terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Krampus: O demônio de Natal



Krampus é uma criatura mitológica que surge na época do Natal, segundo lendas do folcore alemão e leste europeu. A palavra Krampus vem de “Krampen”, palavra que significa "garra" do alto alemão antigo.
Nos Alpes, Krampus é representado as vezes como um ser travesso, ou um selvagem,cou uma criatura demoniaca horrenda: metade homem, metade bode,  peludo e com grandes chifres, carregando correntes ou pedaços de pau. Incorporado pela mitologia cristã, o Krampus também apresenta semelhança com os sátiros (faunos) da mitologia grega, só que com uma pitada a mais de maldade e sociopatia. O personagem é uma antítese a São Nicolau, o popular santo cristão que virou Papai Noel em nossa cultura ocidental. Enquanto Papai Noel dá presentes para as crianças boas, o Krampus assusta e pune as más crianças.
O bicho é uma figura tão forte do folclore “pagão”  europeu que conseguiu sobreviver à Insquisição da Igreja Católica, quando esta acusava e bania qualquer celebração a ídolos que não fossem parte da religião.  No século 17, o Krampus foi incorporado nas festividades do Natal católico, e começou a fazer companhia a São Nicolau em suas viagens natalinas. Desehos do século XIX mostram Krampus como um velho com barba e chapeu pontudos,
Um mito antigo sobre oa criatura deve assustar muitas criancinhas: ele diz que Krampus entra nas casas procurando crianças más, que mentem ou se comportaram mal durante o ano; assim que encontra uma, ele a prende com correntes enferrujadas e depois as leva embora, colocando-as dentro de uma grande cesta para, depois, jogá-las em uma fogueira, direto para o inferno

A tradição em Krampus

Apesar de não ser tão viva como no passado, ainda hoje a imagem de Krampus ressurge na época do Natal em países germânicos e eslavos. Tradicionalmente,  jovens de cidades na Hungria, Eslovênia, Croácia, Áustria e Alemanha  se vestem de Krampus nas duas primeiras semanas de dezembro vagando pelas ruas, assustando crianças com sinos e correntes enferrujadas. Particularmente no anoitecer de 5 de dezembro, os Krampus se multiplicavam.
Segundo a Wikipedia Brasileira, “As fantasias modernas de Krampus consistem em uma Larve (máscaras de madeira), pele de ovelha e chifres. A manufatura das máscaras artesanais demanda um esforço considerável, e vários jovens em comunidades rurais dos alpes competem nos eventos do Krampus”.
Nos anos 30, a Áustria chegou a banir a tradição em Krampus, considerando a criatura uma imagem negativa para as crianças.  E hoje em dia, os festejos a Krampus em algumas partes (principalmente urbanas) do país tem uma motivação diferente. Ao invés de vestir fantasias e assustar crianças, os jovens se reunem para encher a cara e, vez que outra, entrar em uma briga, destruir uma lixeira ou coisa do tipo.


Também permanece existindo a tradição de  trocar cartões com imagens do ser, os chamados Krampuskarten (Cartões do Krampus), com imagens da criatura atacando/atrapalhando crianças, ou até mesmo insinuando-se para mulheres. Os cartões geralmente vem com o escrito Grüß vom Krampus (Lembranças do Krampus) e acompanham poemas ou frases maliciosos, engraçados ou assustadores.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Halloween: indo muito além do Dia das Bruxas


Durante idade média, Inquisição Católica queimava "bruxos" e infiéis nas fogueiras

A origem do halloween remonta às tradições dos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha, entre os anos 600 a.C. e 800 d.C.. Originalmente, o halloween não tinha relação com bruxas. Era um festival do calendário celta da Irlanda, o festival de Samhain, celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro e que marcava o fim do verão (samhain significa literalmente "fim do verão").
A celebração tem marcadas diferenças em relação às atuais abóboras com faces aterrorizantes ou da famosa frase "Gostosuras ou travessuras". Essas  marcas, exportadas pelos filmes do Estados Unidos, fizeram com que se populariza-se a comemoração até mesmo aqui no Brasil, que nada tem a ver com a data ou com a antiga cultura celta.
A relação do Halloween com as bruxas propriamente ditas teria começado na Idade Média no seguimento das perseguições incitadas por líderes políticos e religiosos, sendo conduzidos julgamentos pela Inquisição, com o intuito de condenar os homens ou mulheres que fossem considerados curandeiros e/ou pagãos. Todos os que fossem alvo de tal suspeita eram designados por bruxos ou bruxas, com elevado sentido negativo e pejorativo, devendo ser julgados pelo tribunal do Santo Ofício e, na maioria das vezes, queimados na fogueira nos designados “autos-de-fé”. Também tem aquela história já conhecida, de que as bruxas eram afogadas pelos religiosos e, se elas fossem bruxas de verdade, conseguiriam se salvar usando a magia.

Do antiga tradição celta ao Dia dos finados católico

A origem pagã da data tem a ver com a celebração celta chamada Samhain, que tinha como objetivo dar culto aos mortos. A invasão das Ilhas Britânicas pelos Romanos (46 a.C.) acabou mesclando a cultura latina com a celta, sendo que esta última acabou minguando com o tempo. Em fins do século II, com a evangelização desses territórios, a religião dos Celtas, chamada druidismo, já tinha desaparecido na maioria das comunidades. Pouco sabemos sobre a religião dos druidas, pois não se escreveu nada sobre ela: tudo era transmitido oralmente de geração para geração.
Sabe-se que as festividades do Samhain eram celebradas muito possivelmente entre os dias 5 e 7 de novembro (a meio caminho entre o equinócio de verão e o solstício de inverno). Eram precedidas por uma série de festejos que duravam uma semana, e davam ao ano novo celta. A "festa dos mortos" era uma das suas datas mais importantes, e sua tradição pode ter sido “importada” pela igreja católica.
Para os celtas, o lugar dos mortos era um lugar de felicidade perfeita, onde não haveria fome nem dor. A festa era celebrada com ritos presididos pelos sacerdotes druidas, que atuavam como "médiuns" entre as pessoas e os seus antepassados. Dizia-se também que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar seus antigos lares e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo.

