terça-feira, 23 de novembro de 2010

One day...


It’s a pity that I can’t write in English. I really would like to put my thoughts properly in another language, but I think that to do it I need to learn much more yet. But I have to be patient, and if I realize that 3 months ago I was speaking English like a retard monkey, at last I’m making some progress. I try hard to understand how my confuse brain could accept to think in English, organize all that messed up crazy stuffs that are waving away for my entire mind, keep information about emotions, situations, places, yellow sukinis . Also is a problem find more time to read and study about structural functions of a new language when all around you are new too. New persons, new environment, new points of view about the world and within this timeless wheel that never stop to spin you are just flowing until the end of day behind cigarettes and thousand stars. But for while I still believe that is the better way, just living the real life with real people to discover this brave feeling that become the differences so funny, instead of stay stuck in one boring white room with a autocratic teacher learning a lot of enigmatic rules and expecting that you speak English like a British poet. A guy from Israel army that learned sitar and meditation in India, a woman from Zimbabwe that taught English in Serbia, a Canadian girl that can put her feet over the head and cook a hamburger soup. This is a kind of people whose is a pleasure to learn. Well, but the most important is that I feel good wolfing down all those new ideas, doesn’t matter if I’m wrong or right, and one day I hope to learn how to write in English just to explain to you about this stuffs.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

No céu prateado

Dorme o dia
A lua se espreguiça
O menino solitário
No céu estrelado
Encontr companhia
E sonha acordado

Corre
De repente
No céu prateado
A estrela caindo
Seu último ato
Seu brilho sumido
Mergulhando no céu

Leva consigo
Em seu rumo perdido
O desejo sonhado
Do menino solitário
Que dorme sereno
Ao relento esperando
A estrela brilhar
E partir sonhando

domingo, 24 de outubro de 2010

...


Hoje estou com um abacate no joelho. Um grande joelho, do tamanho de um abacate, mas um abacate de verdade, verde, suculento, não um avocado cinza e mirrado. Isso não é abacate. O sukini tambem é verde. Parecem pepinos, mas não são não. Esses dias trabalhei carregando pedra, elas gostam de ser carregadas, comportam-se amistosamente. Mas elas não são muito fãs de marretas. Smashing the rocks! smashing the rocks! Creio principalmente na pureza dos jovens risotos para isso, matutos e serelepes tosquiando renas em Gandulfo. Botar bosta com menta em goiaba com nome de figo na nova zelândia com uma pá também pode ser bacana até a 3a tonelada, mas quinze toneladas depois fica meio chato. Surfar relaxa na praia da cabeça de macaco, o unico macaco nessa ilha de passarinho. Mas o verde daqui legal, tão verde que chega a ser amarelo, e tão amarelo que gira em roxo pra virar bumerangue. Thus quando os frelins coxoteiam rebobinando as cotovias, e todas as dermentinas flopeiam em direção aos barnabus filipinos, o sol pode finalmente retomar o seu curso, e se formar com louvor bacharel em Papilografia. Dunke

domingo, 26 de setembro de 2010

Adeus Auckland

Pois bem, eu, Nereu Sabugo, como figura mitica do imaginario popular dos bezuntados, indico que o bom Bode esta de partida de Auckalnd, rumando para a plantacao de aboboras no norte do norte desta famigerada ilha, numa cidadezinha chamada kerikeri. Rumo ao desconhecido mundo das aboboras. As aboboras, laranjas aboboras, grandes, crescendo em arvores enormes, de ate 30 metros. O mais interessante no cultivo das aboboras e que elas germinam dentro de uma fedida flor cinza, chamada aqui pelos nativos de Jarakatiani, ou A GRANDE BOSTA. Quem Poliniza as arvores de aboboras sao, obviamente, os chacais alados, muito comuns por aqui... se voce guardar um fauno no freezer, ele morre

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Turn left to rigth


Carvalhos, chineses, hindus, sunny, windy, cloudy, sunny, windy, cloudy, kebab, o cemiterio abandonado, witches, gaivotas nos telhados, camper elm crying in the dawn, surrealismo nato, camarao, underground, sempre torto (mas ainda reto), viola nas ruas, maconha nas lojas, lager beer, hindus tocando raga na Queenstreet, blackbirds, maoris gordas (todas sao gordas), labirintos, civilidade, tai food, mundo todo, todo mundo. Tem um banheiro, e tem uma privada, e no lado da privada a bosta de alguem. Porque a bosta nao ta na privada? sunny, windy, cloudy, sunny, cloudy, windy, twister, turbantes, muculmanos, falta de acentuacao adequada nos teclados, all upside down, my mind can't stop shaking, my mind can't stop shaking, my mind can't stop shaking, my mind....

Here, by my side

Walking down the Queen, it can't be real
My head can't stop shake, I cross the hill
Amazing blow, the world its a big meal
Playing my guitar, cause I can feel

Dream by dream, thus night by night
Please help me darling to explain in lines
Turn left to right, its all upside down
But take it easy, just put all into your mind

I close my eyes, and I know, the breeze is here
Flowing throught the day, the thoughs too clear
Crazy time, the past now is fadding away
So just keep in tune, making better everyday

Behind work and fun, smiles and pain
Between everybody from anywhere
Now it's up to you, you can't be found
So come on baby, I just need you here, by my side

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

finita est

A velha casa, tão grande, com todo seu espaço e solidão. Toda sua loucura, as alegrias, seus sussurros flutuando numa brisa mística. Os pensamentos, as memórias antigas, os sentimentos mortos, as idéias mortas, as pessoas mortas. Entre o passado e o futuro existe uma lacuna, que se perde na vastidão da sala fria, durante o frio do inverno, em frente à lareira com seus restos de lenha carbonizada. Tantas lufadas de estranhos sentimentos minguando nos últimos raios de sol, mais um crepúsculo mágico em seu adeus. Suspiros que vêm do fundo da alma, o medo do desconhecido, a saudade de tudo o que fica para trás com a excitação que brota na eminência da partida. Partir para tão longe, longe de amigos e amores, ficar só com as memórias e cultivar os bons sentimentos. Pois se levam na bagagem apenas as melhores recordações, cada sorriso que virou poema, cada poema que virou gente. Tudo guardado com carinho até o reencontro, um dia desses, não muito longe.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O hipnótico chamado de Posseidon


Aquele som que emana das raízes do planeta, o chamado incessante de Poseidon que, com seu tridente em mãos, vai orquestrando a bela sinfonia dos mares. Um maestro imprevisível, seu temperamento vai coordenando os ventos e correntes harmoniosamente. Assim, formam-se pelo mundo todo incríveis e diferentes ondas, no vaidoso gesto em que Poseidon exibe aos meros mortais a beleza de sua criação. E seu chamado perdura, o tranqüilizante som que vêm do oceano e entra em nossos tímpanos, hipnotizando a mente do surfista com imagens de tubos perfeitos. Neste ponto, já não há meios para resistir.

São 16h da tarde de uma fria quarta-feira de inverno em Torres quando os deuses do mar me chamam para brincar em seu playground. O termômetro marca 16 graus e, mesmo que o sol brilhe no céu aberto, a visão de meu velho e furado long, com seus sete anos de exaustivo uso e ainda por cima molhado pelo surf do dia anterior, me causam calafrios na espinha. Mas eu sei que vale a pena, sempre vale. Me enfio rapidamente dentro da roupa de borracha encharcada, pego o bodyboard, o pé-de-pato e saio correndo de casa em direção a orla. Cruzo as dunas da Praia Grande dolorosamente, enquanto roseiras vão se fincando nos meus pés sem ao menos terem sido convidadas. Estas dunas que, por sinal, cada vez mais vão se estabelecendo como um novo habitat ecológico de Torres, atraindo novos animais e formando açudes em conjunto com a vegetação nascente. Mas voltando ao surf, passo as dunas e enfim encaro a imensidão do mar, onde as ondas de até um metro parecem uma charada entregues a sorte do vento norte que sopra. Faço meu alongamento e então entro na água.

Entrar na água gelada do inverno é sempre um arrepiante desafio e, quando submerso para o primeiro mergulho, meu rosto parecer estar literalmente queimando de tanto frio. Mas eu sei que vale a pena, sempre vale. Vou remando pacientemente rumo ao outside, enfrentando a força das ondas com os chamados “joelhinhos”, e aproveito os momentos de maior calmaria para avançar no perímetro. Às vezes o mar me parece como um cavalo selvagem, nunca se sabe ao certo se ele vai se deixar ser domado ou não. Por isso é preciso ter persistência quando ele se mostra revolto, continuar tentando vencer a série para, depois, aproveitar o prêmio deslizando mansamente nas harmoniosas curvas do oceano. Enfim alcanço o outside, e vão se descortinando sobre mim ondas com uma boa formação, melhor do que a primeira observação do alto das dunas indicava. Vem a série e dropo minha primeira onda, que vai se enrugando, ficando cada vez mais cavada. Posiciono-me para o tubo e a massa de água se dobra sobre mim, me envolvendo no seu interior em uma sincronia perfeita. Eis o tubo, momento de maior magia no surf, quando o homem e o mar se tornam uma mesma coisa, uma energia que flui de todas as coisas boas da vida. O tubo que vai rodando hipnótico, os raros segundos onde podemos ver o mundo com os olhos da natureza, enquanto o ronco do mar vibra de alegria. Não importa que a onda me engula antes do fim, que a vaca me faça virar cambalhotas e mais cambalhotas embaixo d’água. Sempre vale a pena, sempre é um novo milagre.

