongóis formaram sociedades complexas na Idade Média e, seguindo os passos dos hunos (seus predecessores em mil anos) eles esculpiram um dos maiores impérios que o mundo já viu. No seu auge, o império mongol alcançava terras na Coréia, através da Ásia, seguindo adentro da Rússia européia até a costa do Mar Báltico. Eles possuíram a maioria da Ásia Menor, o atual Iraque, atual Irã, Afeganistão, Paquistão, Tibete, partes da Índia, partes de Burma, toda a China e partes do Vietnã

Gengis Khan, o grande Khan

Começando com apenas cerca de 25.000 guerreiros,,Gengis Khan adicionou forças unindo nômades e atacando a parte norte da China em 1211. Sua ambição era a de acabar com o Império Jin( Nordeste da China) que por muitos séculos impedia o crescimento das tribos mongóis. E ele cumpriu com sua meta, e continuou com sua expansão de conquistas, massacres e escravidão dentro da China. Tomou Pequim em 1215 após uma campanha que custou cerca de 30 milhões de vidas chinesas.
Os mongóis então viraram para o oeste, rumo ao vez do império da Corásmia, cujos domínios incluíam os atuais Uzbequistão, Quirguistão, Turcomenistão, Tajiquistão e Afeganistão. Vitorioso em 1220, o exército mongol havia conquistado cidades como,Samarcada e Bukhara, ricas por serem pontos comerciais chaves na Rota da Seda. As cidades foi transformada em ruínas fumegantes, e todos os seus habitantes, mortos.



Os descendentes, expansionismo e queda

Após a morte de Genghis Khan em 1227, seu filho Ogedei completou a conquista do norte da China, e seguiu para a Europa. Ele destruiu Kiev em 1240 e avançou para a Hungria. Quando Ogedei morreu, em campanha militar, no ano de 1241, o exército inteiro recuou para que fosse tomada a decisão da sucessão. A Europa foi poupada enquanto os dirigentes mongóis concentravam seus esforços no Oriente Médio, e sul da China.
Hulagu, neto de Genghis Khan, exterminou os haxaxim (origem da palavra assassino) muçulmanos e tomou a capital islâmica, Bagdá, em 1258. A maioria dos 100.000 habitantes foram mortos. Em 1260 um exército Muçulmano de Mamelucos Egípcios (guerreiros-escravos de alta posição social) derrotou os mongóis onde hoje é Israel, terminando com a ameaça mongol contra o Islã e suas cidades sagradas. Kublai Khan, outro neto de Genghis Khan, completou a conquista da China em 1279, estabelecendo a dinastia Yuan no gigantesco país.
Uma das tentativas de invasão do Japão foi vencida pela Marinha, e outra por um furacão que mais tarde veio a ser conhecido como Kamikaze (vento divino), em 1274 e 1281. As derrotas contra o Japão desmoralizaram o então motivado Império MongolEm 1294, Kublai Khan morreu na China, e o poder mongol começou a declinar em todas as partes.

O legado de um mito

Contam as lendas que todos os envolvidos no enterro de Gengis Khan foram mortos para manter em segredo o local onde ele foi enterrado. E esse local realmente jamais foi encontrado. Na Mongólia atual, Gengis Khan é considerado o herói máximo e o pai daquela nação, cujo culto à imagem jamais se deixou apagar, mesmo durante o regime comunista
Um estudo realizado em 2002 concluiu que 8% da população da região anteriormente ocupada pelo Império Mongol, uma área entre o oceano Pacífico e o Mar Cáspio (o que corresponde a 0,5% da população mundial) podem ser descendentes de Gengis Khan. Um outro estudo de 2007 afirma que 35% dos atuais mongóis são descendentes de Gengis Khan


*Com informações dos sites Wikipédia, UOL e Só História

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Arnold Franz Walter Schönberg


Estava na faculdade, na internet, pesquisando sobre coisas, marquei um copiar para um texto sobre Taoismo e, quando fui colar o texto, sei lá como, me apareceu este nome:Arnold Franz Walter Schönberg. Não sabia quem era Arnold Franz Walter Schönberg, nem tenho idéia sobre que obscuras conexões eletrodigitais estabeleceu o mouse para chegar ao nome de Arnold Franz Walter Schönberg, mas não tem sentido ficar pensando em coisas que fazem pouco sentido, entido, ntido, tido, ido, do ,o

Arnold Franz Walter Schönberg, ou Schoenberg, (Viena, 13 de setembro de 1874 — Los Angeles, 13 de julho de 1951) foi um compositor austríaco de música erudita e criador do dodecafonismo, um dos mais revolucionários e influentes estilos de composição do século XX.
Suas primeiras obras, apesar de ligadas à tradição pós-romântica, já prenunciavam um método composicional inovador, que evoluiu para a atonalidade e, mais tarde, para um estilo próprio, o dodecafonismo. Schönberg foi também pintor e importante teórico musical, autor de Harmonia e Exercícios Preliminares em Contraponto.


*da wikipedia

domingo, 9 de outubro de 2011

Hoje em dia tudo é arte, até BOSTA é arte


O mundo babando devagar
Nem frango, nem água pra beber
Nem sapo, nem farpas pra tirar
Nem vulvas, nem tetas na TV
Os mantras derramados sem pão
Novelas digeridas sem lei
Os morangos chapando o melão
E as rosas pulando por ai

As rosas pulando por ai
As rosas pulando por ai
As moscas debulhando por aqui
As rosas pulando por ai

Blábláblá blábláblá
As rosas pulando por ai
Blábláblá blábláblá
As rosas pulando por ai
Blábláblá blábláblá
As Moscas debulhando por ai
Blábláblá blábláblá
As dermatites flopeando por ai
Blébléblé blíblíblú
Os vértices envergando sucuris
Bláblôblé Blíblócú
Vazando gonorréia do teu alho
Kakaka vagem suicida
Cantando belas noites de amor
Teor de cafeína, bonde do querolho
Quem gosta de xarope conta mil quinhentos e dois
E dizimais, e dizimais, e dizimáááááis
Seeeeeeerrote reeeeeeeeefogado
Falalange fooooooragida
Zanzando, zunindo em Zanzibar



Zambandos zamoras por ai
Zerto das zabedorias zorológicas
Dos zorrilhos zumbizugas
Das zordas zombeteiras
Das zexuberantes zebras
Das zenzazionalizimas zenhoraz zozimais zebrizando zanzicos zózicos.
Te deterás
Te deterás
E não lera mais essa porra aquiiiiiiili
halafretocultiração
Vaaaaaaaai ler sim, vaaaaaai ler sim
Por que senão tu vai dizer
paaaaara ti mesmo, ooooomsem it arap
que não leu isso aqui
e vai ficar pensando
porque não
covarde
covarde
covarde
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh



São 18 besouros interagindo simultaneamente a cada 30 minutos. As inscrições acontecem de hora em hora, são gratuitas e dão direito a uma degustação ao final de cada sessão. Quem mais pontos fizer, derrubando os postes da cor CERÂMICA, ganha o ANEL DE DARDOS. O ANEL DE DARDOS possibilita que o jogador A questione ao jogador B, se C e D podem revesguiar a rodada. C e D, por sua vez, terão a chance de girar a RODA VERTIGINOSA, e o jogador que mais próximo chegar do PAVÃO SATURNO na roleta, consuma a participação no seu time do pronônimo SERAMINÔN. SERAMINÔN libera na atmosfera do jogo GASES DIMENSIONAIS DE AGHAS, que concluem a primeira fase do que quer que se imagine querer ou do que quer que se imagine imaginar....................