O costume das fantasias

Se analisarmos o modo como o Halloween é celebrado hoje, veremos que pouco tem a ver com as suas origens: só restou uma alusão aos mortos, mas com um carácter completamente distinto do que tinha ao princípio. Além disso foi sendo pouco a pouco incorporada toda uma série de elementos estranhos tanto à festa de Finados como à de Todos os Santos.
Entre os elementos acrescidos, temos por exemplo o costume dos "disfarces", muito possivelmente nascido na França entre os séculos XIV e XV. Nessa época a Europa foi flagelada pela Peste Negra e a peste bubônica dizimou perto da metade da população do Continente, criando entre os católicos um grande temor e preocupação com a morte.
Alguns fiéis, dotados de um espírito mais burlesco, costumavam adornar na véspera da festa de finados as paredes dos cemitérios com imagens do diabo puxando uma fila de pessoas para a tumba: papas, reis, damas, cavaleiros, monges, camponeses, leprosos, etc. (afinal, a morte não respeita ninguém). Também eram feitas representações cênicas, com pessoas disfarçadas de personalidades famosas e personificando inclusive a morte, à qual todos deveriam chegar um dia.

Aqui no Brasil... dia do Saci Pererê!

No Brasil, o Halloween é popularmente chamado de "Dia das Bruxas" e sua comemoração é recente. Geralmente as escolas de inglês é que promovem festas para comemorar a data, como forma de vivenciar com os estudantes a cultura norte-americana.
Há quem defenda que o Halloween não tem nada a ver com a nossa cultura e que a data não deveria ser comemorada aqui. Para essas pessoas, o Brasil tem um folclore muito rico e isso deveria ser mais valorizado. Devido a essa reivindicação, em 2005 o governo brasileiro criou o Dia do Saci, também comemorado em 31 de outubro.
O Saci Pererê  como é um dos principais personagens do Folclore Brasileiro, e sua lenda originou-se  há séculos entre os povos indígenas do sul do Brasil. Na época, o Saci era representado por um menino de cor morena, duas pernas, um rabo e muita traquinagem, a andar pela floresta.
Porém com o passar dos tempos e influência de outros povos, o Saci se tornou um negrinho que perdeu uma das pernas lutando capoeira e passou a ser representado usando um gorro vermelho, um cachimbo e pulando em uma perna só.Diz à lenda que é possível encontrar o Saci Pererê  nos redemoinhos de vento, são usados para sua locomoção. 



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Mansu Musa I: O homem mais rico da história


Ele foi o próspero comandante do Império Mali, e teria uma fortuna equivalente a mais de R$ 800 bilhões em valores atuais. 


Um rei que governou o oeste da África no século 14 teria sido o homem mais rico da história, segundo o site americano "CelebrityNetworth.com", que reúne informações sobre fortunas de personalidades diversas. Por valores reajustados segundo a inflação atual, a fortuna pessoal de Mansu Musa I, que vivia na região onde fica hoje o Mali, valeria o equivalente a US$ 400 bilhões (R$ 815,3 bilhões) na ocasião de sua morte, em 1331.
Nascido em 1280, Musa, que ganhou o título de Mansu, que significava rei dos reis, foi o rei do império mali por 25 anos. Seu reino englobava o território atualmente formado por Gana e o Mali e regiões ao redor.
Musa foi um devoto muçulmano que ajudou a difundir a fé islâmica pela África e fez do império mali uma potência. Ele investiu fortemente na construção de mesquitas e escolas e fez da capital de seu império, Timbuktu, um centro de comércio, saber e peregrinação religiosa.
O império de Musa respondeu pela produção de mais de a metade do suprimento mundial de ouro e sal, de onde o governante tirou boa parte de sua vultosa fortuna.Muitos comerciantes vindos da Europa foram a Timbuktu, atraídos pelo ouro e pelas oportunidades de negócios oferecidos pela capital do império erguido por Musa
.Os herdeiros do imperador não teriam conseguido preservar sua vasta riqueza, devido a perdas provocadas por guerras civis e invasões realizadas por conquistadores.

Lista

A relação elaborada pelo "CelebrityNetworth.com" inclui as 25 fortunas que o site diz serem as maiores de todos os tempos. A relação das grandes fortunas da história é composta apenas por homens. Um total de 14 dos 25 integrantes da compilação formulada pelo site são americanos.
Em 12º lugar, com uma fortuna estimada em US$ 136 bilhões, o empresário Bill Gates é o homem mais rico entre os bilionários ainda vivos que constam da lista. Ele aparece à frente do mexicano Carlos Slim, que vem sendo listado como o homem mais rico do mundo no ranking da revista Forbes, mas que aparece na relação como o 22º mais rico, com uma fortuna estimada em US$ 68 bilhões. Na lista, a outra figura atual e o investidor Warren Buffet (em 25º, com uma fortuna avaliada em US$ 64 bilhões).
Os 25 bilionários que integram a relação das maiores fortunas têm, segundo estimativas do "CelebrityNetworth.com", uma fortuna acumulada equivalente a US$ 4,317 trilhões (cerca de R$ 8,8 trilhões).


Os homens mais ricos da história

1 - Mansa Musa I (rei do Mali, século XIV) – US$ 400 bilhões
2 - Família Rothschild (banqueiros alemães, séculos 19-21) – US$ 350 bilhões
3 - John D. Rockefeller (EUA, petróleo, 1839-1937) – US$ 340 bilhões
4 - Andrew Carnegie (EUA, industriário, 1835-1919) – US$ 310 bilhões  
5- Nicolau II (último imperador russo, século XIX) - US$ 300 bihões
6 - Mir Osman Ali Khan – (Rei indiano, 1886-1967) - US$ 230 bilhões
7 - Guilherme, o Conquistador (rei inglês, século XI)- US$ 229,5 bilhões
8 - Muamar Khadáfi ( rei da Líbia, morto em 2011)- US$ 200 bilhões
9 - Henry Ford (EUA, automoveis, 1863-1947) - US$ 199 bilhões
10 - Cornelius Vanderbilt (EUA, marinha mercante, sec XIX) - US$ 185 bilhões


FONTE: BBC Brasil e Wikipedia
*publicado no jornal A FOLHA  - Torres 

sábado, 28 de julho de 2012

A Luz e o Medo feat Beatles for Sale



No Reply feat I Don't Wanna Spoil the Party

Foi naquela mesma noite que vi a luz ,
A luz que surgia por detrás dos prédios.
Eu vi a luz, faiscando, em chamas
E sim, foi assim que eu quase morri

Mas como foi?
Eu lhe digo,
Se eu fosse você
Eu perceberia
que o mundo não é mais
que amor e agonia

Sem respostas
Assim nós vivemos
Assim nós morremos
Sem respostas..........................