Mais ondas vão mostrando suas linhas para mim, enquanto eu lentamente vou sendo levado pela corrente em direção a Prainha. Dropo mais uns dois tubos suicidas, me atiro rolando contra o lip da onda para aterrisar em algum rolo. No mar, toda a desilusão é esquecida, todas as preocupação se extinguem, só existe o surfista com a sua paz, e a certeza de que Deus existe e é bom. Atrás de mim, o céu do final de tarde vai se derretendo numa aquarela com todas as cores do arco-íris, enquanto o surreal sol que se põe parece uma alaranjada bola de fogo brincando de esconde-esconde com os prédios mais altos da cidade. Alguns minutos se passam, a água vai ficando cada vez mais congelante, o mar vai se encrespando. Decido que, enfim, é chegada a hora de partir. Escolho com carinho a minha última onda do banho, pego uma direita meio cheia e vou desenhando-a com giros de 360 graus, me deixando levar suavemente pelas espumas até a orla da Prainha. Os últimos vestígios do dia vão se apagando, e eis que surge no céu Vênus, a Estrela d’Alva, primeira e mais brilhante estrela do firmamento, como uma bússola que vai me indicando o caminho para casa. Vou caminhando pelas areias brancas observado por aves marinhas, ouvindo a apaziguadora voz do oceano e com aquela ótima sensação de dever cumprido, a própria consciência se alegra. Porque valeu a pena, o surf sempre vale à pena.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O surf


A restrita bibliografia sobre o surf aponta que seu surgimento é originário das Ilhas Polinésias, através dos povos nativos e em virtude de sua própria cultura de subsistência, no caso a pesca. Mais tarde, porém, nas ilhas do Hawaii, o surf começou a ser praticado pelos antigos reis havaianos com pranchas feitas de madeira, e lá se consolidou. Reza a lenda que, no século IX, um rei taitiano chamado Tahíto Moikeha ficou sabendo da existência das ondas mais perfeitas do planeta no Hawaii, e então decidiu se aventurar pelos mares rumo ao seu destino de surfista errante. Quando finalmente aportou na ilha de Oahu, Moikeha encontrou em Kauai as ondas perfeitas que procurava. Ao surfar, impressionou as duas filhas do rei de Kauai, que o consideravam como um deus que pairava sobre as águas, e com as duas acabou se casando, tornando-se rei de Kauai. Desde então, o surf se instalou nas raízes culturais, artísticas e religiosas dos povos das ilhas havaianas.

Outros relatos dão conta de que, muito antes deste ocorrido, antigos povos peruanos já se utilizavam de uma pequena espécie de canoa, confeccionada de junco, para deslizar sobre as ondas. Como, etnicamente, existe a possibilidade de que os primeiros havaianos tenham sido descendentes dos Incas, que se aventuraram pelo Pacífico em suas enormes canoas, a história até faz algum sentido. Porém, entre mitos e lendas, o primeiro relato concreto da existência do esporte foi feito pelo navegador inglês James Cook, em 1778, que aportou no Hawaii e descobriu o surf para o mundo, ao relatar a prática em seu diário. Na época, o navegador gostou do esporte por se tratar de uma forma de relaxamento com grande mística espiritual, mas as igrejas protestantes desestimularam por mais de cem anos a prática de surfe, pois suas raízes estariam ligadas a hábitos pagãos. Os nativos havaianos possuíam um complexo ritual religioso para a fabricação das suas pranchas, e consideravam as ondas e os prazeres de brincar nas águas do oceano uma dádiva divina.

O reconhecimento mundial veio apenas com o campeão olímpico de natação e pai do surfe moderno, o havaiano Duke Paoa Kahanamoku. Ao vencer os jogos de 1912, em Estocolmo, o atleta disse ser um surfista e passou a ser o maior divulgador do esporte no mundo. Com isso, o arquipélago e o esporte passaram a ser reconhecidos internacionalmente. Na década de 1950 o esporte popularizou-se na costa oeste dos Estados Unidos, tornando-se uma mania entre os jovens, principalmente nas praias do estado da Califórnia.No Brasil, as primeiras pranchas, então chamadas de "tábuas havainas", foram trazidas por turistas. Em 1938, surge aquela que é, provavelmente, a primeira prancha brasileira, feita pelos paulistas Osmar Gonçalves, João Roberto e Júlio Putz, a partir da matéria de uma revista americana, que detalhava medidas e o tipo de madeira a ser usada. Pesava então 80 kg e media 3,6 m. As primeiras pranchas de fibra de vidro, importadas da Califórnia, só chegaram ao Brasil em 1964.

sábado, 17 de julho de 2010

A laranja e as calamidades


Amanhecer sombrio no vale de Kratëas, na Eslováquia, onde esconde-se o pequeno vilarejo de Lotanek. Thörek, o marceneiro, sente o sopro do vento fluindo por detrás das montanhas geladas, e então um arrepio estranho corre por sua espinha. Um mau pressentimento passou por sua mente amargurada, sensação que o marceneiro só havia sentido uma vez na vida, pouco antes da morte de seu filho único, há três anos. Eis que surge um estrondo oculto por detrás da forte neblina, seguido pelo primeiro e único tremor de terra da história de Kratëas. O amargurado Thörek abriu a porta a de sua pequena cabana para verificar o que estava acontecendo, e ficou atônito ao descobrir que choviam laranjas. Pensou no quão bizarro era está situação e o quanto a vida parecia não fazer sentido. Mas foram pensamentos céleres, que logo se tornaram passado quando, literalmente, desabaram do céu toneladas e mais toneladas de laranjas, varrendo para sempre o pequeno vilarejo do mapa e pondo fim à existência de seus pacatos moradores. FIM

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O guarda-chuva


Sexta-feira. A chuva caia pesada. O velho guarda-chuva preto aberto, com sua velha estrutura aleijada, servia pela penúltima vez em sua função. Foram praticamente dois anos de parceria, uma verdadeira eternidade para um item que, historicamente, some tão facilmente quanto quebra. Dois anos aninhado junto a minha mochila, praticamente em ostracismo durante a maior parte do tempo. Mas sempre que foi preciso ele estava lá, enfrentando chuviscos e tempestades. Vai me acompanhando pela penúltima vez, na última subida da lomba. Comprado por cinco reais em um camelô. Um rápido escambo e o guarda-chuva já era aberto para sua estreia. Dois anos atrás, época de agitação, trabalho novo, novas decisões. Tempos muito diferentes, ambições muito diferentes. O mundo louco sempre girando, mas alheio a tudo o guarda-chuva estava lá. Pela penúltima vez hoje, o guarda-chuva me acompanhava até a entrada do trabalho...

... deixo o prédio da Assembleia Legislativa. Após dois anos, me despeço da rotina, novos caminhos me aguardam. Agora são apenas velhas lembranças, nostalgia. Sonhos que ficaram pelo caminho, outros que se concretizaram. A vida segue, sempre. E a chuva também segue, para o último esforço do guarda-chuva. Com dificuldade ele se abre, uma estrutura moribunda, judiada. O pequeno guarda-chuvas, pequeno guerreiro negro, o menor de todos, comprado porque ocupava pouco espaço. Acompanhando minhas pesadas passadas lomba abaixo, seus últimos momentos em minhas mãos. Chego no carro que deixarei para trás, na cidade que deixarei para trás, com as lembranças que não deixarei para trás. Fecho o guarda-chuva que deixarei para trás, o coloco delicadamente no parapeito de um prédio próximo. Seu destino não está mais em minhas mãos, sem despedidas, nunca mais. Nunca mais...

terça-feira, 6 de julho de 2010

doido mar


Ahhh, agora eu vou indo surfar
Vou remando nos sonhos e tempos
Emergindo do mar

Ahhh, essas loucas loucuras que vem
Florescendo em espumas douradas
Colorindo o mar

Ahhh, firmamento do céu se soltou
Derreteu cada nuvem rosada
Divertindo meu mar

Ahhh, toda desilusão é mentira
Toda a preocupação é mentira
Verdades só no mar

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Os bravos e sofridos pigmeus


Estima-se que há entre 250.000 e 600.000 pigmeus vivendo nas florestas tropicais do Congo. Os mais famosos são os Mbuti, grupo onde os homens adultos crescem no máximo até 1,50 m de altura. Reza a lenda que os pigmeus primordiais eram um povo muito alto, que facilmente passava de 2,20 m na media de altura. Este povo teria sido atingido por uma maldição, evocada há quase 5000 anos atrás pelos ancestrais do povo Banto, que os obrigou a viver nas densas profundezas das florestas equatoriaias do Congo. Após viverem mais de 3000 anos sem poder ver a luz do sol, quando findada a maldição passaram a ter uma estatura muito baixa, e tiveram seu nome mudado para pigmeus (termo pejorativo na língua dos bantos). Já explicações mais científicas para a baixa estatura dos pigmeus incluem a falta de alimentos no ambiente equatorial, os baixos níveis de cálcio no solo, a necessidade de se mover através da densa floresta, a adaptação ao calor e à umidade extremos e, mais recentemente, uma associação com a rápida maturação reprodutiva em condições de mortalidade precoce.

Enquanto para o negro em geral a selva é uma madrasta perigosa, para os Pigmeu é uma mãe amorosa que os acolhe, nutre e protege. Dela eles recebem o material para construir suas cabanas, a madeira para seus arcos e flechas e o alimento cotidiano. Hoje, como no passado, a sorte dos Pigmeu está ligada à selva. Fora dela, sua cultura e sua vida se perdem. Mas ultimamente o seu meio ambiente está sendo cada vez mais modificado e deteriorado pela ação humana na extração de madeira, em plantações de café e minas de ouro e diamantes.