.........................Bergers! Castelyn è desgrûtri famalonsi naster. Das caridas necomynas vi dargûspitale tucá. Fasky resrà das Valim-Yoran carestidon va puti. Parakumû Porumbá! Parakumû Porumbá!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Procrastinação e você: tudo a ver!



- Publicada no jornal A FOLHA*


Bem, já estou querendo fazer esta matéria sobre procrastinação há cerca de um mês, mas no final das contas sempre deixo pra depois. Tenho um prazo de uma semana para fazer a apuração de dados, entrevistar algumas pessoas, achar uma maneira interessante de reportar o assunto... É um bocado de tempo, e eu sei que, se mantivesse o mínimo de foco, poderia elaborar uma boa matéria num só dia. Poderia ser até agora, mas porque fazer agora se eu posso deixar para depois? Essa é a filosofia do procrastinador, pessoa que tem o costume de adiar suas atividades, empurrar com a barriga. Embora a procrastinação seja considerada normal, ela se torna um problema quando impede o funcionamento normal das ações.

Estudar para a prova ou ficar de bobeira no Facebook? Limpar a casa ou assistir TV? Fazer o relatório que o chefe pediu ou tomar umas cervejas com os amigos? Nossa vida está sempre marcada por escolhas, o problema é que algumas decisões que tomamos podem nos colocar em situações complicadas. O tempo terminou e o relatório não está pronto.... dizer a verdade para o chefe ou inventar que sua querida tia-avó Leonora faleceu no final de semana, o que fazer? Um pesquisador canadense pesquisou o assunto por 05 anos, e chegou a conclusão que 95% das pessoas do mundo são procrastinadores ativos. Olha, sinceramente queria conhecer estes 5% que nunca deixam uma atividade para depois, porque esses devem ser verdadeiras máquinas, com seus cérebros perfeitamente esquematizados (e provavelmente uns grandiosos chatos).

A palavra vem do latim procrastinare, que é a união do prefixo pro (encaminhar) e castinus (amanhã). Ou seja: enrolar. A população da Roma antiga já utilizava o termo. Na época, o ato de procrastinar parecia refletir a noção de que, o adiamento da ação ou da tomada de decisão, poderia ser algo necessário e até sábio. Provavelmente porque implicava um processo de tomada de decisão complexo, o qual se opunha a comportamentos impulsivos. Pode até ser verdade, se aplicada de uma forma produtiva, a procrastinação serviria para que nossas decisões fossem feitas a partir de uma reflexão maior, nossos trabalhos seriam cumpridos nos momentos mais oportunos... mas havia uma coisinha que os pensadores da antiguidade estavam longe de saber, e que fez a procrastinação se tornar-se uma vilã do século XXI: A internet.

Internet: A maravilha do procrastinador

A realidade é que a procrastinação nunca foi tão presente em nossas vidas desde que o acesso ao mundo virtual tornou-se um costume diário de boa parte da população.Com a internet, ficou irresistível não enrolar. Pelo computador, temos acesso imediato e quase gratuito a uma indústria infinita de entretenimento, vídeos, blogs, redes sociais. "A internet é muito positiva para mim pois abre as janelas do mundo, você pode pesquisar qualquer coisa e ficar atento em tudo que está acontecendo, ter idéias novas. Mas também sei que perco muito tempo conversando com amigos no Facebook e no MSN, enquanto eu poderia estar usando esse tempo para estudar ou fazendo qualquer outra coisa mais produtiva", indica o estudante de direito Marco Zannon, 25 anos.




As pessoas tendem naturalmente a procrastinarem a dieta, a arrumação dos armários, relatórios, estudos, check-up médico, entrega da declaração do Imposto de Renda (mais da metade dos contribuintes entrega a declaração nos últimos dias, apesar do prazo de dois meses para isso) e outras coisas que, convenhamos, podem ser bastante aborrecedoras. Por outro lado a maioria das pessoas não deixa para depois a realização de atividades prazerosas, tais como comer, beber, transar, assistir filmes, ouvir música e assim por diante. Jogar um futebolzinho com amigos não é procrastinado, enquanto fazer o mesmo esforço físico em academia de ginástica tem uma enorme chance de ser protelado. Psicologicamente, os prazeres valorizam o agora: vadiar primeiro e trabalhar depois. Atender às obrigações requer um empenho especialmente motivado por conceitos culturais do dever.

Outro motivo para trabalharmos sempre enforcados pelo prazo pode ser justamente ele: o prazo. Com uma rotina onde nos acostumamos com datas-limite para entregar ou realizar trabalhos, a procrastinação surge como uma espécie de luta entre o tempo psicológico, estabelecido pelos nossos desejos, e o social, marcado pelo relógio. " Neste momento sou um exemplo vivo da procrastinação, pois tenho trabalhos para entregar amanhã de manhã e, por mais que tenha tido um bom tempo para fazê-los durante a semana, só no dia da véspera fui me agilizar para finalizar tudo. Acho que postergo muitas das coisas que tenho pra fazer por insegurança, em uma descarada transferência de responsabilidades para o acaso. Se alguma coisa sair errado na tarefa que eu tenha que cumprir, posso dizer para mim mesma que a culpa foi da falta de tempo", explica a estudante de biologia Fabrícia Labarte. Mas ainda que entenda que a procrastinação possa significar improdutividade, Fabríciapensa que o fato de trabalhar sobre pressão, com a adrenalina da urgência, acaba sendo também um ponto de motivação. "Esse é um hábito que da graça para a vida, até porque ser muito controlado e organizado pode tornar as pessoas chatas demais. Eu tive um ex-namorado que era assim, e dio que prefiro ter um cérebro desorganizado do que me tornar uma pessoa neurótica em relação a tudo", ressalta a estudante.

E agora, o que fazer?

De acordo com a psicóloga Rânia Dalpiaz, o ato de procrastinar acompanha o ser humano desde os tempos mais remotos, quando começamos a nos responsabilizar por um maior número de atividades. Mas hoje em dia, este hábito pressupõe "O fato é que muitas vezes as pessoas deixam as coisas para a última hora pensando que, num momento futuro mais oportuno, haverá um envolvimento maior na tal tarefa. É como se fosse uma idealização do tempo futuro em detrimento do tempo presente, mas ir empurrando as responsabilidades para depois acarreta em uma pressão maior ainda com os prazos, além de estimular sentimentos de stress, ansiedade e angústia". A psicóloga ainda indica que, na era digital contemporânea, nos deparamos com uma carga muito maior de informações, e por isso as pessoas tem maior dificuldade em gerir seus próprios compromissos. "Muita gente gasta tempo demais apenas pensando em muitas tarefas, sem se preocupar neste processo com a própria organização. Uma medida interessante, e que pode atenuar o problema da procrastinação, seria a elaboração de alguma agenda pessoal definindo prioridades, pois a partir da visualização do que deve ser feito acaba se estabelecendo uma melhor organização mental. E aquelas tarefas maiores, que exigem grande disposição e concentração, muitas vezes podem ser divididas por etapas. Pondo-se em mente objetivos mais realistas, aumentam as chances de uma maior satisfação pessoal em relação as tarefas e reduz-se o stress e ansiedade decorrente do aperto com horário", conclui Rânia.