 ...................... Eu não quero ficar nessa porra de lugar. Não consigo nem ficar bêbado, não há nada para mim aqui, eles não sabem o que está acontecendo. Então saio pela noite, alienado, fico pensando nela. E só o que surge em minha mente é solidão, raiva e medo, muito medo. Ela sabia, e agora está morta. Os cigarros não são mais engraçados, não são mais que subterfúgios para alimentar a agonia, o horror que é saber tudo o que sei. Nunca pedi para saber disso tudo, porque isso tinha de cair sobre mim?

Pelo menos, aqui os Tronkis não estão me vigiando, ou pelo menos acho que não. Olhei para o céu, tentando me prontificar de que este era um local seguro, mas o que é um local seguro nestes loucos tempos? Por que eles sabem, ah sim, eles sabem de tudo, e agora querem me capturar. Pois mesmo que quase ninguém tenha descoberto a fraude, essa porra que vai estraçalhar toda a realidade, eu estou percebendo a complexidade de tudo, e isto está começando a ficar perigoso. E o pior disso tudo, meus caros amigos, é que eles sabem, eles sabem que eu sei de tudo, e agora eles sabem que você também sabe! HAHAHAHAHAH.............................



Mister Moonlight feat Kansas City

Why we Love you, Mister Moonlight?
We love you cause you bring us to dawn
We love you cause down below is just death
But on the top where you are, Mister Moonlight
There we can reach the stars
And now I’m going
to wherever I can rest
I’m going to  Kansas City,
I’m going to be knocked out
ba-ba ba-ba ba-ba

quarta-feira, 11 de julho de 2012

História de cachaça, pinga, branquinha, marvada, água que passarinho não bebe...



Ahhh, a cachaça... Velha conhecida minha, de boa parte dos brasileiros e de alguns outros pinguços espalhados por esse mundão. De região em região só muda o nome: pinga, caninha, uma polegada, branquinha, marvada, pra cirrose, água que passarinho não bebe, canha , água (para os com maior intimidade). Mas não importa o nome, qualquer vivente que começa a ter uma noção da vida sabe do que se trata, e muitos desses conhecem pela goela seus efeitos de euforia, liberdade de expressão, desequilíbrio dançante e certeza de que a Terra é redonda (porque pode ser que tudo comece a girar mesmo). Fato também é que a cachaça tornou-se um símbolo nacional, uma bebida vinculada às raízes do povo brasileiro, que se difundiu pelos quatro cantos de nosso grande país e que espalha, por todos os países que passa, o sentimento de que o brasileiro tem um combustível  potente para o sangue.


História da Branquinha

As origens do seu nome universal são desconhecidas. A possibilidade mais coerente é de que tenha vindo de “cachaza”, palavra da antiga língua ibérica, que representava o  vinho de borra, um vinho de qualidade inferior bebido em Portugal e Espanha. Segundo a Emater, a cachaça foi introduzida pelos escravos dos engenhos de açúcar em meados do século XVI. Era considerada uma bebida de baixo status na sociedade, pois era consumida apenas por escravos, mestiços ou brancos pobres, enquanto a elite brasileira da época preferia vinhos ou a bagaceira (aguardente de bagaço de uva), trazidos de Portugal.
Ainda assim, como a maioria no Brasil Colônia era formada por escravos, mestiços e brancos pobres, os engenhos de cachaça foram se popularizando por todos os lados, e logo a branquinha tornou-se a bebida alcoólica mais consumida do Brasil Colônia.  Mas a Corte Portuguesa, que acreditava que a felicidade do povo brasileiro só poderia existir mediante uma taxação adequada (pensamento não muito diferente que o adotado pelo poder público nacional de hoje), proibiu a produção, comercialização e consumo da cachaça, já que ela começava a ganhar espaço significativo junto à classe média da época. Essa popularização levava à diminuição do consumo da bagaceira, importada de Portugal, e conseqüentemente o rei arrancava menos impostos de seu rico parque de diversões tropical.

A cachaça contra a opressão

Mas na prática nunca se conseguiu acabar com o consumo da bebida, pois nenhum rei metido a besta iria tirar, dos sofridos pobres e escravos da época, o direito àquele dedinho de canha, pra aquecer  a alma sem maltratar o bolso. Daí, em meados do século XVIII, a Corte Portuguesa decidiu taxar rigorosamente a venda da cachaça. Também não tiveram sucesso, pois a sonegação era muito elevada. O povo defendia sua birita sagrada, e a aguardente tornou-se um símbolo de resistência contra a dominação portuguesa.
Muitos anos depois, os ricos tentaram de novo manchar o bom nome da cachaça. Quando, entre o final do século XIX e início do XX , o produto nacional começou a ganhar força entre todas as classes sociais, alguns setores da elite e da classe média iniciaram um movimento de preconceito contra a cachaça, considerada uma bebida vinculada com a pobreza. Os ricos tentavam se parecer mais com os europeus finos e elegantes, bebendo vinhos e uísques, e deviam sentir inveja ao ver os pobres ganhando espaço no Brasil. Essa discriminação aristocrática foi derrubada com a Semana da Arte Moderna de 1922, quando a cachaça voltou a ser considerada um símbolo da cultura nacional, agora contra a adoção de modismos europeus por essas paragens. Hoje em dia nem tem conversa: a cachaça é considerada a mais brasileira das bebidas, apreciada em qualquer bom boteco ou até em finos restaurantes de Paris.






