quinta-feira, 22 de abril de 2010

Era uma vez uma hidra


Quando Jacques acordou, não encontrou ninguém em casa. Serviu uma caneca de leite para si e ligou a TV, mas todos os canais estavam fora do ar. Saiu para rua e continuou caminhando sem conseguir encontrar sequer uma viva-alma. Não haviam cães, gatos, ou mesmo qualquer formiga movendo-se pelo chão. Jacque sentiu então que algo muito extraordinário devia ter ocorrido enquanto ele estava dormindo seu sono profundo, e se assustou quando chegou ao centro da cidade. Tudo parecia morto, nenhum movimento, nenhum ser-vivo. Desesperado, vagava pelas lojas abandonadas com suas portas abertas, vasculhando em busca de respostas ao estranho incidente. Nada fazia sentido para Jacques, que desabou sobre seus joelhos, num mar de lágrimas, em plena avenida principal, que naquela hora deveria pulsar de vida intensamente, ao invés da completa solidão reinante...

Foi então que ele se lembrou que era o dia dos incriveis descontos na torta de maçã da confeitaria Vovó Zilá. Então, Jacques saiu correndo em direção a confeitaria e, para seu completo delírio, estavam todos lá! O Policial Quironcio, o padre Kleumar, o senador Filisteu, a morsa Lili, os protoclumbianos Kjap-4 e DujRF-65, os deuses Apolo e Baco, os rios Tigre e Eufrates, as libélulas Zuzu e Tatá, os mortos Jim Morrison e José de Alencar, a AIDS e o macaco-branco-de-tetas-espiraladas Negrusto.... Enfim, todas as criaturas existente e não existentes do universo estavam na confeitaria, comendo as deliciosas tortas de maçã da Vovó Zilá com descontos inacreditaveis! Só então Jacques se acalmou e pode comer seu pernil de hiena assado ao molho de avelãs em paz.

FIM

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