Pois então, além das valiosas dicas da psicóloga Rânia, aqui vão algumas outros truques para você chutar a procrastinação para escanteio. Aprenda a dizer não! Se você tem algum trabalho importante para fazer, ou têm que estudar para uma prova complicada no dia anterior, convenhamos que este não é o melhor momento para aceitar o convite dos amigos para umas inocentes cervejinhas (e voltar para casa completamente bêbado sem condições de fazer nada...). Não reclame da falta de tempo, faça agora! Você está enrolando e diz para si mesmo: “deveria estar fazendo o trabalho agora, sou um vagabundo”. Ao invés disso, corte o mal pela raiz, e inicie a tarefa imediatamente. Não seja tão perfeccionista! Muitos procrastinam porque exigem tanto de si próprios numa tarefa que acabam com medo de enfrentá-la. O melhor é ter consciência de suas limitações e habilidades para o trabalho. Veja o lado bom das coisas! Mesmo aquelas tarefas mais chatas têm seu lado bacana. Lavar a louça, por exemplo, envolve brincar com a água! Concentre-se no que a tarefa tem de legal, que, assim, fica mais fácil encará-la. Bem, e agora que você já sabe um tanto o que é procrastinação, como esse hábito acontece e o que fazer para evitá-lo.... Pare de ler essa matéria e vai fazer o que você tem para fazer!!

*Ideia roubada da revista 3x4 (edição 2011/1). Com informações de Super Interessante, Psyqweb e BBC Brasil

sábado, 17 de setembro de 2011

Lago Karachay: O lugar mais poluído do mundo


Lago Karachay é um pequeno lago situado no sul dos Montes Urais, no oeste da Rússia. Karachay é considerado o lago mais poluído do planeta.

A partir de 1951, a União Soviética passou a utilizar o lago como repositório de resíduos radioativos da Mayak, uma instalação de reprocessamento e armazenagem de lixo tóxico situada próxima à cidade de Oziorsk (então chamada de Cheliabinsk-40).

A partir da década de 1960, o Karachay passou por uma grande seca, sua área diminuindo de 0.5 km² em 1951 para 0.15 km² no final de 1966. Em 1968, após um período de estiagem na região, o vento dispersou a poeira radioativa da área seca do lago, contaminando meio milhão de pessoas.

Entre 1978 e 1986, o lago foi preenchido com mais de 10,000 blocos de concreto oco para evitar o deslocamento de sedimentos radioativos.

De acordo com o Worldwatch Institute, Karachay é o lugar mais poluído da Terra. O lago acumulou em torno de 4.44 exabequereis (EBq) de radioatividade. Em termos comparativos, o desastre de Chernobyl dispersou entre 5 e 12 EBq de radioatividade. Mas, ao contrário do lago, a contaminação de Chernobyl não ficou concentrada em um só local.

Em 1990, o nível de radiação na margem do Karachai era de 600 röntgens por hora, o suficiente para envenenar mortalmente um ser humano em apenas uma hora. Os cientistas ainda não sabem se um dia será possível descontaminar o Karachay.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Charles Bukowski


Charles Bukowski, born in 1920, began writing at a young age and was first published in the 1940s. Then Bukowksi gave up writing for the world of work and bars, not publishing, not writing, so the myth goes, for nearly twenty years. Ten of those years were spent roaming from odd job to odd roominghouse from the East coast to the West. The other ten years, Bukowski worked for the United States Postal Service in Los Angeles, a job that took no effort except for the strength to show up and the patience to perform mindless operations. During that time, his life bordered on insanity and death, two prevalent themes in his writing. According to his own myth making, Bukowski returned to writing the day that he quit the Postal Service, but his bibliography shows that indeed, he had been publishing several years before that.



Freedom


he drank wine all night of the
28th, and he kept thinking of her:
the way she walked and talked and loved
the way she told him things that seemed true
but were not, and he knew the color of each
of her dresses
and her shoes-he knew the stock and curve of
each heel
as well as the leg shaped by it.

and she was out again and when he came home,and
she'd come back with that special stink again,
and she did
she came in at 3 a.m in the morning
filthy like a dung eating swine
and
he took out a butchers knife
and she screamed
backing into the rooming house wall
still pretty somehow
in spite of love's reek
and he finished the glass of wine.

that yellow dress
his favorite
and she screamed again.

and he took up the knife
and unhooked his belt
and tore away the cloth before her
and cut off his balls.

and carried them in his hands
like apricots
and flushed them down the
toilet bowl
and she kept screaming
as the room became red

GOD O GOD!
WHAT HAVE YOU DONE?

and he sat there holding 3 towels
between his legs
no caring now whether she left or
stayed
wore yellow or green or
anything at all.

and one hand holding and one hand
lifting he poured
another wine

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Importantes considerações e uma moral em cinco minutos


Vou passar os próximos cinco minutos falando sobre a falta de perspectiva das linhas. Adjetivos como galos, maçãs, falanges, derrotas, bronquite e parealelepípeto podem ser referidos. Vacas que bebem conhaque poderão sofrer severas mutações, criar guelras e sair caçando andorinhas pelos ares. Vacas com guelras tem excelentes perspectivas voadoras e são vorazes carnívoras. Já Platão desafiará sua República instaurando o caos nas docas do Valhala, através de um bombardeio de cogumelos indonésios que douraram no último verão. Isso causará grande agito entre os polvos gigantes do Mediterrâneo, que montarão em seus ornitorrincos de caça para enfrentar a milícia platônica. Mas, ainda assim, um bom desodorante de alho poró poderá estabilizar os cavacos suecos, além de fechar os olhos daqueles que vêem o que é visto pelos pêlos vistosos dos torpores desalentados. Digo isso pois penso que, sem a sensibilidade dos hormônios lúdicos, toda a criação vira pirilampo. Ora, não existe dormência maior que a doçura da manteiga sem sal, isso não é novidade. Não entendo qual a razão para as pessoas fazerem tanta confusão com as palavras, são todas belas e coerentes...

Moral da história: O preço dos carros depende da graça dos macacos que o habitam

sábado, 3 de setembro de 2011

Descontrários


Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
a sílaba silenciosa.

Mandei a frase sonhar,
e ela foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
para conquistar um império extinto.