sexta-feira, 6 de julho de 2012

Aplastamiento de las gotas



Yo no sé, mirá, es terrible cómo llueve. Llueve todo el tiempo, afuera tupido y gris, aquí contra el balcón con goterones cuajados y duros, que hacen plaf y se aplastan como bofetadas uno detrás de otro qué hastío. Ahora aparece una gotita en lo alto del marco de la ventana, se queda temblequeando contra el cielo que la triza en mil brillos apagados, va creciendo y se tambalea, ya va a caer y no se cae, todavía no se cae.
Está prendida con todas las uñas, no quiere caerse y se la ve que se agarra con los dientes mientras le crece la barriga, ya es una gotaza que cuelga majestuosa y de pronto zup ahí va, plaf, deshecha, nada, una viscosidad en el mármol.
Pero las hay que se suicidan y se entregan en seguida, brotan en el marco y ahí mismo se tiran, me parece ver la vibración del salto, sus piernitas desprendiéndose y el grito que las emborracha en esa nada del caer y aniquilarse.
Tristes gotas, redondas inocentes gotas. Adiós gotas. Adiós.


*palabras de Julio Cortázar

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A premonição final do cachorro Jacinto



Lá estava o cachorro Jacinto, voando então pelo grande oceano Pacífico, no seu velho avião dirigido por morsas, viajando para Lugar Nenhum na companhia de seus melhores amigos.

 O avião ia explodir, e ele sabia disso.

Iria ser como ele havia sonhado tantas e tantas vezes

Era o seu fim, mas ele sabia que estaria acompanhado de seus melhores camaradas no derradeiro momento. Sentia-se triste porque todos iam morrer, mas feliz por expirar seu tempo na Terra juntamente daqueles nobres companheiros a qual tanto estimava.

 Lá estavam aqueles seres especiais, aquelas criaturas que o cachorro Jacinto guardaria com carinho no âmago de sua memória, durante seus últimos instantes.

Ele sentia-se feliz da presença de Faristeu Bueno, o espontâneo guepardo com o qual jogava xadrez e compartilhava dos bons chás da terra. (Ele não sabia o que estava por vir).

O cachorro Jacinto ficava tranquilo pela presença de Leopoldo Hartz de Melo, o honesto porco debulhador de abacates do Mar Yaga, que sempre lhe encorajou nas reflexões crematórias quando tudo o mais parecia perdido. (Ele não sabia o que estava por vir)

 Lá também estava o taciturno Verme Fenrir, aquela confusa presença nematelmintica, que sempre lhe falava do apocalipse e de esperança num dialeto estranho.

Porque será que o Verme Fenrir estaria lá? (Saberia ele, o que estava por vir?)

E com certeza absoluta, a presença mais importante era a do grande amor de sua vida, Brenda Gertrudes de Barros Yacuan, doce e gelatinosa donzela canina dos Vulcões Glorck, com seus grandes olhos de bergamota, a dama com a qual o cachorro Jacinto havia dividido os melhores e mais tumultuados anos de sua vida.  (Ela não sabia o que estava por vir)

Todos iam morrer, explodir. Desapareceriam com o cachorro Jacinto em breve

...........................................................................................................

E quando surgiu o momento mágico, pouco antes do avião ser atingido pelo míssil pós-soviético e explodir pelos ares, o cachorro Jacinto exclamou:

- Dividam as batatas! Por favor, apenas dividam as batatas!

E os céus ficaram cheios de escuridão, o tempo parou derradeiramente e o Verme Fenrir proferiu:

-DRUSJNA! PARINK DEVNA FIELSA!

Após a explosão, nada mais aconteceu.


sábado, 9 de junho de 2012

O paradoxo da Libéria: quando os escravos se tornam os escravizadores



Charles Taylor, um corrupto ditador assassino, traficante de armas, estuprador e escravizador, foi presidente da Libéria. Recentemente, tornou-se também o primeiro ex-chefe de Estado condenado por um tribunal internacional. Mas o cerne desta matéria não será o cruel Charles Taylor, mas sim seu pobre e explorado país, a Libéria, mais um dos miseráveis países africanos que muita gente nem sabe que existe. Porém, a Libéria conta com uma história peculiar em sua colonização, realizada no século 19 por escravos libertos dos Estados Unidos, que foram enviados por seus antigos patrões de volta ao continente de origem dos seus ancestrais. Mas não vou me estender mais, e se você quer saber mais sobre a Liberia, leia a matéria abaixo.



Os diamantes de sangue de Charles Taylor, ou a Libéria na mídia internacional

O Tribunal Especial de Serra Leoa condenou em maio o ex-presidente da Libéria, Charles Taylor, por fornecer armas aos rebeldes de Serra Leoa em troca de diamantes, e por ter se tornado cúmplice de crimes de guerra e contra a humanidade, cometidos durante a guerra civil no país africano, entre 1991 e 2003. Com 64 anos, Taylor, foi o primeiro ex-chefe de Estado condenado por um tribunal internacional, e colocou a Libéria nos holofortes da mídia mundial.
Charles Taylor assumiu o poder na Libéria no Natal de 1989, após torturar, mutilar e assassinar o seu antigo aliado, Samuel Doe, então presidente do país. A tortura foi filmada e mostrada em noticiários em todo o mundo. O vídeo mostra Johnson bebendo uma Budweiser enquanto corta a orelha de Doe.
Por parte da Serra Leoa (país vizinho da Libéria), são muitas as denúncias contra o ex-ditador, que vão de assassinatos, estupros de meninas e mulheres ao recrutamento de crianças-soldado, que também eram tratados como escravos para extrair diamantes. "Muitas mutilações e violações a mulheres eram cometidas em público, e houve até pessoas queimadas vivas em suas casas", ressaltou o juiz responsável pelo caso, Richard Lussick, como exemplos das atrocidades cometidas em Serra Leoa. O conflito civil que assolou Serra Leoa entre 1991 e 2002 gerou mais de 100 mil vítimas, entre elas uma multidão de mutilados e 50 mil mortos. Mas essa matéria não irá falar da mutilada Serra Leoa (embora a realidade do pobre país mereça ser melhor conhecida).