A estrutura social dos Pigmeu é muito precisa, e há uma nítida divisão sexual do trabalho. As mulheres recolhem na selva tubérculos, fungos, larvas e cogumelos. A pesca, que só acontece na estação seca, é reservada às mulheres e crianças. Já a caça é atividade exclusivamente masculina e se constitui num momento mágico na vida da comunidade pigméia. Os homens se preparam para sair à caça se abstendo das relações sexuais e evitando toda forma de "ofensa" à comunidade. Antes de partirem, há cerimônias de purificação e propiciação.

Por viverem na floresta tropical escura, quente e úmida, os Pigmeus encontram na coleta e na caça suas formas básicas de subsistência. Não acumulam alimentos nem bens naturais e vivem daquilo que a natureza lhes oferece. Mas nem sempre contam com o suficiente para atender às necessidades mínimas, e por isso eventualmente passam por longos períodos de fome. Como os demais povos caçadores da África, nunca se interessaram nem pela agricultura nem pela criação de gado. O único animal doméstico que costumam ter é o cachorro. A mulher é muito respeitada na sociedade pigméia, e a monogamia é uma tradição tão firme que chega a ser difícil aos estudiosos explicá-la.

Não é fácil falar da religião dos Pigmeus, porque eles não costumam expressar suas crenças com ritos externos e, além disso, a religião dos diferentes grupos não é uniforme. Geralmente, crêem num Ser Supremo criador, que se personifica no deus da selva, do céu e do além. Crêem ainda que as almas dos bons se convertem em estrelas do firmamento, enquanto as almas dos maus são condenadas a vagar eternamente pela selva e dão origem às doenças dos humanos. Os Pigmeus acreditam também na vida além da morte, mas não se estendem muito sobre o assunto, logo se esquecendo das tumbas de seus antepassados. Todas as noites, este povo costuma se reunir em danças coletivas e jogos mímicos, que são suas atividades preferidas nas horas de lazer.

O Pigmeu africano sofre preconceito e opressão de outros grupos étnicos, sendo o mais brutal o canibalismo dos opressores Bantos. Por gerações o povo foi caçado e literalmente consumido, considerado como uma sub-espécie inferior. Há uma crença entre alguns povos bantos que diz que, se você encontra um pigmeu sozinho na floresta, você deve estuprá-lo até a morte. Após sua morte, o pigmeu deve ser assado, e sua cabeça devorada pelo "caçador". Deve-se também cortar o resto do corpo do pigmeu e distribuí-lo entre os habitantes da aldeia, pois esta ação trará boa sorte e boa colheita para a tribo.

Além disso, na República do Congo, onde pigmeus representam de 5 a 10% da população, muitos pigmeus vivem como escravos de mestres Bantos. A nação está profundamente dividida entre estes dois grupos étnicos. Os pigmeus escravos pertencem desde o nascimento até à sua morte aos mestres Bantos, em um relacionamento que os Bantos chamam de "honrada tradição". Chegam a ser considerados parte do seu patrimônio familiar e, como tais, são transmitidos como herança de geração em geração.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Não é nada, mas...


.... ontem assistia televisão enquanto esperava o microondas aquecer meu almoço. Estava sozinho em casa. De repente, escuto no jardim um estranho barulho. Um nítido e seco barulho, de madeira se partindo. Dois segundos depois, o telefone toca. Me levanto para atender. Quando levo o telefone ao ouvido, a única coisa que ouço é o sinal de ocupado. Recoloco o aparelho no gancho e, neste exato momento, o microondas apita. Me dirijo até a cozinha. Tiro meu prato do microondas e pego um copo. Por algum motivo, o copo escorrega da minha mão, estilhaçando-se pelo chão. Então, o telefone toca novamente. Atendo, ouço a voz de uma velha:

- Alô? Por favor, eu poderia falar com a Maria da Graça? Sou uma velha amiga dela
- Bom, lamento lhe informar senhora, mas ela faleceu. Já fazem dois anos. Sou o neto dela.
- Oh, verdade? Que pena, era uma boa alma. Nos conhecemos muito tempo atrás, porém nos últimos anos havíamos perdido contato. Mas ontem tive um sonho estranho, onde a Graça aparecia me pedindo ajuda, então resolvi ligar para falar com ela, saber se estava tudo bem. Este é um dos problemas em se ficar velho, os amigos se vão e sentimos que a nossa hora está cada vez mais próxima. Enfim, meus pêsames por sua avó e obrigado pela atenção. Até logo.

Recoloco o telefone no gancho. Um sombrio arrepio corre por minha espinha. No jardim, o estranho barulho de madeira partindo se repete. Vou até lá para verificar. Mas não há ninguém, apenas uma leve brisa soprando...

The bizarre ballad of Lou and Angie


Well, the hall was all over hot
Lou throw his girl against the wall
she ain't got anyone to call
and Angie thinks, jeez, what i can do now?

The fire burning in fireplace
and burning too in his bloody eyes
the rain will falling with all the lies
she really knew how he would act tonight

Because the life is good, life is good
because the life is good to me and you
because the life is good, life is good
because the life is good to me and you

So when Lou raises his loaded gun
pulls the trigger until his forces gone
and Angie, exploding, there's nowhere to run
because that gun can stop the time tonight

And it's all over at three o'clock
Lou, so tired, smiles and makes one stop
he smokes his herb while Angie goes
singing his last song and falls into the couch

Because the life is good, life is good
because the life is good to me and you
because the life is good, life is good
because the life is good to me and you

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Aniversário


Um ano deste famigerado blog. Muito legal. Gosto de todos vocês, mas principalmente os sycoraxianos de Urano, que sempre foram solícitos quando requisitei abrigo em suas tranquilas terras isentaS de gravidade. Desejo que neste ano vindouro todas as pestilências sejam enviadas para a província voadora de Askarbon, e que uma vez por lá sejam responsáveis pela derrocata da poderosa orda de mega-gafanhotos tocadores de oboé e seu macabro reinado de copofragia mental. Nestes últimos séculos tenho profetizado que a Europa Oriental será o berço onde surgirá o terceiro Anticristo, e hoje divulgo que Tamerlão me apareceu em sonhos afirmando que existem 93,4 % de chance de que a encarnação do Belzebu apareça especificamente na Eslovênia ou na Lituânia, sendo que muito provavelmente será manco, hermafrodita e descendente de Gengis Kahn (algo não muito surpreendente, já que uma em cada 200 pessoas no mundo tem descendência com o garanhão mongol). Para finalizar, espero que a matemática prove que os números do futuro quântico não definem com confluência púnica as generalizações do passado despótico. Puskas

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Valentine's


Já faz um tempo
que eu tento pintar seu retrato
entre todas as cores do quarto
entre amor e abajures quebrados
eu tento mesmo
saber direito
dos teus desejos

Já faz um tempo
que as estrelas cairam do céu
e teus olhos dourados de lua
iluminaram
todos os cantos
deste meu mundo
em um segundo

Fico atento
a tigreza pulando os telhados
e a alegria estufando meu peito
vai se espalhando
em sintonia
com a sinfonia
dos longos beijos
dos teus segredos

E quando o tempo
Passar depressa querendo voar
nossos sonhos marcados no mar
nunca se esqueça
que teu sorriso
é poesia
minha menina
doce Luiza

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Lago Baikal



Situado na parte sul da Sibéria Russa, o Lago Baikal, que em russo significa “Lago Rico”, é o lago mais profundo do mundo, com mais de 1600 metros de profundidade. É o sexto em tamanho, com uma área de superfície de 31722 km². É considerado o lago de água potável mais volumoso do mundo, com cerca de 20% da água doce do planeta ali disposta. Estima-se que para encher o Baikal em seu volume atual, seriam necessários que todos os rios da Terra desaguassem nele por pelo menos um ano. São estimados 262 bilhões de litros de água, suficiente para saciar a sede de toda a humanidade pelos próximos 40 anos, e que durante o inverno ficam cobertas numa gigantesca e grossa camada de gelo.



O título de Patrimônio da Humanidade foi concedido pela UNESCO em 1996. Formado há 25milhões de anos, o Baikal é o lago mais antigo do mundo. Chega a ter 636 quilômetros de comprimento e 79 quilômetros de largura, com uma profundidade média de 745 metros. Números geográficos não são os únicos impressionantes, o Lago Baikal ainda possui um dos ecossistemas mais ricos do planeta, é lar de mais de 2600 espécies de animais e vegetais, sendo que mais de 60% destas são endêmicas, ou seja, só se desenvolvem no local. Animais como as nerpas, ou focas-de-baikal uma das menores espécies de focas do mundo. Uma popular forma vertebrada de vida na região do lago são os peixes do gênero Comephorus, que possuem até 20 centímetros de tamanho e são facilmente identificados por terem um corpo translúcido, isto é, os órgãos internos ficam expostos a vista. Peixes da família do esturjão, cujas ovas são a matéria-prima necessária para a produção do caviar, encontram-se em abundância no Baikal, existindo inclusive uma espécie endêmica, o estujão-de-baikal, ameaçado de extinção por seu grande tamanho: não são raros os espécimes que ultrapassam os 125quilos de peso. Na orla do lago, os animais mais comuns são os cervos e os ursos.