(de Paulo Leminski)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Escrevendo


Hoje acordei no meio da noite de novo, pensativo demais para dormir. Quer dizer, não cheguei a dormir nem nada, só fiquei com os olhos fechados e tal, pensando na vida. É foda isso, dai tive que me levantar para fumar um cigarro. Sai da cama, abri a porta da sala e ouvi um suspiro da minha cadela, a Hanna. Ela sempre dorme bem dondoca em cima de um dos sofás, enrolada em um cobertor. Sempre me sinto meio mal quando acordo na madrugada e interrompo o sono dela.
Fico imaginando o que deve ser um sonho da Hanna, correndo num campo gigante atrás de um gato qualquer, ou se esbaldando com os restos de um xis que ela achou numa lata de lixo. Sei lá. De qualquer modo ela devia estar relaxada pra caralho, porque geralmente a Hanna se levanta e faz toda uma festinha quando eu acordo no meio da noite, abanando o rabo e pedindo um xamego, mas hoje ela ficou lá, deitada mesmo. Na boa que as vezes sinto a Hanna meio deprimida, e penso que o que tá faltando para ela é uma boa trepada. Por que ela foi castrada e tudo, mas mesmo assim deve sentir fala de sexo. Enfim, como meus cigarros tinham acabado, peguei o maço e o isqueiro do meu pai e abri a porta dos fundos que dava para a rua.
A noite estava bem agradável até, mas não dava para ver nada no céu por causa de uma baita neblina. Acendi o cigarro e fiquei curtido a quietude da madrugada, sem viva alma passando por perto, a única coisa que se ouvia era um grilo perdido. Gosto quando sou a única pessoa na rua, por alguma razão me sinto especial, como se só eu tivesse aproveitando aquele momento de interação com o resto das coisas, enquanto todos os outros estavam perdendo tempo dormindo ou enfurnados entre quatro paredes fazendo qualquer coisa. Na real algumas dessas pessoas podiam estar se fodendo, literalmente, e esses eu aprovo, porque talvez estejam apreciando mais o seu tempo que eu. Mesmo assim, o meu momento na rua fumando parecia estar com boas vibrações, simplesmente me sentia bem.
Sei lá, ultimamente nem sempre tenho gostado muito de estar com pessoas, não consigo entender por que elas são tão felizes com tudo enquanto o mundo tá cada vez mais sem sentido e cheio de cretinice. Mas não é sempre também, quer dizer, a gente precisa de pessoas a nossa volta, conversar sobre o que quer que seja, compartilhar e todo esse papo. E o mundo quase sempre é legal e tal, só que as vezes me dá nos nervos . Mas fico imaginando que, se acontecece alguma loucura, uma sequência de catástrofes naturais se espalhasse pelo mundo e 90% das pessoas morressem nessa história, não ia ser um negócio tão ruim. Se eu sobrevivesse, é claro, para ver como tudo ia ser diferente. Certo que os valores iam ser outros, ninguém ia ficar tão maluco correndo atrás de dinheiro, ia ser um mundo mais solidário para se viver, pode ter certeza. Mas isso é só um devaneio mesmo, por enquanto.
Quando vi apareceu o Pincel, um dos cachorros de rua que dormem perto da minha casa, caminhando em minha direção. Ele se aproximou e ficou lá, abanando o rabo e olhando pra mim todo feliz. Dai fiz um carinho nele, porque achei que o bicho merecia, tava ali no meu lado fazendo companhia sem pedir nada, e ficava todo alegre só de eu dar uma atenção para ele. Nisso o cigarro já tinha acabado e acendi outro. Odeio esses cigarros industrializados do Brasil, primeiro poque parece que dá para sentir o gosto da caralhada de produtos quimicos venenosos que tem dentro dele, e segundo porque são ridiculamente curtos. Quando eu tava na Nova Zelândia fumava aqueles cigarros de enrolar, um fumo de qualidade, e que o cara botava tanto tabaco dentro quanto quisesse. Dava para enrolar uma bomba e ficar uns 20 minutos fumando só um, sem mentira. Fora toda a preparação para enrolar o cigarro, isso tem um certo charme na minha opinião, é um esforço pelas tragadas.
Não sei porquê, mas isso me lembrou de sexo. Talvez porque realmente seja tão bom fumar depois de uma boa trepada, sei lá. O caso é que comecei a ficar com tesão e pensar em uma guria que eu tinha visto num filme grego, Kinodontas, que tinha uma família completamente demente. Resumindo o troço, na história o pai tinha alguma paranóia e nunca deixava os filhos nem a mulher saírem de casa, nunca mesmo. Depois criava um monte de histórias completamente nonsense, dizendo que o mundo fora da casa era sinônimo de morte e criava regras pra tudo, como um ditador e tal. O resto da família era louco de prender em poste, do tipo masoquistas cerebrais mesmo, e por isso acreditavam nas baboseiras que ele dizia.
Mas a cena que me veio a cabeça foi uma em que o pai colocou o filho e a filha para transarem, porque o guri era homem e tal e precisava de sexo. Muita gente pode pensar que isso é um negócio bem grotesco, dois irmãos se comendo, mas como eu não tenho irmã e minha mente não tem muito pudor, a cena me deixou bem tesudo na real. Principalmente porque era uma cena de sexo verdadeira, os atores tavam se fodendo literalmente no filme, caralho na xana e tudo mais. E isso que não era nenhum pornô, só um filme bem alternativo, por isso fiquei tão impressionado com a coisa toda, ainda mais porque a guria que fazia o papel da irmã era bem gostosinha. Mas dai quando percebi minha situação já fiquei deprimido para burro, porque tava sozinho fumando a porra de um cigarro na madrugada.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Javalis da Ramelônia


Conheci a Ramelônia, lugar onde pude uma ter contato com uma interessantes comunidades de mamíferos atômicos. Não mais que uns poucos javalis dóceis, com seus dedos em riste apontando para o Céu , chafurdando em seu estrume inglório. Viviam em choupanas de palha, em ambiente tão fétido quanto eles próprios. Desdenhavam a forma de vida de seus proeminentes vizinhos, os Castelugos, nobres esquilos de ideais ternos e ponderados, que chupavam as tetas da mãe terra, suavemente mordiscando os mamilos. Os estranhos suínos riam da vida de despreocupação e tranqüilidade dos serelepes esquilos, que morriam velhos e em paz espiritual. Estes javalis da Ramelônia acreditavam que o caos é o caminho para a morte, e que a morte é o melhor caminho para virar bosta. Por isso lutavam para apressar a morte,enfiando seus narizes e bocas o mais profundamente possível em sua merda, buscando o tesão na essência de suas fezes. Mas não matavam uns aos outros, eram apenas solidários na busca por caminhos que conduzissem ao fim da vida. Reproduziam-se porque acreditavam que novas levas de ramelônios haviam de surgir, para que lhes fosse ensinado o valor da bosta, e o quanto a sua própria existência era suja. Eram seguidores de certa teoria proferida por seu grande pensador, um tal Sarta Purga Purga, há mais de 20 gerações suínas atrás. Dizia Purga Purga que "mais vale uma vida de merda que uma reflexão dos confrontos das conferências semióticas do desconstrutivismo demagogo". E jamais tão desafiantes palavras voltaram a ser pronunciadas por qualquer outro ramelônio. O sentido das palavras era desconhecido, trazia o medo,e por isso a expressão era respeitada em caráter absoluto pelos sôfregos animais. E quando a morte chegava, breve para os de sorte, os suínos devoravam o defunto para ingerir suas impurezas, acelerando o caminho até a bosta, e levando ao estágio seguinte.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Dos desamores