Os escravos estão livres, mas como nos livrar deles? Vamos mandá-los para a África!

A Libéria é mais um pais miserável da África Ocidental. Foi fundada por seis mil negros norte-americanos, trazidos para a África em 1821 por ação da Sociedade Americana de Colonização (ACS, na sigla em inglês). Tratavam-se de negros que tinham sido libertos da escravatura, e que ganharam a área de presente de seus antigos patrões para que assim pudessem viver na terra de seus ancestrais. Os brancos não faziam isso por caridade, mas sim para expulsar dos EUA os negros recém-libertos da escravidão, já que estes (por “seus instintos selvagens”) não conseguiriam se adequar a uma sociedade livre norte-americana. O regresso à África seria uma solução para evitar certos "perigos" imaginados como resultado da presença negra, como o casamento interracial ou a criminalidade.
Guiados pela Sociedade Americana de Colonização, os primeiros escravos libertos aportaram na costa da Monróvia (hoje capital do país) onde fixaram sua colônia. Deram o nome de Libéria (“Terra Livre”, em latim) ao seu novo lar. A princípio, a administração do novo país foi entregue a representantes escolhidos pela própria ACS. Mas, com o crescimento populacional e o progressivo alargamento do território, começaram a surgir lideranças locais entre os ex-escravos.
Na expectativa de aumentar as áreas cultiváveis, os antigos escravos norte americanos passaram a adquirir mais terras e avançar suas fazendas além das fronteiras originais. Em 26 de Julho de 1847, a Libéria declarou a sua independência, sendo o primeiro país da África a se tornar independente, embora permanecesse estritamente atrelada aos Estados Unidos. Mais 13 mil escravos libertos dos EUA chegam à Libéria, após a Guerra Civil americana (1861-1865) e o fim definitivo da escravidão. 



Joseph Jenkins Roberts: De escravo nos EUA à presidente na Libéria


Os escravos que viraram escravizadores

Não foi surpresa para ninguém quando surgiram as primeiras desavenças com as tribos locais, que ainda por cima foram excluídas da cidadania no país. As fronteiras - traçadas inicialmente pela ACS e expandidas pelos negros americanos - dividiram etnias aliadas e reuniram no mesmo território cerca de 15 tribos, algumas delas inimigas há séculos. Os conflitos internos eram inevitáveis.
As áreas litorâneas, colonizadas pelos negros americanos, prosperavam com o auxílio dos Estados Unidos. Plantações de mandioca e café e a extração de borracha cresciam pela costa. Enquanto isso, o interior habitado pelos nativos africanos era totalmente negligenciado, com a população vivendo em miséria.
 Diante deste fato, um paradoxo curioso e triste ocorreu na chamada “Terra Livre” da África. Com fome, as tribos nativas submeteram-se a trabalhar nas fazendas da elite negra norte-americana, em troca de comida para suas famílias. Os nativos eram ridicularizados, açoitados e menosprezados pelos patrões. Com o poder em suas mãos, os ex-escravos passaram a ser os escravizadores. Pois este, afinal, era o único modelo social que os negros norte-americanos conheciam. Haviam nascido na escravidão, seus pais e avós haviam nascido escravos, então era quase natural que, agora libertos, adotassem o sistema em suas vidas. Não era possível a eles vislumbrar um mundo onde todos vivessem em liberdade.


Preconceito e repressão: os negros que não queriam ser negros

Em pouco tempo os “refinados” negros da Libéria organizaram uma sociedade a parte dos “selvagens” negros nativos. Criaram uma constituição e um modelo político semelhante aos dos EUA, definiram a religião Batista como oficial e se declararam os únicos cidadãos por direito. Como não podiam se diferenciar da população local pela cor de pele, mostravam sua “superioridade” vestindo-se com a pompa e requinte de seus senhores brancos na América, utilizando fraques, luvas e chapéus, mesmo nos dias de calor escaldante. As roupas eram ridículas comparadas com o contexto africano, viviam empapadas de suor, fedidas, mas os liberianos utilizavam perfumes e colônias em excesso para amenizar o odor.
Em 1869, os américo-liberianos instituíram um sistema do partido único, o True Whig Party, que ficaria no poder por um total de 111 anos, excluindo do poder público os nativos. Foram demarcados territórios para isolar as 16 tribos locais do convívio dos negros da América, e quando estas ultrapassavam seus limites eram severamente punidas pela bem organizada e armada polícia da Monrávia, cujos armamentos eram patrocinados pelos EUA. Quando estourava alguma rebelião, esta mesma polícia era enviada para realizar expedições punitivas com o objetivo de capturar escravos.


Uma das tribos locais da Libéria: nativos não eram considerados cidadão pelos colonos negros norte-americanos



Libéria hoje: abandono, guerra, corrupção e miséria

Por grande parte do século 20, a classe política dominante na Libéria continuou formada pelos descendentes dos ex-escravos norte-americanos, com seu True Whig Party. Após a Primeira Guerra Mundial, entretanto, os EUA frearam os investimentos no país da costa oeste africana, deixando a elite liberiana entregue a própria sorte, o que na África significa - quase invariavelmente - uma brecha para guerras civis. O calculo é simples: são dezenas de tribos rivais agrupadas num mesmo pais, tendo que buscar a paz incompreensível. Porém, são tribos que, historicamente, guerreiam já há milhares de anos entre si, o ódio entre etnias rivais é inato e quase indiscutível em muitas sociedades africanas. Isso já seria o suficiente para gerar grandes ondas de estabilidade, mas se torna o caos com a presença de uma minoria negra, estrangeira dominando o país.
Porém, o partido dos colonos negros dos EUA conseguiu, por meio da ditadura e exploração, se manter por um longo tempo no poder. Apenas em 1980 um golpe militar, liderado por Samuel Doe, membro de uma etnia local, tira o True Whig Party do poder. E em 1989, acontece o inevitável: várias etnias lutam pelo poder em uma guerra civil sangrenta, que durou até 2003 matando centenas de milhares de liberianos.
Hoje, Os habitantes da Libéria sofrem com vários problemas socioeconômicos. O desemprego atinge grande parte da população; a fome e a desnutrição castigam os habitantes. A cada mil nascidos na Libéria, 93 morrem antes de completar um ano de idade; a maioria dos habitantes vive com menos de 1,25 dólar  por dia, ou seja, abaixo da linha de pobreza. O país tem um dos IDH mais baixos do mundo, e a expectativa de vida é de menos de 47 anos.
Em seu relatório anual de 2010, a organização não-governamental Transparência Internacional (TI) identificou a Libéria como a nação mais corrupta do mundo. O maior dado verificável de corrupção, de acordo com a entidade, são os serviços públicos. Verificou-se que, ao procurar a atenção de um prestador de serviços públicos, aproximadamente 89 % da população do país tinha de pagar alguma forma de suborno.



