terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O esforço das palavras


Não escrevo
Para nuvens incendiárias
Ainda que me encantem
As cores do crepúsculo

Tampouco escrevo
Para o céu de mil estrelas
Incrustado em diamantes
Derretendo em nebulosas

Nem mesmo para a lua crescente
Com seu sorriso quente
Nas longas e agradáveis
noites de primavera

Não escrevo para o rosa
Das extremosas floridas
Em cores se abrindo
Para a finitude da vida

Nem para as curvas suaves
Da bela silhueta desnuda
Espalhando o doce perfume
Do deleite amoroso

Muito menos escrevo
Para lembranças do passado
Que por si só se escrevem
lutando para se esquecer

Escreva apenas
Pura e simplesmente
Porque se não escrevo
Logo me aquieto
Emudeço desaparecendo
Em brumas ancestrais

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