Não, em palavras pouco se diz
Temo as loucas paixões
Que não se fazem entender
Quero escapar das ilusões
Dos falsos amores perdidos
Do tempo, mentiras e sonhos,
Somente vivos em memórias
Moribundas

Busco então desamores
De suaves imperfeições,
De olhares indecisos
E esperanças vãs
Que não busquem o lirismo dos poemas
Mas a quietude do silêncio
Compartilhando eternamente,
Sem certezas,
O que a alma não percebe
Mas traduz em beleza

sábado, 6 de agosto de 2011

Amy Winehouse e a maldição dos 27


*publicado no jornal A FOLHA



No dia 23 de julho, o mundo deu adeus a cantora Amy Winehouse. A inglesa morre para se tornar uma mártir, ícone de uma juventude rebelde e confusa. Uma artista ousada, polêmica, com sua voz indiscutivelmente marcante, uma diva do jazz branca. Mas para os fãs do rock, uma constatação que volta a roda é irresistível de ser debatida: mais um gênio da música pop que se vai aos 27 anos de idade, bem como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Brian Jones, Jim Morrison e Kurt Cobain. A mídia já coloca Amy Winehouse neste rol de notáveis. Mas seria realmente justo alinhar Amy com tão marcantes nomes? Bem, vou tentar, humildimente, expressar um pouco sobre o que penso (e o que a história conta) sobre estes ícones que marcaram gerações pela genialidade, abusos e polêmicas.

Jimi Hendrix



Quatro deles (Hendrix, Joplin, Morrison e Jones) marcaram o rock dos anos 60, fase da verdadeira revolução musical, da genialidade criativa que abriu as portas para quase tudo que virou têndencia para música pop em todas as gerações posteriores (na minha opinião, pelo menos). Jimi Hendrix praticamente dispensa comentários. Frequentimente considerado o maior guitarrista de todos os tempos, personificava seu instrumento de uma maneira nunca antes vista, quase mágica. Amplificadores distorcidos, abuso nos efeitos e o pedal wah-wah, que Hendrix tratou de popularizar, faziam com que sua guitarra psicodélica parecesse cantar em conjunto com sua voz espacial. Muito das raizes da música eletrônica se viram quase que premonidas em Jimi. O ícone da sociedade hippie, se vestia como que preparado para uma multicolorida guerra de sons, desafiando um sistema conformista com a qual não concordava. Ele dizia que "o inefável prazer de viver não se experimenta, enquanto não começamos a olhar nossa vida como principal dos trabalhos que devemos empreender". Hendrix exaltava a loucura, vivia espontaneamente, não ligava para os excessos, inclusive no consumo de drogas. A despeito disso, era um perfeccionista notório, buscava tirar o máximo de si mesmo em cada uma das suas inúmeras gravações e apresentações.

Grande estrela do festival de Woodstook em 69, protagonizou neste espetáculo aquele que talvez seja o grande momento da música pop contemporânea. Sua guitarra como uma metralhadora, a execução quase totalmente improvisada (e regada por altas doses de LSD) é descrita por muitos como a declaração da inquietude de uma geração sedenta por mudanças na sociedade, e por outros como uma gozação antiamericana, estranhamente simbólica da beleza, espontaneidade e tragédia que estavam embutidas na vida de Hendrix. Enfim, realmente não me sinto confortável tentando explicar Hendrix em tão poucas palavras, não é justo. Ele foi encontrado morto no apartamento de uma namorada, asfixiado pelo próprio vômito após uma suposta overdose de calmantes.


Brian Jones




Muitas pessoas cultuam os Rolling Stones como uma das grandes bandas de todos os tempos, um marco da rebeldia e vitalidade musical. Difusores dos ideais de "foda-se o que o mundo diz, eu vou ser do meu jeito", viraram símbolo do popular jargão "sexo, drogas e rock'n roll". Enfim, os Rolling Stones são dos dinossauros mais arrepiantes do rock, e ainda que seja inegável o protagonismo de Mick Jaeger e Keith Smith nessa história, nada disso teria acontecido se não fosse Brian Jones. Foi Jones que começou com tudo em 62, ao chamar Keith e Jaeger para formarem uma banda, e foi dele a idéia do nome, Rolling Stones, baseado em uma canção do gênio do blues Muddy Waters. Embora não tivesse o brilhantismo para compos canções como seus parceiros de banda, Brian era conhecido pela sua versatilidade musical, tocando vários instrumentos diferentes, ainda que se tenha notabilizado como guitarrista. Sua extravagância musical fez com que os Stones se diferenciassem, e ajudou a formar o estilo musical que vigorou com a banda, incorporando no rock desde a gaita de boca até a cítara indiana, xilofone, harpa, acordeon e banjo. Mas Brian Jones pouco a pouco foi perdendo espaço dentro dos Rolling Stones devido aos seus excessos com as drogas, até ser definitivamente afastado em 1969. Menos de um mês depois, Brian foi encontrado afogado na piscina de sua casa, em circunstâncias que até hoje não ficaram esclarecidas.

Janis Joplin




Chamada de rainha do rock'n roll, dona de vocais tão roucos e estridentes que expressavam aos berros a paixão, o não-conformismo e o sofrimento de uma mulher atormentada pelo tradicionalismo de uma sociedade careta. Janis Joplin proclamava em suas canções o amor por uma vida fulminante, estabelecia suas próprias regras, e tornou-se simbolo da liberdade feminina que vinha sendo conquistada nos anos 60."É melhor viver dez anos de uma vida efervescente do que morrer aos setenta e ter passado a vida assistindo TV", já dizia Janis. E se hoje Amy Winehouse é cultuada, deve muito disso ao mito que Janis Joplin foi. Sua música foi movida pela mistura de vários generos, incorporando corajosamente o soul, o blues e o folk ao movimento do rock psicodélico. Cantava a dor, as perdas e a sensualidade como só uma mulher poderia fazer. Sua vida sempre foi marcada pelos abusos de álcool e drogas, o que retardaria o seu sucesso por alguns anos.

Janis se incorporou a famosa comunidade hippie de Haight-Ashbury, na Califórnia, e alcançou o sucesso em definitivo em 1968, com o álbum "Cheap Trills", que contava com uma de suas canções de maior sucesso, "Piece of My Heart". Mas Janis Joplin nunca se sentia satisfeita, passava de banda em banda em busca de liberdade musical e uma sintonia perfeita. A cantora fez exibições marcantes no badalado Festival pop de Monterrey e em Woodstook. Janis também esteve no Brasil em 1970, na tentativa de se livrar do vício da heroína. Durante a sua estada por aqui, fez topless em Copacabana, bebeu muito, cantou em um bordel, foi expulsa do Hotel Copacabana Palace por nadar nua na piscina e quase foi presa. Foi encontrou morta em um quarto de hotel de Los Angeles, vítima de overdose de heroína combinada com efeitos do álcool, pouco antes de finalizar seu álbum "Pearl".