Gigantescas linhas de falhas da crosta terrestre marcam o centro do Continente Asiático. Quando, há 80 milhões de anos, tremendos solavancos e terremotos dilataram as falhas, uma porção da crosta terrestre caiu, formando um profundo abismo de lados escarpados. O Lago Baikal foi formado sobre este rifte e mesmo sua parte mais profunda está a 1200 metros acima do nível do mar, fazendo deste o rifte mais profundo da Terra. Algo como uma espécie de açude monumental enchendo de água a enorme cadeia de montanhas no entorno do lago. O Baikal é alimentado por 330 rios, entretanto, apenas um rio nasce dele, o Angara, com 1800 quilômetros de extensão.

sábado, 5 de junho de 2010

medo de bomba


O dia começa sem sol em grossos aneis de fumaça
A chuva caindo sem cor, crianças vendendo desgraça
As maquinas rugem vorazes,aves mutantes debandam também
O lixo se espalha nas calhas, cães e vagabundos não buscam poréns
Pessoas por todos os lados, com seus guarda-chuvas em mãos
Alheios a tudo que passa, blindados contra a podridão
Levando suas vidas vazias, não querem armar confusão
E as trevas se espalham nos ares,
dos deuses que sem mais avisos lançam seu trovão

Então sinta
A magia se espalhando no ar
nossos sonhos velejando no mar
Tudo novo, iluminado é o amor
o amor, o amor, o amor

Nos monstros de concreto e aço sentados em tronos de âmbar
Carrascos vendendo suas almas para que os porcos possoam lucrar
Negociando concordatas, burlando a lei sem temor
Dominam as massas com belas mentiras e falso pudor
Vestem sua negra carapuça, açoitando a honra dos homens de bem
Prisioneiros da babilônia, abaixam a cabeça por alguns vintens
Não buscam sentido na vida, o vírus de Midas já se espalhou
E os canhões da cobiça
disparam sua fúria contra os ideais de justiça e união


Então veja
A magia se espalhando no ar
nossos sonhos velejando no mar
Tudo novo, iluminado é o amor
o amor, o amor, o amor


Farois e sirenes se embatem na cacofonia do caos
Outro dia de vida, ou de sobrevida, pai nosso livrai-nos do mal
A revolta é latente, o horror é pungente, algo logo terá de mudar
Ainda sou consciente, tenho meus direitos, não me deixarei sufocar
Mas o trabalhador moribundo exausto se esparrama em frente a tv
Seus olhos vidrados, hipnotizados por tanta coisa que se vê
Todo entretenimento que ofusca o tormento neste circo de tentações
Propagandas vendendo os aneis e os dedos em centenas de prestações
Bombardeio de imagens, melhor ir com calma que se rebelar
Bons sonhos, meu amigo
A lama é quente mas tome cuidado pra não afundar

Então sinta
A magia se espalhando no ar
nossos sonhos velejando no mar
Tudo novo, iluminado é o amor
o amor, o amor, o amor

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Um Ponto de Vista com Olhos Vermelhos ou As Peculiaridades do Trânsito Porto-alegrense



*publicando aqui o que vai estar na próxima Sextante


PRELUDIO


O ser - humano por vezes se esforça em mostrar que nem sempre o animal com mais cérebro é o mais inteligente. São 18h quando badalam os sinos da Igreja da Matriz, ressoando timidamente pelo gabinete presidencial da Assembléia Legislativa. Poucos minutos depois recolho meus pertences e parto em debandada, como milhares de outros trabalhadores espalhados por Porto Alegre que cumprem o mesmo protocolo. Reunindo-se como formigas, muitos corpos cansados vão retornar aos seus lares após a selvagem rotina diária na busca pelo dinheiro sagrado, pensarão em como a sua vida às vezes pode ser penosa e injusta, mas verão que sua indignação não será notada telepaticamente pela massa amorfa que passa. Finalmente, ao chegarem em suas casas, se entregarão hipnotizados e anestesiados para a cumplicidade da televisão, até que possam tombar exauridos na cama para ter pesadelos com as 10 prestações atrasadas da geladeira que a própria televisão os mandou comprar.

Outros, menos sortudos, não podem retornar para casa ainda. Apesar de terem sido auto-ejetados para as ruas desde quando o dia ainda era noite, estes sofredores têm mais compromissos pendentes a cumprir, como cursos técnicos profissionalizantes para encher a lingüiça de seus currículos, faculdades para melhorar a colocação no mercado de trabalho, ou até mesmo um outro emprego noturno para incrementar a renda. Enquanto o tempo passa correndo sem deixar vestígios, muitos cidadãos tornam-se escravos a costumes mercantilistas cada vez mais arraigados. O processo é tão anestesiante que certos viventes esquecem que existem coisas bacanas na vida além do dinheiro e de seu apelo ao individualismo e a cobiça. É claro que nem todos são assim, mas se algumas pessoas já não sabem mais relaxar a ponto de curtir os prazeres de uma boa trepada, beber uma cerveja gelada com os amigos ou mesmo ficar vadiando na beira do Guaíba assistindo ao pôr-do-sol, só me cabe dizer que cada um traça o destino que pode. Mas é importante ressaltar que não sei se era sobre isso que eu tinha que escrever por aqui.


A MATÉRIA, NO CASO


Saindo pelo prédio anexo do Parlamento, atravesso a faixa de segurança pela Duque de Caxias (num dos poucos locais onde o carro realmente dá a preferência para que o pedestre atravesse) e sigo meu caminho pela rua General João Manuel. Trata-se de um pequeno beco sem saída, local estratégico pela rara possibilidade de estacionar o carro sem precisar pagar por isto, além de ser ponto notório para que mendigos descarreguem seus excrementos. Sigo pelas ruas minadas desviando dos montes de bosta e moscas, passo por meu carro mas ainda não entro nele. Sigo até o final do beco, onde há uma escadaria que desce até a Rua Coronel Fernando Machado, refúgio discreto onde posso fumar meu baseado com mais tranqüilidade. Fico lá por uns 10 minutos relaxando, deixando que a cannabis lentamente vá se espalhando pela minha mente, enquanto algumas pessoas cruzam descendo os degraus, aparentemente indiferentes ao meu ato ilícito. Talvez um indicativo de que a hipocrisia da população em relação ao consumo de maconha está diminuindo, ou talvez seja apenas gente se blindando contra aquilo o que não quer ver. Tanto faz. Logo abaixo, na ampla marquise da escadaria, um jovem sem-teto envolto em papelão e velhos trapos dorme profundamente, alheio a todos que passam.

Então as 18h25, devidamente chapado e preparado psicologicamente para o embate com o trânsito, parto em direção ao Campus do Vale da UFRGS. Ligo o som e procuro me concentrar para interagir ao máximo com meu contexto urbano. O primeiro foco de engarrafamento ocorre já no cruzamento da Duque de Caxias com a Floriano Peixoto, há menos de 500 metros da Praça da Matriz. Carros se apinhando uns sobre os outros numa descida íngreme, disputando cada centímetro de distância em manobras desnecessariamente arriscadas. O sinal abre e, instantaneamente, o segundo carro da fila começa a buzinar para o da frente. É incrível como o trânsito está repleto de masoquistas. Gente que sente tesão em enfiar a mão na buzina para tornar ainda mais insuportável a cacofonia urbana. Preso noutra demorada sinaleira da rua José do Patrocínio sou abordado por Alexandre, vulgo Boca. Sem-teto, ele vende o jornal Boca de Rua para juntar uns trocados extras no seu orçamento de mendigo. Boa pessoa o Boca, certa vez me disse que gostava de morar nas ruas porque, apesar de estar sempre sendo julgado por seu estilo de vida vagabundo, tinha liberdade de fazer o que bem entendesse, e sentia prazer nessa liberdade. Compro um exemplar do jornal, desejo boa sorte a Boca e continuo minha jornada.

Entendo que o ser humano tenha tendências auto-destrutivas as vezes, estamos naturalmente vocacionados para o caos. O problema é que alguns retardados levam isso tão ao pé da letra que transformam seu trajeto urbano diário em verdadeiras guerras. E quando, perto do cruzamento da Venâncio Aires com a avenida João Pessoa, as sirenes de uma ambulância lançam seu rugido de alarme, o cenário assume seu caráter mais apocalíptico. O trânsito, já antes compactado ao extremo, obriga-se a encontrar espaços que não existem para a passagem do gigante de metal. Movimentos imprevisíveis e motoristas desatentos se embaralham na confusão. E quando é restabelecida a ordem, juntamente restabelecido está o engarrafamento. Nestes momentos, a melhor coisa a ser feita é trabalhar a otimização de virtudes como paciência e tolerância, pois não importa o quanto você vai se estressar, isso não vai influenciar na velocidade do congestionamento. Portanto relaxo e aprecio o belo visual oferecido pela bunda de uma vendedora do jornal O Sul. Sei que o conteúdo do impresso pode não ser de grande valor, mas deve-se admitir que a Rede Pampa é criteriosa em relação a escolha das bundas de suas vendedoras ambulantes.



O ápice da concentração de carros ocorre no encontro da Venâncio Aires com a Oswaldo Aranha quando o relógio marca 18h45. Aqui as noções de civilidade e respeito chegam a seus níveis mais selvagens, é cada um por si e o veículo maior contra todos. Os ônibus são como monstros prontos para engolir tudo aquilo que passar sua frente. Mas dentre todos os motoristas assassinos, os mais sanguinários são os que guiam os coletivos da empresa Viamão. Para ser contratado pela Vimão, o condutor deve ter no histórico envolvimento em ao menos três incidentes fatais no trânsito, além de comprovante médico atestando insanidade mental. Sigo pela Protásio Alves para tornar meu martírio ainda mais agonizante, rastejando entre as nuvens do céu e os grossos anéis de fumaça liberados dos escapadores. Motivado por tanta fumaça, decido adicionar um nova ponto ao meu itinerário, e pego a direita pela Barão do Amazonas rumo a boca da Conceição. Já é quinta feira e minha maconha acabou, portanto é imprescindível providenciar uma mão para estar bem preparado para o final de semana. Acompanhando o fluxo sempre lento dos carros, fica visível que os espécimes mecânicos encontrados mais abundantemente são os táxis laranjas, espalhados como rápidas pulgas por todos os lados que se vê. Os táxis, uma necessidade relativa à prisão que o homem tem ao relógio, sempre vivendo no limite do horário, com pressa para chegar em mais compromissos do que realmente poderia se comprometer, recorrendo quando necessário a imprudência destes estricnados veículos.

