quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Papa-Figo


O Papa-Figo é um mito popular que se espalhou por todo o Brasil, não se sabe ao certo quando. Seu nome é a contração de papa-fígado, sua principal característica. Lenda muito comum em todo meio rural nordestino, acredita-se que a intenção do conto era a de alertar as crianças para o contato com estranhos.

Em geral, o Papa-figo é descrito como um leproso idoso, muito sujo e feio, com o corpo coberto de chagas. Tez escura, boca podre e desdentada, grandes orelhas com os lóbulos crescidos e caídos, ele veste trapos mal-cheirosos e carrega um saco de estopa pendurado nas costas, onde carrega as crianças que captura.

Mas ele mesmo pouco aparece. Prefere mandar seus capangas em busca de suas vítimas. Os ajudantes por sua vez, usam de todos os artifícios para atrair as crianças, distribuindo presentes, doces, dinheiro, brinquedos, comida, drogas (se levarmos pro contexto atual). Eles agem em qualquer lugar público, portas de escolas, parques e ruelas desertas. As vítimas arrebatadas então são levadas ao Papa-Figo, que lhes retira o fígado e o come.

Em tempos antigos, acreditava-se que a lepra, ou Mau de Hansen, era uma doença causada pelo mau funcionamento do fígado, órgão que, a crendice popular dizia, era o produtor do sangue. A cura estaria no consumo do órgão sadio. Mas somente o fígado infantil seria puro e forte o suficiente para aliviar o sofrimento dos hansenianos. E sempre haveria alguém disposto a pagar qualquer preço por tão poderoso e raro elixir. O Papa-Figo era, portanto, em algumas versões, o próprio doente em busca de cura ou, outras vezes, o encarregado de conseguir a mercadoria para tal tipo de comércio. Comer o fígado sadio para curar o fígado doente e determinar a formação de um sangue puro era idéia obstinada dos leprosos.

sábado, 18 de junho de 2011

Vazio


Me sinto perdido. Como se o mundo estivesse esperando de mim uma resposta que eu não conheço. Como se a Terra estivesse girando ao contrário, e eu fizesse parte de uma tribo as margens da extinção, um povo mais simples , sem muitas expectativas de se incorporar numa sociedade fundada em regras tão bizarras. Ouço os diferentes sons, observo as cores, as coisas de antes, o vento que muda de direção. Me sinto um estranho para mim mesmo, uma silhueta sem reflexo tentando entender o tempo que passou, fazendo um inventário de memórias para lembrar que a roda da vida não para. Preciso reprogramar meu cérebro para esta nova antiga realidade. A solidão me consome, sinto preguiça para buscar alternativas. Cada pequena ação parece uma epopéia, mas a história não tem um grande herói para sustentar o enredo. Acendo um cigarro por puro impulso, uma razão para passar o tempo, deixo a fumaça se espalhar pelo enorme quarto, tão grande que me sufoca. Com a liberdade acanhada, não se resta muito para expressar no final das contas. As frases são curtas, as palavras poucas.

sábado, 11 de junho de 2011

Ao poeta coronhão


Ao poeta coronhão,
Ser espotâneo
Que descende da água
Verde,
Do céu,
Azul,
Laranja,
Dourado,
Em energias multicoloridas que
DESMEMBRAM
Características muito típicas da
Sociedade
Conteporânea,
Alternativa,
Lissérgica,
Ortodôntica
Pleurística
E com especial importância
Fazem rima
Da nectaria
Com a endorfina
A busca da vida
Da vida batida
Em algas marinhas
Em estrofes circences, crescentes
Palavras coerentes ou pentes
Pinturas de casas
Penduradas,
Nas parede,
E,
Essencialmente,
oinomed ervil, oinomed ervil
OINOMED ERVIL
OINOMED ERVIL
oinomed ervil
oinomed ervil oidomed ervil
OINOMED ERVIL OIOMED ERVIL OIOMED ERVIL
OINOMED ERVIL
oinomed ervil
oinomed ervil oinomed ervil
O elemento surpresa
Que articula a atenção
Do leitor,
Um cúmplice de algo
importante,
algo que simplesmente deveria
Ser dito,
E foi