Mais História: Os escravos brasileiros que voltaram para a África e prosperaram



A viagem de volta para a África também foi feita por ex-escravos brasileiros, no século 19. A expatriação começou após Revolta dos Malês, que ocorreu na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835, na cidade de Salvador


- Na Revolta dos Malês, organizada em torno de propostas radicais (e praticamente suicidas), os negros pediam a libertação dos escravos africanos que fossem muçulmanos na Bahia. "Malê" é o termo que se utilizava para referir-se aos escravos muçulmanos. A rebelião foi rápida e duramente reprimida pelo poder público e militar baiano. Cerca de 70 pessoas morreram e mais de 500 foram punidas com deportações para a África.

- Após a Revolta dos Malês, o governo baiano ficou assustado com o poder de organização dos ex-escravos, e criou uma lei que permitia “reexportar africanos libertos sob simples suspeita de promover, de algum modo, a insurreição de escravos”. O governo também dificultava a vida destes ex-escravos, que foram proibidos de alugar imóveis e tiveram seus títulos de propriedade anulados.

- Quase compulsoriamente, entre 5 e 8 mil pessoas voltaram da Bahia para a África nos anos posteriores, principalmente aos países do Benim e Nigéria. A chegada dos brasileiros provocou muitas mudanças. Para começar, os imigrantes constituíram uma elite de comerciantes e artesãos, atividades que exerciam no Brasil. Muitos enriqueceram com seus ofícios, e ainda revolucionaram os hábitos locais. As casas, quase todas térreas e sem janelas, foram substituídas pelos sobrados com dois ou três andares, típicos do estilo colonial brasileiro.

- As moradias também ganharam móveis, como sofás, camas, mesas e cadeiras de balanço, desconhecidos dos africanos da época. As visitas eram recebidas com sucos de frutas colhidas no pomar, coisa que eles também nunca tinham visto. A vida cultural também mudou muito. A comunidade brasileira passou a organizar serões musicais e peças teatrais. Os africanos também foram apresentados às festas brasileiras, como a Epifania e o Carnaval. Mesmo a culinária, sofreu grandes transformações. Pratos típicos da Bahia no século 19, como o mingau e o pirão de caranguejo, foram perfeitamente inseridos na cozinha local.


*com informações dos sites Wikipedia, Terra, Guia do Estudante (abril) e do livro “Ébano – minha vida na África”, de Ryszard Kapuściński

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Despina: As cidades e o desejo



Há duas maneiras de se alcançar Despina: de navio ou de camelo. A cidade se apresenta de forma diferente para quem chega por terra ou por mar. 

O cameleiro que vê despontar no horizonte do planalto os pináculos dos arranha-céus, as antenas de radar, os sobressaltos das birutas brancas e vermelhas, a fumaça das chaminés, imagina um navio; sabe que é uma cidade, mas a imagina como uma embarcação que pode afastá-lo do deserto, um veleiro que esteja para zarpar, com o vento que enche as suas velas ainda não completamente soltas, ou um navio a vapor com a caldeira que vibra na carena de ferro, e imagina todos os portos, as mercadorias ultramarinas que os guindastes descarregam nos cais, as tabernas em que tripulações de diferentes bandeiras quebram garrafas na cabeça umas das outras, as janelas térreas iluminadas, cada uma com uma mulher que se penteia. 


Na neblina costeira, o marinheiro distingue a forma da corcunda de um camelo, de uma sela bordada de franjas refulgentes entre duas corcundas malhadas que avançam balançando; sabe que é uma cidade, mas a imagina como um camelo de cuja albarda pendem odres e alforjes de fruta cristalizada, vinho de tâmaras, folhas de tabaco, e vê-se ao comando de uma longa caravana que o afasta do deserto do mar rumo a um oásis de água doce à sombra cerrada das palmeiras, rumo a palácios de espessas paredes caiadas, de pátios azulejados onde as bailarinas dançam descalças e movem os braços para dentro e para fora do véu. 

Cada cidade recebe a forma do deserto a que se opõe; é assim que o cameleiro e o marinheiro vêem Despina, cidade de confim entre dois desertos.





*Do livro Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Let me take you down, ou formigas



Prelúdio

Primeiro tu percebe as formigas, pequeninas, passando abaixo de ti. Trabalhadoras, organizadas, insignificantes. Frente aqueles frágeis seres, tu é um monstro de tamanho descomunal, um deus. E tu sabes  o quão complexa e poderosa é a estrutura do ser-humano, o poder do teu tamanho comparado ao das indefesas formigas. Então, friamente, tu pisa sobre as formigas, esmaga elas, por puro instinto assassino, crueldade, complexo de gigantismo.
Mas então a consciência pesa, e tu pensa que é o menor dos seres do universo, uma fraca estrutura corporal com vida efêmera e patética, que vai simplesmente viver, morrer e apodrecer como toda e qualquer coisa nesse pequeno planeta do sistema solar chamado Terra. Como as próprias formigas na qual tu acabou de pisar.