Jim Morrison



Jim Morrison foi um enigma indecifrável, e tornou-se um mito comportamental que supera gerações. Lider da emblemática banda de rock psicodélico The Doors, ele cantava o misticismo, a estranheza em relação ao mundo e a espera pela morte, ao mesmo tempo que se incendiava no palco por uma paixão alucinada pela vida. Morrison era um fascinado pelas sensações e energias do mundo, um rebelde-intelectual-curioso que buscava expandir ao máximo as diferentes possibilidades de percepções sobre a vida. Formado em cinema, devorador de livros e poeta, sua voz grave de barítono e genialidade com as palavras o levaram a formar a banda em 1965, com seu colega (e monstro dos teclados) Ray Manzarek. Não demorou muito e o the Doors foi alçado ao sucesso, com aquele que até hoje é seu maior hit, "Light my Fire".

A banda ganhou reputação por suas performances ao vivo polémicas. Com a sua presença em palco e as calças justas, Morrison tornou-se um sex symbol, um poeta do sexo, embora depressa tenha se cansado desta condição de estrela. Com seu jeito despreocupado e poderoso de cantar, fazia de sua música um louco carnaval, que entretanto foi sendo marcada por sua crescente instabilidade. Morrison mostava o pênis durante shows, enfrentava bêbado e entorpecido a polícia no palco. Ele era um beberrão dos bons, virava garrafas de uísque como se fosse água, além de ter se envolvido com todo tipo de droga, principalmente o LSD. O ácido (bem como os chás alucinóginos), ele dizia, lhe abria diferente portas da percepção, realidades paralelas, lhe aproximava das diferentes sensações que pareciam dar a Morrison um sentido especial de existência. Mas Jim se sentia próximo da morte, como se tivesse esperando o seu momento de partir, profetizando poeticamente esses sentimento em canções como "The End". Morreu em Paris, dentro de uma banheira, supostamente por overdose de heroina, embora as circunstâncias de seu último suspiro sejam desconhecidas. Rumores indicam, inclusive, que Morrison teria forjado sua morte, para fugir dos holofortes e finalmente viver sua vida em paz, escrevendo sua poesia anônimo.

Kurt Cobain



Muito depois dos mágicos anos 60, com seus ideais de revolução, paz e amor e rebeldia de uma geração que ansiava por mudanças sociais e por uma existência mais livre, vieram os anos 90. E a sonhada liberdade veio, mas sufocada pelo crescimento de novos conceitos como globalização, capitalismo selvagem, divórcio, publicidade ostensiva, depressão. O mundo foi sendo conquistado pela televisão, a sociedade virava uma geleia muito complexa e polimorfa, cada vez mais burocratizada e estressada para ser entendida. A informação vinha em turbilhões muito grandes para ser digerida pela mente de uma geração de jovens que não encontravam seus rumos na vida, individualizados e amargurados pela própria confusão de suas mentes. Neste contexto, surge um fenômeno que cantava a desilusão com relação a essa novo panorama, baseado em valores tão distorcidos. Despontava Kurt Cobain, lider da banda Nirvana e precussor do movimento grunge nos Estados Unidos. Ele foi um dos principais ícones da quebra de fronteira entre o comercial e o alternativo na música, trazendo a popularidade do underground, mostrando de forma lírica o lado amargurado de uma geração carente de ídolos.

O Nirvana alcançou a fama de vez com seu segundo e antológico álbum, "Nevermind", que contava também com os hits de maior sucesso da banda, "Smell Like Teen Spirits" e "Come As You Are". Além do ritmo considerado barulhento e desleixado do grunge, uma fusão do punk rock com o indie e hardcore, a música de Cobain era minada de angústia e sarcasmo, reforçando assuntos como a alienação social, apatia, confinamento e desencantamento geral com o estado da sociedade. E a nova juventude transviada dos anos 90 se identificava com suas marcas de ironia, sarcasmo, revolta, desespero, sentimento de inferioridade e ao uso de drogas. Kurt abusava no consumo de heroína, e chegava a dizer que apenas o consumo da droga anulava as constantes dores de estômago que lhe afligiam. Ele também se sentia frequentemente perseguido pela mídia, que estaria mais interessado em falar de sua vida privada do que analisar as visões político-sociais que sua banda tocava. Cobain era uma voz de peso na luta contra a homofobia, o sexismo e o racismo. Mas o líder do Nirvana sentia o peso da fama, e dizia publicamente que não sabia como lidar com essa situação. No final de sua vida, sentia-se também impotente criativamente, deprimido e até assustado frente as pressões advindas de seu extrondoso sucesso. Sua agonia mental e paranóia decorrente do abuso de heroína finalmente culminaram em sua desistência pela vida. Kurt Cobain então se suicidou, em sua casa, com um tiro de espingarda na cabeça.


Amy Winehouse e uma conclusão para isso tudo...

Particularmente não gosto de comparações, acho que cada pessoa no mundo tem o seu papel que é único, uma essência própria e inimitável. Ainda assim, após a apresentação destes grandes nomes do rock, mortos na juventude de seus 27 anos, vale fazer uma análise, ao menos para tentar compreender todo o barulho causado pela morte de Amy Winehouse. Quais as razões que tornariam a cantora num ícone depois de morta?

Se os parâmetros forem número de discos, habilidade musical, criatividade ou quantidade de fãs, não encontramos nada de tão diferenciado em Amy Winehouse. A cantora lançou apenas dois álbuns, "Frank" e."Back to Black". Jimi Hendrix, por exemplo, a despeito de sua agitada agenda de shows, perfeccionismo e genialidade com a guitarra, produzia ainda música frenéticamente, e deixou mais de 300 gravações inéditas depois de morto. Tecnicamente, Amy era uma boa cantora, alcançava timbres realmente lindos, mas há outras divas com vozes mais potentes, devastadoras. A própria Janis Joplin era um monstro inquestionavel nesse quesito. Da mesma forma, Amy não era uma instrumentista qualificada, como Brian Jones, ou uma poeta enigmática e densa como Jim Morrison. Ainda dá para citar vários popstars muito mais populares. E, vale frisar, ter uma vida marcada pelo abusos astronômicos de drogas pesadas não é um ponto a ser vangloriado, representando no máximo a aceleração de uma sentença de morte (ainda que algumas drogas, se consumidas da maneira correta, possam realmente aguçar sensivelmente a capacidade criativa do artista).

Mas seria uma miopia avaliar a importância de Amy Winehouse apenas por esses critérios. É ingenuidade acreditar que música pop limita-se apenas à música. Pop é música, imagem, performance e, é claro, o que o artista faz e fala fora do palco. E, nesse sentido, Winehouse era uma popstar única deste século 21. Sua influência na música de hoje também é indiscutível. Ela capitaneou, no início dos anos 2000, uma revitalização da soul music. Foi seguida e copiada por um grande número de cantoras e cantores. Até mesmo gente reconhecida, que estava na estrada há mais tempo, como Beyoncé e Madonna, olharam com grande respeito para Amy Winehouse.