Não sou muito chegado ao caos urbano. Prefiro o estilo de vida de cidades pequenas e mais acanhadas ao furor de uma metrópole como Porto Alegre, mas existem algumas características que tornam mais aprazível a vida na capital gaúcha. Pelo fato de estar envolta por tantos morros (65% da área do município é composta por eles), vez que outra nos deparamos com belas vistas ao redor. Como quando estou subindo o Morro Santo Antônio e vejo, pelo alto, a cidade se recortando entre árvores e prédios. Entro com o carro pelo beco onde uma pequena fila de outros veículos espera pacientemente para poder adquirir suas reservas de maconha e cocaína. Tudo funciona como num drive-in, você chega, escolhe o produto, paga a quantia e cada um segue feliz para o seu lado. Um comércio tão prático quanto necessário para suprir a ânsia de todos aqueles que querem experimentar percepções transcendentais sobre o mundo através de psicotrópicos. O único risco que existe, além da possibilidade eminente da droga estar em falta, é o de a polícia aparecer para suas esporádicas ronda em volta da boca. Brigadianos se empenhando para barrar o avanço dos narcóticos, a polícia faz a sua parte tentando manter a lei. Mas a verdade é que este problema já não deveria mais ser apenas de responsabilidade polícial, a sociedade precisa perceber as mudanças claras no comportamento da juventude do século XXI para debater com seriedade a questão das drogas. Para minha infelicidade, apenas a maconha de dois estava disponível, o que significava que meus próximos baseados seriam verdadeiras bombas para compensar a baixa qualidade da erva.

Desço de volta para a Bento Gonçalves enquanto a cidade continua pulsando em seu ritmo frenético, que é contraditório ao sentimento de letargia que acomete o motorista infectado pela síndrome da hora do rush. Escapando pelos auto-falantes do carro, Bob Dylan profetiza que a vida não passa de uma piada em “All Along The Watchtower”. Sou obrigado a concordar com o músico, nossas vidas são comédias privadas e temos que saber encarar a situação toda com menos seriedade e mais risadas, senão corremos o risco de ficar realmente loucos. São 19h04, e vou avançando pela avenida acompanhado do zumbido das motocicletas que, agilmente, vão cortando as pistas, escapando entre as frestas. Movem-se feito enxames, em grupos que instintivamente se protegem das maquinas maiores do trânsito. Aqui o fluxo já corre mais, e por isso mesmo a presença dos pardais, que engordam os cofres públicos explorando a distração do ser-humano. Mas se não devemos correr, por que diabos fazem nossos carros tão velozes? Marcam 19h11 quando cruzo os portões da UFRGS, 46 minutos após a arrancar com o celta branco pela rua Duque de Caxias, no centro de Porto Alegre, 15 quilômetros distante. Já é bastante tempo, a metade de uma partida de futebol, mas ainda uma brincadeira infantil perto do psicótico trânsito de São Paulo, onde motoristas impotentes chegam a passar 6 horas a mercê das intempéries dos trajetos urbanos. Estaciono o carro e é assim que a matéria termina.

sábado, 22 de maio de 2010

Darwinismo social de mercado

Entendendo a redemocratização da América Latina como período de abertura política pós-regimes militares, como sintetizar o processo em busca de estabilidade na ordem política em países como Brasil, Argentina, Peru e Bolívia? Apesar das óbvias singularidades variáveis de acordo com a situação sócio-econômica e cultural de cada país, algumas características se repetem pelo continente. As ditaduras privaram uma geração de crescimento intelectual, político e social apropriado, consolidando um sentimento baseado no embate entre capitalismo e socialismo. Com a queda dos regimes socialistas pelo globo, o capitalismo declarou-se vencedor, e facilmente se espalhou como um câncer por todos os lados. Sociedades formadas por constituições que pregam a igualdade, mas que na prática observam a estratificação da população em regimes de semi- servidão. Passou a vigorar então um forte sentimento individualista e consumista, auxiliado ainda pela ascensão dos novos meios de difusão de informação. A televisão exibe comerciais sedutores de belos carros, eletrodomésticos multiuso, fórmulas mágicas de beleza eterna. O consumidor, hipnotizado, anseia estes incríveis produtos, invejando aqueles que os possuem. Quando finalmente alcança seus objetivos consumistas, um novo produto superior ao seu já está no mercado, mais moderno e funcional. Assim se consolida o darwinismo social pós-modernista, onde apenas os mais ricos conseguem se destacar no mundo do mercantilismo selvagem. O acumulo de capitais tornou-se a base de uma sociedade onde, aparentemente, as desigualdades são imprescindíveis. Natas abastadas tem o poder das principais estruturas decisivas, controlando a sua maneira a informação, política e economia, atuando de forma articulada e inescrupulosa para manter o poder em suas mãos. Políticos corruptos vendendo favores a grandes empreiteiros, donos de redes de mídia encobrindo algumas falcatruas, criando intrigas errôneas quando apropriado. Enquanto isso a maioria da população localizada nas bases da pirâmide se tornam fantoches de um regime perverso. Cobaias induzidas pelo mercantilismo a aceitarem a corrupção, a impunidade e as desigualdades como algo comum, sonhando apenas em, quem sabe, comprar um carro novo ano que vêm. O cidadão aos poucos foi perdendo direito por seus próprios direitos, que agora se convertem em produtos. Zequinha está tendo um ataque de pneumonia, mas sua mãe não tem condições de pagar um plano de saúde adequado para ele com seu salário de doméstica. Portanto, ele está fadado a morrer na eterna fila de algum precário hospital público, a não ser que sua mãe se torne prostituta para ganhar mais dinheiro para, finalmente, poder tratar com dignidade da saúde do filho.

Apesar do caráter um tanto apocalíptico deste relato, nem tudo está perdido. Apesar de um tumultuado e confuso período de transição, estamos caminhando para uma sociedade melhor, que lentamente está tomando consciência de valores esquecidos como igualdade e civilidade. Embora as desigualdades sejam grotescas, é certo que ao menos uma parte da população está vivendo melhor, tendo mais acesso aos seus direitos. As disputas pelo poder já não estão tão polarizadas nas mãos do coronelismo e do voto de cabresto, líderes mais responsáveis e coerentes vão assumindo cargos importantes na política, ainda que o convívio entre a nata que sempre esteve confortavelmente no poder com esta nova leva de ex-subjugados e marginalizados crie muitas instabilidades e desconfianças. O pensamento único baseado no capitalismo selvagem aos poucos tem que ser furado por ações revolucionárias de não conformismo. Conceitos como cooperativismo, justiça, respeito às diferenças e fraternidade devem ser inflamados naquelas pessoas que percebem a possibilidade de um mundo menos caótico, e mesmo que existam muitas mais coisas para serem ditas (e outras que eu mesmo escrevi aqui a serem revisadas), este relato acaba aqui.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

falta de inspiração


Faz tempo que não escrevo nada. Algo como garrafas numa salada de gengibre, se é que vocês me entendem. Mas não, vocês não entendem, ou se entendem estão a minha frente, porque eu não entendo. Não quis dizer nada, felizmente, mas meu guia telefônico diz que o nada quer dizer muita coisa. Será? Quem se importa também, no final tudo é geleia mesmo. Geleia cósmica, como tantos outros enterros eslavos. São simplesmente palavras soltas, formando frases sonoramente impactantes. Já ouvi falar que os orgasmos dos caramujos são parecidos com isso tudo, mas me falta conhecimento empírico no assunto para saber se eu sei vagamente sobre o que estou falando. Dizem que as redundâncias fazem parte da viagem, se repetem. No vocabulário estão entre as letras P e Q, num abismo gramatical até hoje incompreensível. Pleonasmos gritantes numa floresta negra, muitas sombras não são o que parecem. Não sei se isso é o que se chama de falta de inspiração, ou talvez sejam apenas gases. Pode até ser fruto da estabilidade. Escrever requer certo grau de caos. DERRAMEM SUA URINA NAS PORTAS DO LIMBO. Aliás, só para constar, o limbo não existe mais, nosso papa decidiu que agora todas as criancinhas mortas vão para o céu mesmo. Então, onde despejaremos nossa urina? São questões importantes como estas que deveriam ser tratadas por nossos políticos, mas eles preferem desviar verbas públicas. O caos é a origem de tudo sempre. A ordem é muito tediosa, frígida demais para ser exposta no papel. Não dá para comer a ordem, falta lubrificação. O que não falta é esperança, pois sempre há os loucos que sonham. Sonhar é legal, berinjela não é tanto. A vida é muito sem graça as vezes. As vezes não, mas como alguns dizem que plutônio desobstrui os poros da pele, é melhor não arriscar. Aliás, nada impede que eu escreva o quanto considero toscas as novas práticas para cultivo de frutas cítricas na região do sudeste catarinense. Muito antiquadas para meus padrões, é hora dessa rapaziada entrar na era da retangularização tribal! Pronto, agora me sinto mais aliviado. No caso é uma questão de prioridade, creio eu. O ser humano fala demais, não entende o valor do silêncio. Caso alguém queira comprar o silêncio, custa 8 reais, e está a venda no olho do cú. Nem sempre é um lugar bonito para se visitar. Por isso prefiro me abster sobre certos assuntos, principalmente em relação a sintaxe e a existência. Quando visitei Delória 15, na constelação de Artrite, falei com um pote de margarina sobre isso. A discussão não rendeu muito. Obviamente, pois margarina não fala, só sabem cantar. Por isso a música as vezes quer dizer muito mais do que parece. Uma vez ouvi um ditado lindo sobre música, que até hoje muito me faz refletir: música é música para os ouvidos. Genial, não? Enfim, bem melhor seria se eu tivesse falado com um dromedário, ou até um grampeador. Muitos questionam a eloquência dos grampeadores. Eu não, sempre escuto com atenção quando um começa a falar. Geralmente eles dizem coisas muito interessantes, mas isso não vem ao caso. O que realmente importa, e que não deve ser jamais esquecido é

