quinta-feira, 18 de junho de 2009

Guerra, dor e impotência


Tudo teve início com um ato impulsivo, um movimento provavelmente involuntário de um garoto assustado. Então um pesado estrondo reverba em meus ouvidos.
Absolutamente perplexo, observo àquele momento.
A expressão pálida, paralisada num breve instante de choque. Os olhos revirados e vidrados, a boca soltando uma última lufada de saliva, num último suspiro de vida. Na testa, um buraco, maior do que os que minha imaginação criava, porém também não tão enorme quanto meus pesadelos premeditavam. Um baque. Com um baque seco, o peso morto tomba. Me concentro, nos próximos segundos, em focalizar o contexto da cena: gritos na Igreja, uns de revolta, outros de pavor.
Pavor.
Um jovem soldado, com seus 20 anos no máximo, igualmente atordoado, sem entender o real peso de seu último movimento. Segue então, uma mãe desesperada, segurando a cabeça ensangüentada de seu filho morto. Ela, que havia perdido seu marido assassinado numa emboscada de soldados israelenses, que mantinha sua cria o mais longe possível da Jihad e de toda essa maldita guerra, que dedicava toda sua ternura e esperanças em um futuro melhor no seu filho único, viu, naquele quadro dantesco, seu mundo desabar. Não havia mais nenhum sentido em sua vida.
Acabado.
Tudo estava acabado para ela. Mas não. O jovem soldado não entendeu a imprudência do seu ato.
Não.
Sequer passa pela sua cabeça o sentimento daquela mãe, sentimento que resumia a triste sina de um povo, numa luta que já não tem mais nem a própria razão. Palestinos e Israelenses numa guerra que nenhum dos povos entende mais, uma mesma raça separada por crenças distintas.
Dor e Impotência.
O jovem soldado, pelo menos naquele instante, desconhece esses termos.
É pura adrenalina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário