sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Javalis da Ramelônia


Conheci a Ramelônia, lugar onde pude uma ter contato com uma interessantes comunidades de mamíferos atômicos. Não mais que uns poucos javalis dóceis, com seus dedos em riste apontando para o Céu , chafurdando em seu estrume inglório. Viviam em choupanas de palha, em ambiente tão fétido quanto eles próprios. Desdenhavam a forma de vida de seus proeminentes vizinhos, os Castelugos, nobres esquilos de ideais ternos e ponderados, que chupavam as tetas da mãe terra, suavemente mordiscando os mamilos. Os estranhos suínos riam da vida de despreocupação e tranqüilidade dos serelepes esquilos, que morriam velhos e em paz espiritual. Estes javalis da Ramelônia acreditavam que o caos é o caminho para a morte, e que a morte é o melhor caminho para virar bosta. Por isso lutavam para apressar a morte,enfiando seus narizes e bocas o mais profundamente possível em sua merda, buscando o tesão na essência de suas fezes. Mas não matavam uns aos outros, eram apenas solidários na busca por caminhos que conduzissem ao fim da vida. Reproduziam-se porque acreditavam que novas levas de ramelônios haviam de surgir, para que lhes fosse ensinado o valor da bosta, e o quanto a sua própria existência era suja. Eram seguidores de certa teoria proferida por seu grande pensador, um tal Sarta Purga Purga, há mais de 20 gerações suínas atrás. Dizia Purga Purga que "mais vale uma vida de merda que uma reflexão dos confrontos das conferências semióticas do desconstrutivismo demagogo". E jamais tão desafiantes palavras voltaram a ser pronunciadas por qualquer outro ramelônio. O sentido das palavras era desconhecido, trazia o medo,e por isso a expressão era respeitada em caráter absoluto pelos sôfregos animais. E quando a morte chegava, breve para os de sorte, os suínos devoravam o defunto para ingerir suas impurezas, acelerando o caminho até a bosta, e levando ao estágio seguinte.

Um comentário:

  1. Cara, realmente você se supera. Sua mente é muito estranha, pra lá de fértil.

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