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Beijo


O beijo é a comunhão dos lábios
untado em esperanças vãs
embreagado de paixão e lirismo

O beijo, todos os sabores num só
doce qual o desabrochar da primavera
amargo como o fim deve ser

O beijo, sentido dos olhos cegos
atalho para as estrelas da noite
caminho para as incertezas do amor

O beijo, um sonho e um suspiro
desejo sedento em futuros estranhos
folhas secas caida no chão do passado

O beijo é o silêncio perfeito
horizonte distante de mares serenos
a beleza plena do querer sem palavras

O beijo sou eu, é você
o mais sublime poema jamais escrito
para sempre eternizado em nossos lábios

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Era uma vez uma hidra


Quando Jacques acordou, não encontrou ninguém em casa. Serviu uma caneca de leite para si e ligou a TV, mas todos os canais estavam fora do ar. Saiu para rua e continuou caminhando sem conseguir encontrar sequer uma viva-alma. Não haviam cães, gatos, ou mesmo qualquer formiga movendo-se pelo chão. Jacque sentiu então que algo muito extraordinário devia ter ocorrido enquanto ele estava dormindo seu sono profundo, e se assustou quando chegou ao centro da cidade. Tudo parecia morto, nenhum movimento, nenhum ser-vivo. Desesperado, vagava pelas lojas abandonadas com suas portas abertas, vasculhando em busca de respostas ao estranho incidente. Nada fazia sentido para Jacques, que desabou sobre seus joelhos, num mar de lágrimas, em plena avenida principal, que naquela hora deveria pulsar de vida intensamente, ao invés da completa solidão reinante...

Foi então que ele se lembrou que era o dia dos incriveis descontos na torta de maçã da confeitaria Vovó Zilá. Então, Jacques saiu correndo em direção a confeitaria e, para seu completo delírio, estavam todos lá! O Policial Quironcio, o padre Kleumar, o senador Filisteu, a morsa Lili, os protoclumbianos Kjap-4 e DujRF-65, os deuses Apolo e Baco, os rios Tigre e Eufrates, as libélulas Zuzu e Tatá, os mortos Jim Morrison e José de Alencar, a AIDS e o macaco-branco-de-tetas-espiraladas Negrusto.... Enfim, todas as criaturas existente e não existentes do universo estavam na confeitaria, comendo as deliciosas tortas de maçã da Vovó Zilá com descontos inacreditaveis! Só então Jacques se acalmou e pode comer seu pernil de hiena assado ao molho de avelãs em paz.

FIM

segunda-feira, 12 de abril de 2010

tempos turvos


Passaram fugazes os anos
e ainda aqui nós estamos
os mesmos passos desterrados
nos velhos vagões desgovernados
mais uma vez entregues
a sorte da brisa ao relento
novamente sós
tão perto, tão longe

ao certo que tudo é o mesmo
as paineiras cobrem-se majestosas
e os sabiás cantam vibrantes
para a alvorada cumprir sua sentença

mas na ausência de uma presença
até o igual com o tempo
torna-se estranho instrumento
singrando em frias paixões
Com tristes notas a ressoar

pois o infinito não dura mais
que uns poucos e raros instantes
inocente e distraído passante
na eterna névoa da espera

e a memória não é mais
que o próprio céu mortificado
centelhas de tantos passados
tão gastos quanto esquecidos

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O gigante do gelo em chamas e Audumbla, a vaca primordial

LEGENDA: Enquanto Imer bebe na teta de Audumbla, Búri é formado do gelo lambido pela vaca

De acordo com a mitologia nórdica, no início havia somente o mundo das névoas, Niflheim, e o mundo de fogo, Musphelhein, e entre eles havia o Ginungagap, o grande vazio no qual nada vivia. Em Ginungagap, o fogo e a névoa se encontraram formando um colossal bloco de gelo. Como o fogo era vigoroso e eterno, o gelo foi derretendo até surgir a forma de um gigante primordial, Ymir, pai de todos os seres. Ymir dormiu durante muitas eras, e seu suor deu origem aos primeiros gigantes. Foi também do gelo que surgiu a vaca gigante Audumbla, Mãe Terra e símbolo da fecundidade, cujo leite jorrava intensamente por suas tetas para formar os 4 grandes rios que alimentavam Ymir. Enquanto Ymir bebia o leite e ganhava novas forças, a vaca lambeu o gelo e fez surgir, das cálidas gotas que salpicavam os rochedos cobertos de neve, outro ser vivo e de forma humana, Búri. Búri depois gerou Borr, e este se casou com Bestla, filha de Bölthorn, o gigante. Juntos, Borr e Bestla tiveram três filhos, o primogênito Odin, Æsir primordial e deus maior do panteão nórdico, e seus irmãos, Vili e Ve. Os filhos de Borr enfim destroçaram o corpo de Ymir e, a partir de sua carcaça destruída, criaram o mundo. De seus ossos e dentes surgiram as rochas e as montanhas e de seu cérebro disperso surgiram as nuvens.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Alice e a Duquesa no jogo de críquete da Rainha de Copas


“Você não pode imaginar como eu estou feliz em vê-la novamente, minha queridinha”, disse a Duquesa, tocando afetuosamente o braço de Alice, passando a caminhar junto com ela.
Alice ficou feliz por encontrá-la de bom humor, e pensou consigo mesma que talvez fosse a pimenta que a deixava tão selvagem como quando as duas se conheceram na cozinha.
“Quando eu for uma Duquesa”, ela disse para si mesma (não em um tom muito esperançoso), “não vou usar pimenta em minha cozinha de jeito nenhum. Sopa cai muito bem sem isso talvez seja a pimenta que deixe as pessoas mal-humoradas”, ela continuou, bem feliz de ter descoberto um novo tipo de regra, “e o vinagre as deixa azedas...e a camomila as deixa amargas...e...e as balas de cevada e este tipo de coisas é que deixam as crianças tão doces. Eu queria que as pessoas soubessem disso: então, eles não seriam tão sovinas com doces, sabe...”
Ela quase se esqueceu da Duquesa nessa hora e levou um pequeno susto quando ouviu sua voz perto dos ouvidos.
“Você está pensando em alguma coisa, minha querida, e isso faz você esquecer de falar. Eu não posso lhe dizer agora qual é a moral disso mas vou lembrar num instante.”
“Talvez não haja nenhuma”, Alice aventurou-se a observar.
“Ora, ora, criança!”, retrucou a Duquesa. “Tudo tem uma moral, se você encontrá-la.” E foi se apertando contra Alice enquanto falava.
Alice não gostou muito de estar tão perto dela, em primeiro lugar porque a Duquesa era muito feia, e em segundo lugar porque era do tamanho exato para apoiar o queixo sobre o ombro de Alice, e possuía um queixo muito pontudo. Entretanto, Alice não queria ser rude e por isso agüentou o quanto pôde.
“O jogo parece estar bem melhor agora”, disse para manter a conversa.
“Perfeito”, respondeu a Duquesa, “e a moral disso é...‘Oh!, é o amor, é o amor que faz o mundo girar!’”
“Alguém disse”, Alice murmurou, “que ele gira quando cada um cuida dos seus próprios negócios.”
“Ah! Bem! Isto quer dizer quase a mesma coisa”, disse a Duquesa enfiando o queixo pontudo nos ombros de Alice, completando, “e a moral disso é...‘Tome conta do sentido e os sons tomarão conta de si mesmos.”
“Como ela gosta de achar uma moral em tudo!”, Alice pensou consigo mesma.
“Aposto como você está pensando porque eu não coloco meu braço na sua cintura”, a Duquesa falou, depois de uma pausa. “A razão é: tenho dúvidas em relação ao humor do seu flamingo. Posso experimentar?”
“Ele pode bicar”, Alice cautelosamente replicou, não se sentindo nem um pouco a fim de que ela tentasse.
“Bem verdade”, disse a Duquesa, “flamingos e a mostarda bicam. E a moral disso é...‘Pássaros da mesma plumagem voam juntos’.”
“Só que a mostarda não é um pássaro”, Alice observou.
“Certo. Como sempre”, disse a Duquesa, “você tem uma maneira muito clara de colocar as coisas!”
“É um mineral, eu acho”, disse Alice.
“É claro que é”, disse a Duquesa, que parecia pronta para concordar com tudo que Alice dissesse. “Há uma grande máquina de mostarda perto daqui. E a moral disso é...‘Quanto mais tenho para mim, menos sobra para os outros’.”
“Ah!, já sei!”, exclamou Alice, que não tinha prestado atenção à última observação da Duquesa. “É um vegetal. Não parece com um mas é.”
“Eu concordo com você”, disse a Duquesa, “e a moral disso é...‘Seja o que você parece ser’...ou, se você prefere colocar isso de um jeito mais simples...‘Nunca se imagine diferente do que deveria parecer para os outros o que você fosse ou poderia ter sido não seja diferente do que você tendo sido poderia ter parecido para eles ser diferente’.”
“Eu acho que poderia entender melhor”, disse Alice polidamente, “se eu tivesse isso por escrito: não consigo seguir com você falando.”
“Isso não é nada em comparação com o que eu poderia dizer, se quisesse”, replicou a Duquesa num tom de prazer.
“Por favor, não se dê ao trabalho de dizer isso mais complicado que já disse”, falou Alice.
“Oh, não fale em dar trabalho”, disse a Duquesa. “Dou-lhe de presente tudo o que já falei até agora.”
“Um tipo de presente bem barato!”, pensou Alice. “Fico feliz que as pessoas não costumem dar presentes de aniversário como esses!”. Mas ela não se aventurou a dizer issso em voz alta.