Vivemos uma era musical muito diferente dos anos 60, hoje os artistas que estão nos holofortes são cercados por uma manada de executivos de gravadoras, assessores, agentes, produtores de marketing. Vivem em uma bolha e se expõem calculadamente. Winehouse, não. Nunca se importou de ser simpática com jornalistas para ganhar elogios em reportagens e críticas. Não escondia seus vícios e atitudes e não se importava em ser constante vítima de patrulhamento moral. Colocava sua vida em canções como “Rehab”, “Back to Black”. Assim, o que cantava era algo real, palpável, e não uma abstração. Amy Winehouse não era uma popstar comum. Sim, em muitos de seus show ela aparecia completamente drogada, mal conseguia se manter em pé, se perdia constantemente nas canções. Mas Amy era genuína, algo raro no pop, e todos sabemos que, se ela não está bem no palco, a culpa não é a falta de talento.

Enfim, Jimi Hendrix, Brian Jones, Janis Joplin, Jim Morrison e Kurt Cobain. Todos eram realmente muito loucos, viviam suas vidas espontâneamente, eram ícones não só no quesito músical, mas também no comportamento, expressavam sua genialidade cada um a sua forma. Abusavam dos prazeres da vida, da paixão, dos medos, da liberdade, das drogas, da revolta. Todos estavam dispostos a extrapolar seu limite, aceitavam a confusão de suas almas mas mesmo assim mantinham-se genuínos até o final, ainda que este final tenha se dado de forma prematura. Por isso na minha opinião são martires sim, das incertezas, anseios e sonhos de suas gerações, e por isso seguem marcando a música até hoje... Mas e a Amy Winehouse, afinal de contas, pode se juntar a esse grupo tão bacana, esses sonhadores que morreram aos 27 anos? Pois digo que Amy é muito bem vinda sim (ou, pelo menos, tem o meu voto)!

sábado, 23 de julho de 2011

diálogos fumantes d'eu mesmo em movimento circular


- Pois é, acho que ia ser bom tu começar a conversar contigo mesmo. Tu não tá sempre reclamando que ninguêm te entende, que a vida no Brasil tá completamente maluca? E se tu tá tão quieto o tempo inteiro, porra, desse jeito pelo menos tu vai perdendo o medo de abrir a boca.

- Mas isso é muito louco mesmo, porquê antes era uma falação só, eu tava sempre dizendo pra mim mesmo calar a boca. E agora tá foda, eu começo a falar e as palavras saem todas meio toscas. Certo que eu tô no meio de um processo bizarro também, tipo, tentando mixar o que eu aprendi do inglês com o que eu sabia do português. Mas sei lá, sipá eu não tô falando muito porquê daí, pelo menos, eu reduzo as chances de dizer alguma merda né...

- Pode ser mesmo. Porquê tu é um cara inteligente e tal, mas tá sempre falando merda também. É melhor falar pouco e bem do que encher linguiça com baboseira. O negócio é aquela frescura toda de buscar o equilíbrio, mas tem que levar isso a sério também né, senão vira quase hipocrisia. Porque tu tá sempre dizendo pra todo mundo essa coisa do equilíbrio mas as vezes parece que tu é o cara mais desequilibrado do mundo.

- É uma bosta mesmo. Queria poder dizer para mim mesmo pra ser mais inteligente com essa situação, mas na real sou completamente confuso, parece impossível organizar tudo num cérebro tão fraquinho.

- Na verdade tu tá dizendo essa porra pra ti mesmo, né. Mas sei lá, talves porque dessa vez tu tá falando ao invés de só pensar pode ser que entre mais na mente. Ou pode ser que não também, mas foda-se isso, na boa.

- É. Mas na real o cara não pode perder a essência também. Foda-se o jeito que os outros querem que eu seja, eu não vou desistir de ser como eu quero. Claro que tem muita gente vendida que tá subindo na vida, gente que aceita virar cobaia do sistema e que fica feliz porque pode comprar uma caralhada de coisas que a tv diz pra comprar. Mas eu ainda resisto no meu mundo, porquê eu vejo um monte de coisa errada nesse país e não vou calar a boca até que eu diga o que eu penso.

- Chegou o revolucionário, o mártir! Vai te foder e te toca que tu não é nenhum Jesus Cristo, né, tu é um baita de um egocêntrico de porra, isso sim. Quer dizer, tem cretino muito pior do que tu, mas baixa essa bolinha que tu tem é que viver mais essa porra de vida e parar de reclamar. Não se lembra que tu dizia isso pra ti mesmo o tempo todo? A frase do Dylan lá, que a vida é uma piada e o negócio é dar risada e aproveitar. Então, te gruda nisso ao invés de ficar deprimido, com peninha de ti mesmo porquê o mundo não é perfeito.

- Ah, mas tu fala como se fosse o cara, né, como se fosse muito diferente de mim. Ou tu tá querendo se meter a esquizofrênico de novo. Na boa que tu curti esse negócio de parecer louco. É como se fosse um tesão pra ti tentar ser o mais estranho possível, mas o que tu ganha com isso? Fica fumando esses cigarros de merda, girando de um lado pro outro o tempo inteiro.

- Não, mas sinceramente, o negócio de girar tá funcionando. Sipá me ajuda a pensar melhor mesmo, sabe? Tem toda aquela coisa do círculo ser o formato perfeito, o movimento circular faz as rodas girarem, as naves giram no espaço, a terra gira em torno de si mesma e do sol, a lua também, os elétrons giram em torno do núcleo no átomo. Tem uma caralhada de coisas importantes que giram, isso é o que eu sei. Não me lembro se era o Einstein ou o Thomas Edison que ficava girando em circulos e dizia que ajudava a pensar. Talvez tenha até alguma explicação física pra isso, sei lá. Mas os cigarros são uma bosta mesmo, por mais que tenha aquela tontura boa, baixa de pressão e tal, não vale a pena se o cara comparar com a quantidade de merda que tá se botando pra dentro dos pulmões.

- Pois é, tu tem que parar com esses cigarros o quanto antes, depois o cara fica mais velho e viciado e fica cada vez mais difícil. Olha o que foi a vó, morreu quase que cuspindo o pulmão pra fora. Não é um jeito dos mais felizes de se morrer.

- Mas na real, tava pensando aqui, esse troço de eu querer tá sempre me parecendo com algum gênio é um negócio bem tosco mesmo. Como se eu tivesse no mesmo patamar de um Einstein ou um John Lennon da vida. Até parece, muita megalomania doentia mesmo. Sou só um toscão mais perdido do que variz em perna de mesa na real. Tenho que começar a focar mais os meus pensamentos, no mínimo, pra poder produzir alguma coisa mais decente do que tenho feito ultimamente.

- Sei lá, mas para de te estressar tanto com essa bosta toda, na boa que o cara não ganha nada com isso. Faz o melhor que tu puder e já era, se tu for bom mesmo algum dia vão reconhecer. E se isso não acontecer do jeito que tu quer também, que se foda, mas lembra do negócio do equilíbrio, tenta buscar a paz de espírito com o que tu tem. E agora cala a boca e apaga esse cigarro que já tá no filtro.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Bem vindo, Sudão do Sul!