Drogas ou sentimentos

Tu dá um cala a boca na tua mente e acende o baseado. Pensa que é difícil de ser alguém, mas isso não importa muito, porque nada importa muito. É difícil sintonizar com tantas frequências confusas, as frequências de tantas pessoas, tantas ideias, tantos compromissos, informações, necessidades, obrigações, limites. Parece muita coisa para pouco propósito. E tu pensa que, no final, tudo não passa de um sonho, um sonho na qual estamos acordados, mas que entendemos muito pouco. Um sonho dominado por nossas emoções.
Qualquer busca por qualquer objetivo, o que quer que se trace na vida parece não ter nenhuma significância, serve apenas como combustível para suprir as emoções do ego.  Apenas palavras tentando expressar um conceito mental sempre mutante, que não pode ser definido somente em palavras. Amor, ódio, medo, felicidade, depressão, dor, prazer. São como drogas, sensações e estímulos captados por nosso cérebro, na qual ficamos viciados. E que estão entrelaçados, se fundem formando emoções cada vez mais complexas, mixadas.



You know I'd give you everything I've got for a little peace of mind

Mas isso tudo que se foda, porque a roda gira com o baseado. E tu é parte de um todo, sente fluir o prazer. E estão todos juntos a sua volta, todas as energias são positivas, todos cantando, sorrindo, viajando pelo gigante e louco navio. São um milhão de cores, dois mil seres de doze diferentes galáxias, cinco diferentes dimensões. E guitarras vibrando, derretendo-se em vibrações quentes. Isso tudo é demais, as pessoas e jupterianos girando, as lhamas e os visigodos de Delória dançando, e tu se sente consumido pelo torpor do momento. Simplesmente decide que é hora de voar, abre tuas grandes e brancas asas de arcanjo e ganha os céus. Você então vê o grande balão mágico - conduzido pelo simpático dromedário Nefastus, saudoso primo do dromedário Molina - deixar o rastro de arco-íris pelas nuvens, laranjas no pôr do sol. E tu pensa que o mundo é bonito, mas sabe que o balão logo vai explodir. E quando o balão explodir, as formigas estarão de volta, e serão monstros enormes, cruéis, assassinos que arrancarão, na primeira mordida, a sua maldita cabeça.



photos by RandySlavin

domingo, 25 de março de 2012

Tipo um preguiçoso manifesto nonsense inconformista dos dias ruins





O negócio é se manter em pé
Foda-se o que dizem que é
Digo que não é
Não fomos paridos só para sumir
Por mais que a vida seja sem sentido
Que não haja nenhuma glória

Mas alguém um dia vai ver
Que não somos simples perdidos
Crianças de nós mesmos
Desafiando com indiferença o abisbo
Em meio a revoltas sem senso

Só peço que me deixem sozinho
Travando batalhas de eufemisos
Para quem quiser ver
Aida que ninguém queira ver
Para buscar na sensatez do insano
O desconhecido das mentiras
Mutilar o que se espera de mim
Até que ninguém espere nada

Metralhando a porra do conformismo
Do jeito que der para ser
Mesmo pela insignificância
Pela humilhação
Esquecendo os diálogos carnavalescos
Onde o hipócrita vence a razão
E ignorando a bosta de um texto desses
que não diz nada e nem tem refrão

quarta-feira, 21 de março de 2012

Volkswagen Fusca (parte 2): O carro que marcou a História


O Fusca tornou-se o principal ícone da recuperação alemã no pós guerra, e o carro mais vendido no mundo





As incertezas no pós-guerra

No final da Segunda Guerra Mundial, a fabrica da Volkswagen estava destruída, mas as máquinas para produção dos automóveis estavam intactas, e havia material em armazém, que permitia o recomeço da produção. Em abril de 1945, a empresa foi dominada pelos norte-americanos, e depois passou às mãos da administração britânica. O major Ivan Hirst, do Corpo de Engenheiros do exército britânico, foi encarregado de dar continuidade aos trabalhos da Volks.
Dispondo de poucos veículos leves de transporte, em setembro de 1945, o exército britânico foi persuadido a encomendar 20.000 unidades do fusca. O carro então retomou seu propósito desenvolvimentista, sendo utilizado para serviços essenciais como atendimento médico e para o correio alemão. Por volta de 1946 a fábrica em KdF-Stadt estava produzindo 1000 carros por mês, uma quantidade notável, uma vez que a fábrica ainda estava parcialmente: o teto e os vidros danificados interrompiam a produção quando chovia.
A marca e a localidade também mudaram seus nomes da época pós Segunda Guerra Mundial. Os fuscas do KdF-Wagen passaram finalmente a serem chamados de Volkswagen (“Carro do Povo”, em português), e a localidade onde a fábrica estava instalada passou de KdF-Stadt para Wolfsburg (hoje próspera cidade alemã). Enquanto isto, a produção crescia, mas apesar da simplicidade e eficiência do fusquinha, o mesmo não conseguia atrair a confiança de investidores estrangeiros.  Com o futuro incero, a Volkswagen foi oferecida a representantes de empresas automobilísticas britânicas, americanas e francesas. Todos a rejeitaram. Sem outras alternativa, o major Ivan Hirst repassou ao governo alemão o controle da fábrica,