*extraido de "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carroll

quinta-feira, 11 de março de 2010

Auto-experiência


4/19/43

16:20: 0,5 cc de 1/2 solução aquosa de promil tartarato de diethylamide oralmente =0,25 mg. de tartarato. Tomado diluído com aproximadamente 10 cc. de água. Insípido.

17:00: Começando uma vertigem, sentimento de ansiedade, de distorções visuais, sintomas deparalisia, desejo de rir.

Suplemento de 4/21: Fui para Casa através de bicicleta. Das 18:00 às 20:00 crise mais severa.


Aqui cessam as notas do meu diário de laboratório. Eu só pude escrever as últimas palavras com umgrande esforço. Agora já estava claro para mim que o LSD tinha sido a causa da notável experiência da sexta-feira prévia, pelas percepções alteradas que eram do mesmo tipo de antes só que com uma intensidade muito maior. Eu tive que lutar para falar de forma inteligível. Eu pedi para meu assistente de laboratório, que estava ciente da minha auto-experiência, que me acompanhasse até minha casa. Nós fomos de bicicleta, nenhum automóvel estava disponível por causa das restrições de seu uso durante a guerra. Uma vez em casa, minha condição começou a assumir formas ameaçadoras. Tudo em meu campo de visão oscilava e estava distorcido como se visto num espelho torto. Eu também tive a sensação de estar impossibilitado de sair do lugar. Não obstante, meu assistente me falou depois que nós tínhamos viajado muito rapidamente. Felizmente nós chegamos em casa são e salvos e eu fui capaz de pedir para meu companheiro chamar nosso médico de família e mesmo pedir leite aos vizinhos.

Apesar da minha condição delirante, confusa, eu tive breves períodos de pensamento claro e efetivo e escolhi leite como um antídoto não específico para o envenenamento. A vertigem e sensação de desmaio às vezes ficavam tão fortes que eu já não podia ficar em pé e tive que me deitar num sofá. Meus ambientes tinham se transformado agora de modo terrificante. Tudo no quarto estava girado ao meu redor e os objetos mais familiares, as peças de mobília assumiam formas grotescas, ameaçadoras. Elas estavam em contínuo movimento, animadas, como se dirigidas por uma inquietude interna. A vizinha, que eu reconheci parcamente, trouxe-me leite e, durante a noite, bebi mais de dois litros. Ela não era mais nenhuma Senhora R., mas sim uma bruxa malévola, insidiosa com uma máscara colorida.

Até pior que estas transformações endiabradas do mundo exterior, eram as alterações que eu percebia em mim, em meu próprio ser interno. Todo esforço na minha tentativa para pôr um fim na desintegração do mundo exterior e na dissolução de meu ego, parecia ser um esforço desperdiçado. Um demônio tinha me invadido, tinha tomado posse do meu corpo, mente, e alma. Saltei, gritei e tentei me livrar dele, entretanto afundei novamente e me deitei impotente no sofá. A substância, que eu tinha querido experimentar, tinha me derrotado. Era o demônio que desdenhosamente triunfava sobre minha vontade. Fui tomado pelo terrível medo de ter ficado louco. Eu fui levado para um outro mundo, um outro lugar, um outro tempo. Meu corpo parecia estar sem sensações, inanimado, estranho. Estaria eu morrendo? Esta era a transição? Às vezes eu acreditava que estava fora do meu corpo e então percebia claramente, como um observador externo, a completa tragédia da minha situação. Eu nem mesmo tinha tido a oportunidade de me despedir da minha família (minha esposa, com nossas três crianças, tinha viajado naquele dia para visitar seus pais, em Lucerne). Entenderiam eles que eu não tinha experimentado irrefletidamente, irresponsavelmente, mas com uma precaução bastante extrema e isto era um resultado totalmente imprevisível? Meu medo e desespero se intensificaram, não só porque uma família jovem poderia perder seu pai, mas também porque eu temia ter que deixar meu trabalhode pesquisa química inacabado no meio de um desenvolvimento frutífero, promissor. Outra reflexão que tomou forma foi uma idéia cheia de ironia amarga: se eu fosse forçado a deixar este mundo prematuramente, seria por causa deste ácido lisérgico diethylamide que eu mesmo tinha trazido ao mundo.

Antes que o doutor chegasse, o clímax da minha desesperada condição já tinha passado. Meu assistente de laboratório o informou sobre minha auto-experiência porque eu não era ainda capaz de formular uma frase coerente. Ele, perplexo, balançou sua cabeça depois de minhas tentativas para descrever o perigo mortal que ameaçava meu corpo. Ele não pôde descobrir nenhum sintoma anormal diferente das pupilas extremamente dilatadas. Pulso, pressão sanguínea e a respiração estavam totalmente normais. Ele não via nenhuma razão para prescrever qualquer medicamento. Ao invés disso ele me levou para minha cama e ficou me vigiando. Lentamente eu voltei de um mundo misterioso, pouco conhecido e reassumindo a realidade cotidiana. O horror suavizou-se e deu lugar a um sentimento de muita felicidade e gratidão, quanto mais normais as percepções e os pensamentos devolvidos, fiquei mais confiante de que o perigo da loucura tinha definitivamente passado. Agora, pouco a pouco, eu poderia começar a desfrutar as cores sem precedentes e os jogos de forma que persistiram por trás de meus olhos fechados. Imagens caleidoscópicas, fantásticas surgiram em mim, variando, alternando, abrindo e então se fechando em círculos e espirais, explodindo em fontes coloridas, reorganizando e se cruzando em fluxos constantes. Era particularmente notável como cada percepção acústica, como o som de uma maçaneta de porta ou de um automóvel passando, foi transformada em percepção óptica. Todo som gerava uma vívida imagem variável, com sua própria forma, consistência e cor.

Mais tarde, à noite, minha esposa voltou de Lucerne. Alguém a tinha informado, através de um telefonema, que eu estava sofrendo um desarranjo misterioso. Ela tinha voltado para casa imediatamente e tinha deixado para trás as crianças com os pais dela. Até então eu já tinha me recuperado suficientemente para lhe contar o que tinha me acontecido. Exausto, então eu dormi para despertar na próxima e fresca manhã com uma mente clara, embora ainda um pouco cansado fisicamente. Uma sensação de bem-estar e vida renovada fluía por mim. O café da manhã teve um gosto delicioso e me deu um extraordinário prazer. Quando depois eu fui ao jardim, no qual o sol brilhava depois de uma chuva da primavera, tudo brilhou e centelhou numa luz fresca. O mundo era como se tivesse sido recentemente criado. Todos meus juízos vibravam em uma condição mais alta de sensibilidade que persistiu durante o dia inteiro. Esta auto-experiência mostrou que o LSD-25 se comportara como uma substância de propriedades psicoativas extraordinárias e com muita potência. Não havia no meu conhecimento, nenhuma outra substância que provocasse tais efeitos psíquicos profundos em tais doses extremamente baixas e que causassem tais mudanças dramáticas na consciência humana e na nossa experiência do mundo interior e exterior.

O que parecia mais significante era que eu podia até mesmo lembrar-me da experiência de inebriação do LSD em todos os detalhes. Isto só poderia significar que a função gravadora da consciência não foi interrompida, até mesmo no clímax da experiência do LSD, apesar do desarranjo profundo da visão normal do mundo. Durante toda a experiência, eu tinha estado ciente, até mesmo atento, da participação em uma experiência, mas apesar deste reconhecimento da minha condição, não pude eu, com todo o esforço do meu querer, sacudir o mundo do LSD. Tudo foi experimentado como
completamente real, como uma realidade alarmante; alarmante porque o quadro da outra, a familiar realidade cotidiana, ainda tinha sido completamente preservada na memória para comparação. Outro aspecto surpreendente do LSD foi sua habilidade de produzir um estado de longo alcance, poderoso de inebriação, sem deixar uma ressaca. Totalmente ao contrário, no dia seguinte ao experimento do LSD eu mesmo me senti, como já descrevi, em excelente condição física e mental. Eu estava seguro que o LSD, uma combinação ativa nova com tais propriedades, teria que ter uso na farmacologia, na neurologia e especialmente na psiquiatria, e que atrairia o interesse dos especialistas envolvidos. Mas naquele momento eu não tive nenhuma percepção de que a nova substância também viria a ser usada, além da ciência médica, como um inebriante no cenário das drogas. Considerando que minha auto-experiência tinha revelado o LSD em seu terrificante e endiabrado aspecto, a última coisa que eu poderia ter esperado era que esta substância pudesse mesmo achar aplicação como qualquer coisa se aproximando de uma droga de prazer. Eu, além disso, não reconheci a conexão significante entre a inebriação do LSD e as experiências visionárias espontâneas, até muito mais recente, depois de experiências adicionais que foram levadas a cabo com doses muito mais baixas e debaixo de condições diferentes.

No próximo dia eu escrevi ao Professor Stoll o relato acima mencionado, informando sobre minha experiência extraordinária com o LSD-25 e enviei uma cópia ao diretor do departamento farmacológico, Professor Rothlin.