Com um olhar preocupante da comunidade internacional, nasceu o 193º país do planeta. No último sábado, dia 09 de julho de 2011, o Sudão do Sul proclamou-se independente. Esse evento põe fim a mais de 40 anos de guerra civil entre o norte e o sul do Sudão, num entrevero caótico de conflitos religiosos, étnicos e pelo abundante petróleo da região sul. O novo país africano partilhará com Somália e Afeganistão os piores indicadores sociais do mundo. A população local está em festa, esperançosa por mudanças, mas o Sudão do Sul terá imensos desafios pela frente. Infelizmente, sua história escrita pelo sangue de milhões é um exemplo de o quanto o ser-humano ainda é capaz de se exterminar por conta das diferenças, ao invés de compreender que são as diferenças que fazem do planeta um lugar tão interessante.


Uma história de exploração e massacres

As grandes diferenças que dividem o Sudão são visíveis até geograficamente. Os Estados do Norte são uma área desértica, interrompida apenas pelo fértil vale do Nilo. O Sul do Sudão é coberto por vastas áreas verdes, pântanos e florestas tropicais. No século VII, durante o período da expansão islâmica na África, o país foi tomado pelos muçulmanos. O sul escapou, no entanto sua população foi frequentemente explorada por caçadores de escravos. Nos séculos XIX e XX, o Sudão foi completamente dominado por egípcios e britânicos, apenas conseguindo alcançar sua plena libertação dos ingleses em 1956, durante a onda de descolonizações africanas. País dividido entre cristãos e muçulmanos, o Sudão é importante fonte de matérias primas estratégicas. Em função da proclamação da independência, iniciaram-se choques entre habitantes do Norte, árabes e islâmicos, e do Sul, predominantemente negros e não islâmicos.

Foram duas guerras civis entre o norte e o sul, com a parte sul sempre buscando maior autonomia regional em relação ao norte islâmico. Na Primeira Guerra Civil, meio milhão de pessoas morreram durante 17 anos de guerra, entre 1955 e 1972. A Segunda Guerra Civil Sudanesa foi ainda mais sangrenta. Ocorrida de 1983 a 2005, teve início quando o governo muçulmano do norte tentou impor a Charia (legislação islâmica baseada no Corão) em todo o país, inclusive no sul, onde a maioria da população é cristã e animista. O conflito deixou aproximadamente dois milhões de mortos e outros três milhões de refugiados.



Em 2005, 21 anos após deflagrada a guerra civil, foi assinado um Acordo Abrangente de Paz, que poria fim ao conflito e estabeleceria a paz entre os rebeldes do Sul e as forças governamentais e milícias do Norte. No entanto as agressões continuaram a ocorrer, apesar do sucesso das negociações, principalmente na Região de Darfur (ler próximo tópico). Em 2005, também foi assinada a Constituição do Sudão do Sul, que previa a realização de um plebiscito para decidir sobre a soberania do país ou sua permanência dentro do Sudão.

Em janeiro de 2011 o plebiscito foi realizado, e 99% da população local decidiu sobre a independência do Sul do Sudão em relação ao Norte. Na última sexta-feira (08), o presidente do Sudão, Omal Al-Bashir, reconheceu a independência do Sudão do Sul e a proclamação oficial finalmente ocorreu no sabado, dia 09 de julho de 2011. Apesar da independência, as fronteiras entre os dois países ainda não foram totalmente definidas.


O genocídio de Darfur

Concomitantemente, em meio a sangrenta guerra civil que dividiu o país entre muçulmanos e não muçulmanos, outro grave confronto eclodiu no Sudão por motivos políticos, e virou guerra entre árabes e negros. O conflito principiou em fevereiro de 2003, na região de Darfur, rica em petróleo, também no sul do país. O ponto de partida da ofensiva foram os rebeldes negros que lutam pela separação de seu território, afirmando que o governo a qual eram subordinados agia representando apenas a elite árabe. Darfur é composta quase totalmente por negros, com atividade econômica ligada à produção de agricultura de subsistência e uma restrita parcela de nômades que criam animais.O governo sudanês respondeu de forma violenta e repressora as ofensivas dos rebeldes separatistas. Apoiados pela milícia dos árabes que habitavam o local (chamados de janjaweed), o governo esperava acabar com os rebeldes que eram de religiões e etnias diferentes.

A mídia vem descrevendo o conflito de Darfur como um caso de limpeza étnica e de genocídio. Há acusações de violações dos direitos humanos, inclusive assassinatos em massa, saques e o estupro sistemático da população não-árabe do Darfur. A maioria das ONGs trabalha com a estimativa de 400 000 mortes no confronto desde 2003. Têm sido assinados alguns acordos de paz entre as diferentes facções em conflito, mas estes nunca respeitados. Nem a presença no terreno de uma força de paz enviada pela ONU consegue manter a segurança, e o genocídio continua.

Atualmente o Sudão enfrenta uma severa crise humanitária. Todo o poder da nação está concentrado nas mãos do presidente Omar Hasan Ahmad al-Bashir, que está no comando desde um golpe militar em 1989. O presidente é acusado de patrocínio a crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Al-Bashir foi acusado de ter "planejado e implementado o extermínio" de três grupos tribais em Darfur por motivos étnicos.



O contexto do novo país

O Sudão do Sul nasce com um triste recorde: é o lugar no mundo onde mais morrem grávidas e recém-nascidos, além de quase 90% das mulheres serem analfabetas. A AIDS se espalha como epidemia. Levará muitos anos até que o Sudão do Sul possa deixar de depender da assistência internacional. Existe carência de tudo: hospitais, escolas, esgoto, iluminação, polícia. Ainda assim, as pessoas estão otimistas, pensam que a vida vai melhorar da noite para o dia com a independência, depois de décadas de guerra. Mas tamanho otimismo não ilustra bem a cruel realidade.

O fornecimento de água é administrado por empresas privadas através de caminhões tanque, que percorrem as cidades enchendo reservatórios particulares. Ao menos metade da população do país não tem acesso a água potável. A mobilidade é outra das carências do sul do Sudão. Fora da capital, Juba (que possui umas poucas ruas pavimentadas) não há mais que estradas de terra, o que dificulta o trabalho das ONGs que atendem os povoados. Nos últimos meses, começaram a retornar muitos dos refugiados que deixaram o país durante a guerra civil, e muitos outros seguirão chegando com a independência. O aumento da população pode acabar agravando a já frágil situação da região, que terá que se construir a partir do zero.

Vital para a construção do Sudão do Sul é superar a insegurança interna. Em 2011, ao menos 1.800 sul-sudaneses morreram e 150 mil foram deslocados após renovados conflitos na fronteira, segundo a ONU. Disputas por terras e reservas de petróleo nas regiões fronteiriças de ainda trazem instabilidade ao novo país. O sul abriga 80% do petróleo sudanês, mas depende das refinarias do norte para exportar. Os Estados Unidos são o principal ator internacional no país e investem em infraestrutura, para fazer frente à presença chinesa no norte. A ONU já aprovou uma força de paz para o Sudão do Sul, com 7.900 homens.

O Brasil saudou a independência do Sudão do Sul prontamente. O reconhecimento de Estado e de Governo do novo país pelo Brasil foi efetuado no mesmo dia, mediante o estabelecimento de relações diplomáticas. O país reiterou, ainda, sua disposição em cooperar e em auxiliar o novo país a alcançar seu pleno desenvolvimento. Assim seja!



*com informações dos sites Wikipédia, Estadão, Arca Universal, G1, BBC Brasil e Reuters