quinta-feira, 26 de abril de 2012

Let me take you down, ou formigas



Prelúdio

Primeiro tu percebe as formigas, pequeninas, passando abaixo de ti. Trabalhadoras, organizadas, insignificantes. Frente aqueles frágeis seres, tu é um monstro de tamanho descomunal, um deus. E tu sabes  o quão complexa e poderosa é a estrutura do ser-humano, o poder do teu tamanho comparado ao das indefesas formigas. Então, friamente, tu pisa sobre as formigas, esmaga elas, por puro instinto assassino, crueldade, complexo de gigantismo.
Mas então a consciência pesa, e tu pensa que é o menor dos seres do universo, uma fraca estrutura corporal com vida efêmera e patética, que vai simplesmente viver, morrer e apodrecer como toda e qualquer coisa nesse pequeno planeta do sistema solar chamado Terra. Como as próprias formigas na qual tu acabou de pisar.


Drogas ou sentimentos

Tu dá um cala a boca na tua mente e acende o baseado. Pensa que é difícil de ser alguém, mas isso não importa muito, porque nada importa muito. É difícil sintonizar com tantas frequências confusas, as frequências de tantas pessoas, tantas ideias, tantos compromissos, informações, necessidades, obrigações, limites. Parece muita coisa para pouco propósito. E tu pensa que, no final, tudo não passa de um sonho, um sonho na qual estamos acordados, mas que entendemos muito pouco. Um sonho dominado por nossas emoções.
Qualquer busca por qualquer objetivo, o que quer que se trace na vida parece não ter nenhuma significância, serve apenas como combustível para suprir as emoções do ego.  Apenas palavras tentando expressar um conceito mental sempre mutante, que não pode ser definido somente em palavras. Amor, ódio, medo, felicidade, depressão, dor, prazer. São como drogas, sensações e estímulos captados por nosso cérebro, na qual ficamos viciados. E que estão entrelaçados, se fundem formando emoções cada vez mais complexas, mixadas.



You know I'd give you everything I've got for a little peace of mind

Mas isso tudo que se foda, porque a roda gira com o baseado. E tu é parte de um todo, sente fluir o prazer. E estão todos juntos a sua volta, todas as energias são positivas, todos cantando, sorrindo, viajando pelo gigante e louco navio. São um milhão de cores, dois mil seres de doze diferentes galáxias, cinco diferentes dimensões. E guitarras vibrando, derretendo-se em vibrações quentes. Isso tudo é demais, as pessoas e jupterianos girando, as lhamas e os visigodos de Delória dançando, e tu se sente consumido pelo torpor do momento. Simplesmente decide que é hora de voar, abre tuas grandes e brancas asas de arcanjo e ganha os céus. Você então vê o grande balão mágico - conduzido pelo simpático dromedário Nefastus, saudoso primo do dromedário Molina - deixar o rastro de arco-íris pelas nuvens, laranjas no pôr do sol. E tu pensa que o mundo é bonito, mas sabe que o balão logo vai explodir. E quando o balão explodir, as formigas estarão de volta, e serão monstros enormes, cruéis, assassinos que arrancarão, na primeira mordida, a sua maldita cabeça.



photos by RandySlavin

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