Volkswagen: Ícone da recuperação alemã

Após 1948, a Volkswagen se tornou um importante elemento simbólico e econômico da recuperação da Alemanha Ocidental pós-guerra. Heinrich Nordhoff, ex-gerente da área de caminhões da Opel, foi chamado para dirigir a fábrica naquele ano. A empresa tornou-se um monopólio controlado pelo governo alemão, e Nordhoff desenvolveu muitas mudanças no projeto do carro para que o Volkswagen se tornasse um automóvel com ares de grande produção. O Volkswagen era o carro mais vendido na Alemanha, tendo 50% do mercado.
Na parte mecânica a modificação mais importante foi a introdução da caixa de mudanças sincronizada e o aparecimento dos travas hidráulicas. Na parte comercial, foi introduzido o programa de troca de motor com garantia, e renovação de garantias para outros componentes. Além disso, variações do Fusca foram introduzidas comercialmente: O "VW tipo 2" (a popular Kombi) em suas versões de passageiros, furgão e camionete, e o esportivo Karmann Ghia, também passaram a ser fabricados pela empresa.  Nordhoff seguiu a política de modelo único até pouco antes de sua morte, em 1968.
A produção do "VW tipo 1" (nome oficial do  Fusca) cresceu enormemente ao longo dos anos no mundo todo, tendo atingido 1 milhão de veículos já em 1954. Outras fábricas foram instaladas na Alemanha e as exportações cresciam.  Durante a década de 1960 e o início dos anos 70, apesar de o carro estar ficando ultrapassado em alguns aspectos, suas exportações para os EUA, a publicidade inovadora e reputação de veículo confiável ajudaram seus números de produção a tornarem-se recordes. Por volta de 1973 sua produção mundial já superava 16 milhões de unidades, sendo o carro mais vendido no mundo.
A Volkswagen expandiu sua linha de produtos em 1967 com a introdução de vários modelos "tipo 3", os quais eram essencialmente variações de desenho de carrocerias (hatch e sedan) baseados na plataforma mecânica do Fusca. Novamente o fez em 1969 com a linha relativamente impopular chamada "tipo 4" que diferiam bastante dos anteriores pela adoção de carroceria monobloco, transmissão automática e injeção de combustível.


Sucessor do fusca, o Golf criou o conceito de “carro compacto, e inspirou a criação do Volkswagen Gol no Brasil



Do Fusca para o Golf

Durante a década de 60 e no começo da de 70, nenhum dos modelos alternativos lançados pela companhia agradou. A empresa sabia que a produção do "Käfer" (o Fusca brasileiro) iria terminar algum dia, porém o enigma sobre como substituí-lo se convertera num pesadelo. A chave para o problema veio da aquisição da Audi/Auto-Union, em 1964. A Audi possuía os conhecimentos tecnológicos sobre tração dianteira e motores refrigerados a água dos quais a Volks tanto necessitava para produzir um sucessor de seu "tipo 1".
Em 1974, finalmente saiu do papel um substituto a altura do Fusca. Surgia o Golf, apresentado à imprensa em Maio de 1974, introduzindo um novo desenho automóvel, alcunhado como compacto. A influência da Audi abriu caminho para uma nova geração de Volkswagens, que incluía ainda o Polo e o Passat.
A produção do Fusca na fábrica de Wolfsburg cessou em 1974, sendo substituído pelo Golf. Era um veículo totalmente diferente de seu predecessor, tanto na mecânica quanto no desenho, com suas linhas retas desenhadas pelo projetista italiano Giorgetto Giugiaro. Seu desenho seguiu tendências estabelecidas pelos pequenos modelos familiares, tais como o Mini Cooper, de 1959 e o Renault 5, de 1972. O Golf tinha um motor refrigerado a água montado transversalmente, desenho "hatch-back" e tração dianteira, uma configuração que tem dominado o mercado desde então. A produção do Käfer (Carocha/Fusca) continuou em fábricas alemãs menores até 1978, porém o grosso da produção foi deslocado para o Brasil e o México.


Dos anos 70 aos dias atuais

Desde a introdução do Golf, a Volkswagen tem oferecido uma gama de modelos semelhantes a de outros fabricantes europeus. O Polo, menor em tamanho que o Golf e introduzido na mesma época, os esportivos Scirocco e Corrado, e o Passat, de maior tamanho, foram os mais importantes e significativos. Em 1998 a Volks lançou o chamado New Beetle, um carro com plataforma baseada no Golf e desenho que lembrara o Fusca. Em 2002, a empresa alemã, cujo nome traduzido ao português significa "carro do povo",  lançou dois automóveis para o segmento de alto luxo: a limusine Phaeton(como chamam os sedãs na Alemanha,seu maior mercado) e o SUV Touareg.
Em 30 de julho de 2003, o último Fusca foi produzido no México, selando para o modelo a marca de mais de 21 milhões de unidades produzidas em todo o mundo.


Uma empresa gigante

Hoje, a Volkswagen é parte do grupo  Volkswagen AG (Volkswagen Aktiengesellschaft), que inclui diversas marcas de vulto no mercado automobilístico, abaixo citadas:

·         Audi -  comprada da Daimler-Benz em 1964-1966.
·         SEAT -- marca espanhola adquirida em 1987.
·         Škoda – companhia tcheca adquirida em 1991.
·         Bentley -- adquirida em 1998 da empresa inglesa Vickers, junto com a marca Rolls-Royce.
·         Bugatti -- adquirida em 1998.
·         Lamborghini -- adquirida em 1998.

*De julho de 1998 até dezembro de 2002 a divisão Bentley da Volkswagen também vendeu automóveis sob a marca Rolls-Royce, após acordo com a também alemã BMW, a qual comprara os direitos de uso do nome. A partir de 2003, apenas a BMW pode fabricar automóveis com a marca Rolls-Royce.


A Volkswagen no Brasil

A Volkswagen tem 58 anos de Brasil. Trata-se de uma das principais e mais antigas parcerias da empresa alemã no mundo. A Volks início em um pequeno galpão alugado em São Paulo, com apenas 12 funcionários. Seis anos depois, em novembro de 1959, a empresa já inaugurava a unidade Anchieta, com a participação do então presidente Juscelino Kubistchek.
Em 1976, a Volkswagen iniciou a operação da fábrica de Taubaté, erguida com o propósito de produzir o Gol, carro mais vendido por 24 anos consecutivos no Brasil. Vinte anos depois, em 1996, a empresa inaugurou a fábrica de São Carlos, uma das três maiores produtoras de motores do Grupo Volkswagen no mundo. E, em 1999, iniciou a operação da moderna unidade de São José dos Pinhais.
O atual portfólio da marca alemã contém 23 veículos, sendo metade destes produzidos no Brasil: Gol, Voyage, Saveiro, Parati, CrossFox, Fox, Polo (hatch e sedan), Golf e Kombi; O SpaceFox e a Amarok são produzidos na Argentina; Passat, e Tiguan são produzidos na Alemanha; o Touareg é produzido na Eslováquia; Bora, Jetta, e New Beetle são produzidos no México


*com informações de Volkswagen Brasil, Portal da História (arqnet.pt), Estadão e Wikipédia