Como esperado, a primeira reação foi de uma incrédula surpresa. Imediatamente uma chamada telefônica veio da administração; o Professor Stoll perguntou: "Você está certo que não cometeu nenhum engano de julgamento? A dose declarada está realmente correta?" Professor Rothlin também me chamou e fez a mesma pergunta. Eu estava certo deste ponto, porque tinha executado o peso e a dosagem com minhas próprias mãos. Ainda que suas dúvidas fossem até certo ponto justificadas, até então nenhuma substância conhecida tinha exibido o efeito psíquico mais leve até mesmo em doses de fração de um miligrama. Uma combinação ativa de tal potência parecia quase incrível. O Professor Rothlin e dois de seus colegas foram os primeiros a repetir minha experiência, com só um terço da dose que eu tinha utilizado. Mas até mesmo naquele nível, os efeitos ainda foram extremamente impressionantes e bastante fantásticos. Todas as dúvidas sobre as declarações do meu relatório foram eliminadas.


*extraido de "LSD - Minha Criança Problema", de Albert Hofmann

sexta-feira, 5 de março de 2010

Sobre a origem do universo


Giovani estava passeando pelas ruas de Riad, na Arábia Saudita, cantarolando alegres canções estonianas e estreando suas recém-compradas sapatilhas de passeio rosa quando, de repente, uma ninfomaníaca flor carnívora bípede gigante saiu correndo em disparada na sua direção e, num só golpe, abocanhou suas pernas. Os fortes dentes da ninfomaníaca flor carnívora bípede gigante dilaceraram com facilidade as pernas de Giovani, que ficou estendido no chão gemendo de dor numa poça de sangue e tripas soltas. Mas a dor do pobre rapaz não durou muito tempo, pois logo sua cabeça foi esmagada pela pata de um elefante verde que passava pelo local liderando a milícia de mamíferos pós-radioativos que logo iriam duelar contra os seres da botânica transgênica neo-nazista pelo controle das jazidas petrolíferas do Oriente Médio. Porém, como a bioquímica do contato entre os seres envolvidos na batalha era inexplicável, todos os bravos guerreiros de ambos os lados foram transportados para uma dimensão paralela muito compacta, onde cresciam nabos por todos os lados com extrema velocidade. Logo os incontroláveis nabos ocuparam todos os espaços da famigerada dimensão, e os mamíferos pós-radioativos, juntamente com os seres da botânica transgênica neo-nazista, foram se fundido ao nabo absoluto, que explodiu e deu origem ao universo.

Os escravos escravizadores da Libéria


A Libéria é mais um pais miserável da África Ocidental. Foi fundada por seis mil negros norte-americanos, ex-escravos que ganharam a área de presente de seus antigos patrões, para que assim pudessem viver na terra de seus antigos ancestrais. Os brancos não faziam isso por caridade, mas sim para expulsar dos EUA seus negros recém libertos, já que por “seus instintos selvagens” estes não conseguiriam se adequar a uma sociedade livre e aumentariam os níveis de criminalidade.

Aportaram na costa da Monróvia e deram o nome de “Terra Livre” (Libéria, em latim) ao seu novo lar. Na Terra Livre Africana, os ex-escravos passaram a escravizar a população local, afinal este era o único modelo social que conheciam. Haviam nascido na escravidão, seus pais e avós haviam nascido escravos, então é natural que, agora libertos, adotassem o sistema em suas vidas. Não era possível a eles vislumbrar um mundo onde todos vivessem em liberdade.

Em pouco tempo os “refinados” américo-liberianos organizaram uma sociedade a parte dos “selvagens” liberianos. Criaram uma constituição e um modelo político semelhante aos dos EUA, definiram a religião Batista como oficial e se declararam os únicos cidadãos por direito. Como não podiam se diferenciar da população local pela cor de pele, mostravam sua “superioridade” vestindo-se com a pompa e requinte de seus senhores na América, utilizando fraques, luvas e chapéus, mesmo nos dias de calor escaldante.

Os américo-liberianos instituíram o sistema do partido único, com o True Whig Party ficando no poder por um total de 111 anos. Foram demarcados territórios para isolar as 16 tribos locais do convívio dos negros da América, e quando estas ultrapassavam seus limites eram severamente punidas pela bem organizada e armada polícia da Monróvia. Quando estourava alguma rebelião, esta mesma polícia era enviada para realizar expedições punitivas com o objetivo de capturar escravos. A escravidão permaneceu

segunda-feira, 1 de março de 2010

Tipuana Rezagada


Viene tu belezza en cumpleaños
Visitando los sueños más lejanos
Una sonrisa de luna creciente
Por entre las estrellas baldias

Dulce flor de noviembre
Brotando em mis recuerdo
Chispeando en la rubia plumaje
De las tipuanas retorcidas

Tus huellas encontré
En el camino por donde pasé
Haciendo la mente volar
Al mate siempre a bailar
En la noche hoy tan solita

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

batida pela consciência


E você pensa que me conhece
Mas nunca entende o que eu quero te dizer
A vida é curta e as coisas passam
Voando pela sua mente que não quer ver
Toda a poesia e toda a beleza
E os mistérios da lua e do trovão
Seus pensamentos são controlados
Seus olhos sempre voltados para o chão
Você se sente tão confuso
Quando a verdade começa a brotar
Os cães latindo no escuro
A hipnose estranha das notas do som a vibrar
Pois saibam
Que a minha voz nunca vai se calar
Minha batida pela consciência irá retumbar
No coração dos valentes que batalham
Por um mundo de harmonia e paz
Você não passa de um produto
Fantoche da lavagem cerebral
Dinheiro para sua laia é tudo
Sucesso é ser capa de jornal
A sociedade te rotula
E tu aceitas sem arriscar um não
E vai fluindo na massa
Da hipocrisia e da corrupção
A sua música tão vendida
Apologia de babaquisação
Teus ideais uma mentira
Numeros presos na conta do cartão
A natureza é uma miragem
Milhões de pixels na tela da tevê
A fantasia da realidade
Abra os olhos para quem sabe um dia entender

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

carnelevarium

As exatas origens do carnaval são obscuras. É possível que suas raízes se encontrem num festival religioso de primitivos povos pagãos do Mediterrâneo, que homenageava o início do Ano Novo e o ressurgimento da natureza. Mais fundamentada, porém, é a hipótese de que a festa tenha se originado na Grécia em meados dos anos 600 a.C., quando, em homenagem ao Deus Dionísio, os gregos realizavam seus cultos em agradecimento pela fertilidade do solo e pela produção. Posteriormente romanos inseriram bebidas e orgias sexuais na festa da fertilidade, o que tornou a comemoração intolerável aos olhos da então recente Igreja Católica. O carnaval tornou-se então uma festa condenada por suas realizações em canto e dança que aos olhos cristãos eram atos pecaminosos. Entretanto, em 590 d.C., a festa passou a ser adotada também pelo Catolicismo, mas com o adendo oficial da Igreja que bania os ditos “atos pecaminosos”, deturpando assim as reais origens de alegria do carnaval. Somente em 1545, durante o Concílio de Trento, o carnaval voltou a ser uma festa popular.

O termo carnaval é encontrado já no latim medieval, como carnem levare ou carnelevarium, que significava a véspera da quarta-feira de cinzas, isto é, a hora em que começava a abstinência da carne durante os quarenta dias nos quais, no passado, os católicos eram proibidos pela igreja de comer carne. No período do Carnaval havia uma grande concentração de festejos populares, onde cada cidade brincava a seu modo de acordo com seus costumes. O Carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX tendo sido a cidade de Paris o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo. Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspirariam no Carnaval parisiense para implantar suas novas festas carnavalescas.

Em meados do século XVIII, o carnaval chegou ao Brasil sob influência açoriana do Entrudo, festejo importado dos Açores. Desde então, passaram a ocorrer desfiles de pessoas fantasiadas e mascaradas. Somente no século XIX que os blocos carnavalescos surgiram com carros decorados e pessoas fantasiadas da forma semelhante à de hoje. Atualmente, nem um décimo do povo participa hoje ativamente do carnaval, ao contrário do que ocorria em sua época de ouro, do fim do século XIX até a década de 1950. Entretanto, o carnaval brasileiro ainda é considerado um dos melhores do mundo, seja pelos turistas estrangeiros como por boa parte dos brasileiros, principalmente o público jovem que não alcançou a glória do carnaval verdadeiramente popular.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

making better

Astronalts of the smelting sky
The time travelers in a kind of binocular
The sadness bird in my timeless sorrow
The ghostly shadow in my temporarie memories
And you are my insanitie of the midnight
And you are the flower that I can see

You and me making better
You and my doing togheter

Burn your mind


It's hard to explain
The moon it's so quite today
The light's crying so far away
So far so good in my peaceful mind

The fire making the heart so fine

The sky blue and marmalade
The road shine so easy by the way
A right star in my blessed window
The blast stuck in a lonely paper
Im going bid farewell to my story
Im going to the island of my glory

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Desenhos de nuvens coloridas em tonalidades de uma interessante vastidão poética

Numa enxurrada de palavras aparentemente desconexas em contradições aparentemente harmoniosas, em dinamismos que se dizem atuais cantando sempre as mais fraternas canções de batalhas campais digeridas por um urso negro explodindo dementalmente suas vísceras e abdicando dos hábitos mais ingratos, das mazelas mais profundas, dos hiatos mais concissos, das profusões mais dentísticas, malandrismos dilacerados pelo fogo que varre desde o norte até o norte do norte, norteado pela norma nórdica dos normandos nortenhos do caribe, desejos lúdicos de uma mente em explanação devastada chegando profunda harmonia do caos azulado.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Garranchos


Incessante
Movimento na busca
Pelas cores mais vivas
Pelos garranchos mais
Cândidos

A beleza da feiura
A estranheza do diferente
Rabisco de tantos seres
Superiores
Moldados em formas
Dúbias

Onda após onda de pura
Singularidade
Nas percepções únicas
Dum turbilhão de
Inata originalidade

Sol, mar, amor
Estrelas, vergonha
Nuvens de poeira
Passando
Garranchos de um
Vagabundo
E só dele
Só dele